Não há inferno e inexiste o céu; um e outro são estados d’alma
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Os
fenômenos espíritas constituem, sem contradita, um poderoso instrumento de
conversão dos incrédulos, sobretudo quando demonstradas suas causas e finalidades.
Essa
é a razão pela qual o Espiritismo, na expressão de Allan Kardec, “vem em apoio
da religião” ao mostrar e explicar certos fatos que, embora nada tendo de
miraculosos, nem por isso são menos extraordinários. Aí se contam as aparições,
os fenômenos de movimentação de objetos, a levitação, a bicorporeidade, a
psicografia e tantos outros fatos que passaram, ao longo da história, por
prodígios e, todavia, dizem respeito tão somente à ação dos Espíritos sobre o
nosso mundo.
A
vida é complexa; ninguém o ignora. Não existe uma só pessoa que encontre na
Terra apenas flores e sorrisos. A dor visita todos os lares, e a morte, quando
menos se espera, vem ceifar em nosso meio, levando consigo os seres amados e
deixando, à sua passagem, um rastro de dor e de saudades.
O
mistério da vida não recebeu até hoje, seja da ciência, seja da filosofia, uma
explicação razoável. Afinal, todas as conjecturas em torno dos objetivos da
existência humana não têm passado de especulações. A filosofia clássica nos
reconhece como seres espirituais, mas nada nos diz acerca de nossa origem e de
nosso destino.
Coisa
não muito diversa ocorreu com a religião. O fantasma do inferno e a utopia do
paraíso povoam a imaginação humana. “É preciso sofrer para subir aos céus.
Basta crer para adentrar o paraíso. A fé é a chave que nos abrirá tal porta” –
eis o que, em nome da religião, se tem ensinado aos homens.
Diante
de tais ideias, vem o Espiritismo, pela voz dos homens desencarnados, explicar
que somos Espíritos, sim, tal como ensina a filosofia, com a diferença de que
fomos criados simples e ignorantes, com iguais possibilidades para o bem e para
o mal e tendo por meta o progresso infinito.
Não
há inferno e inexiste o céu, pois um e outro são estados d’alma.
Não
é a fé que nos levará à salvação. É a caridade mais desinteressada que nos
permitirá galgar um degrau a mais no caminho da evolução.
Ninguém
foi posto no mundo para sofrer. A dor é contingência natural que decorre do
nosso estado evolutivo. É no meio da luta, das vicissitudes, das experiências
da vida que o homem cresce e se agiganta para alçar voos mais altos.
A
finalidade da existência é o progresso do ser humano, visto que, concorrendo
para a obra geral, os homens igualmente progridem.
Somos
dotados de livre-arbítrio. Podemos praticar o mal, tanto quanto somos livres
para fazer o bem. A escolha unicamente a nós pertence, mas é claro que dessa
opção resultarão consequências que não poderemos evitar, como demonstram
inúmeros exemplos reunidos nas obras espíritas, especialmente em “O Céu e o
Inferno”, livro publicado em 1865 por Allan Kardec, o codificador da Doutrina
Espírita.
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