Até quando os maus farão o mal?
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
— Por que a influência dos maus
predomina na Terra sobre a dos bons? — Pergunta Allan Kardec no item 932 d'O
Livro dos Espíritos. “Pelo silêncio dos bons. Os maus são intrigantes,
ousados. Os bons, tímidos. Quando os bons quiserem, haverão de predominar.”
Algumas pessoas, entre as quais alguns
filósofos, creem que o ser humano é, por natureza, mau. É o caso do inglês
Thomas Hobbes, para quem o ser humano é mau e egoísta por natureza. Ele dizia
que "o homem é o lobo do homem".
O que Hobbes propôs para que a
sociedade pudesse resolver seus conflitos não vem ao caso aqui, mas percebemos
que a humanidade já deu alguns passos evolutivos, na distinção entre o mal e o
bem. Ainda assim, ouvi uma palestra do historiador brasileiro Leandro Karnal
que serve para nossa reflexão. Ele disse que não é nos momentos difíceis de
nossas vidas que reconhecemos quem é, de fato, nosso amigo. É nos de sucesso.
Nos momentos difíceis, as pessoas
costumam ser solidárias conosco. Nos momentos de sucesso, elas nos invejam.
Poucos são os que manifestam verdadeiro sentimento de alegria quando nos veem destacando socialmente. Como exemplo,
o historiador citado contou o caso de uma "meio amiga" que, quando o
ouviu falar de seu progresso profissional, reconhecido por boa parte da
sociedade, demonstrou no olhar profunda inveja antes de lhe dizer:
— É, Karnal, você está fazendo o maior
sucesso, não é mesmo? Não se esqueça, porém, de que isso passa.
Após algum tempo dando meus pitacos
políticos, resolvi abster-me desse assunto em minhas crônicas por constatar que
o que move quase todos os interessados em ocupar um cargo político é o desejo
do poder, de solucionar definitivamente
sua situação econômica. Quando assumem um mandato, apressam-se em posar para os
holofotes. Sua atuação pública, entretanto, quase sempre, tem por fim
enriquecer-se com as verbas do erário. Desse modo, alguns deles associam-se a
pessoas corruptas e fraudam os contratos dos serviços destinados à melhoria de
vida da população.
A solução para isso existe: investir em
segurança, educação, moradia e bem-estar social, mas poucos políticos desejam, de fato, isso. A não ser para si e sua família.
Agora mesmo, o Brasil assiste estarrecido
a fazendeiros e seus empregados fugirem dos próprios lares, enquanto um doente
mental é caçado por mais de duas centenas de policiais, após ter cometido atos
de verdadeiro horror, como o da dizimação de uma família e outros.
Um caso típico da falta de segurança é
o de uma família de cinco pessoas, moradora nas proximidades onde o maníaco foi
visto. Ela passou a dormir dentro do próprio automóvel, temendo ser visitada à
noite pelo psicopata, que já fez outra família de refém e isso só não acabou
mal porque a filha, de 16 anos, conseguiu mandar uma mensagem para a polícia,
que os libertou, enquanto o maníaco fugia atirando...
Como perguntar não faz mal, gostaria de
saber o que as autoridades governamentais estão fazendo para proporcionar segurança
a essa e demais famílias daquela região. Pelo visto, os direitos e garantias
fundamentais previstos na Carta Magna do Brasil só se aplicam aos
detentores de mandatos políticos.
Até quando os maus farão o mal, sem que
os cidadãos de bem nada possam fazer? Nem quando inúmeras famílias correm
perigo de vida, bem maior, as autoridades constituídas asseguram seu direito de
usufruir seus bens e de viver? Aqui eu paro e deixo as respostas para meus
amáveis leitores.
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