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quinta-feira, 22 de julho de 2021

 



A Gênese

 

Allan Kardec

 

Parte 2

 

Continuamos o estudo metódico do livro “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 36ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, conforme tradução feita por Guillon Ribeiro.

Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

9. Qual o ponto capital da revelação cristã?

Toda a doutrina do Cristo se funda no caráter que ele atribui à Divindade. Com um Deus imparcial, soberanamente justo, bom e misericordioso, ele fez do amor de Deus e da caridade para com o próximo a condição indeclinável da salvação, dizendo: Amai a Deus sobre todas as coisas e o vosso próximo como a vós mesmos; nisto estão toda a lei e os profetas; não existe outra lei. Sobre esta crença, assentou o princípio da igualdade dos homens perante Deus e o da fraternidade universal. A revelação dos verdadeiros atributos da Divindade, de par com a da imortalidade da alma e da vida futura, modificava profundamente as relações mútuas dos homens, impunha-lhes novas obrigações, fazia-os encarar a vida presente sob outro aspecto e tinha, por isso mesmo, de reagir contra os costumes e as relações sociais. É esse incontestavelmente, por suas consequências, o ponto capital da revelação do Cristo, cuja importância não foi compreendida suficientemente e é também o ponto de que mais a Humanidade se tem afastado, que mais há desconhecido na interpretação dos seus ensinos. (A Gênese, cap. I, itens 24 e 25.)

10. Por que Jesus chama de Consolador ao Espírito de Verdade? 

Ao chamar de Consolador o novo messias, Jesus previu que os homens teriam necessidade de consolações, o que implica a insuficiência daquelas que eles achariam na crença que iam fundar. Talvez nunca o Cristo fosse tão claro, tão explícito, como nessas palavras, às quais poucas pessoas deram atenção bastante, provavelmente porque evitaram esclarecê-las e aprofundar-lhes o sentido profético. (Obra citada, cap. I, itens 26 a 28.)

11. Por que o Espiritismo é considerado o Consolador prometido por Jesus? 

O Espiritismo não nega o Evangelho, mas, ao contrário, confirma, explica e desenvolve tudo quanto o Cristo disse e fez, bem como elucida os pontos obscuros do ensino cristão, de tal sorte que aqueles para quem eram ininteligíveis ou pareciam inadmissíveis certas partes do Evangelho passam a compreendê-las e admiti-las, vendo melhor o seu alcance e distinguindo assim entre a realidade e a alegoria. Ora, se se considerar o poder moralizador do Espiritismo, pela finalidade que assinala a todas as ações da vida, por tornar quase tangíveis as consequências do bem e do mal, pela força moral, a coragem e as consolações que dá nas aflições, reconhecer-se-á que ele realiza todas as promessas do Cristo a respeito do Consolador e que, por isso, nos é lícito considerá-lo como o Consolador prometido. (Obra citada, cap. I, itens 30, 41 e 42.)

12. Que lei revelada pelo Espiritismo é considerada das mais importantes? 

A pluralidade das existências. Essa é uma das mais importantes leis reveladas pelo Espiritismo, que demonstra sua realidade e sua importância para o progresso. Com a pluralidade das existências, o homem consegue compreender todas as aparentes anomalias da vida humana, as diferenças de posição social, as mortes prematuras e a desigualdade de aptidões intelectuais e morais, pela ancianidade do Espírito que mais ou menos aprendeu e progrediu, e traz, renascendo, o que adquiriu em suas existências anteriores. Com a reencarnação, desaparecem os motivos dos preconceitos de raças e de castas, pois o mesmo Espírito pode tornar a nascer rico ou pobre, capitalista ou proletário, chefe ou subordinado, livre ou escravo, homem ou mulher. (Obra citada, cap. I, itens 34 e 36.)

13. Sabendo-se não ser verdadeiro o dogma relativo ao pecado original, qual é o verdadeiro pecado que o homem traz ao nascer? 

O homem traz, ao renascer, o gérmen das suas imperfeições, dos defeitos de que se não corrigiu e que se traduzem pelos instintos naturais e pelos pendores para tal ou tal vício. É esse o seu verdadeiro pecado original, cujas consequências naturalmente sofre, mas com a diferença capital de que sofre a pena das suas próprias faltas e com a outra diferença, ao mesmo tempo consoladora, animadora e soberanamente equitativa, de que cada existência lhe oferece os meios de se redimir pela reparação e de progredir, quer despojando-se de alguma imperfeição, quer adquirindo novos conhecimentos e, assim, até que, suficientemente purificado, não necessite mais da vida corporal e possa viver exclusivamente a vida espiritual. (Obra citada, cap. I. item 38.)

14. Qual a importância do estudo acerca dos fluidos espirituais e do perispírito? 

O estudo das propriedades do perispírito, dos fluidos espirituais e dos atributos fisiológicos da alma abre novos horizontes à Ciência e nos dá a chave de uma multidão de fenômenos incompreendidos até então e – por falta de conhecimento da lei que os rege – qualificados como milagres ou sortilégios. Tais são, entre muitos, os fenômenos da vista dupla, da visão a distância, do sonambulismo natural e artificial, dos efeitos psíquicos da catalepsia e da letargia, da presciência, dos pressentimentos, das aparições, das transfigurações, da transmissão do pensamento, da fascinação, das curas instantâneas, das obsessões e possessões etc. Demonstrando que esses fenômenos repousam em leis naturais, como os fenômenos elétricos, e em quais condições normais se podem reproduzir, o Espiritismo derroca o império do maravilhoso e do sobrenatural e, conseguintemente, a fonte da maior parte das superstições. (Obra citada, cap. I, itens 39 e 40.)

15. Se Moisés personifica a primeira revelação e Jesus personifica a segunda, pode-se concluir que Kardec personifica a terceira? 

Não. As duas primeiras revelações foram individuais, a terceira é coletiva; aí está um caráter essencial de grande importância. Ela é coletiva no sentido de não ser feita ou dada como privilégio a pessoa alguma. Ninguém, por consequência, pode inculcar-se como seu profeta exclusivo, porque foi ela espalhada simultaneamente, por sobre a Terra, a milhões de pessoas, de todas as idades e condições, desde a mais baixa até a mais alta da escala, conforme esta predição registrada por Lucas no cap. II de Atos dos Apóstolos: "Nos últimos tempos, disse o Senhor, derramarei o meu espírito sobre toda a carne; os vossos filhos e filhas profetizarão, os mancebos terão visões, e os velhos, sonhos". (Obra citada, cap. I, itens 45 e 46.)

16. Como saber se um princípio é ensinado por toda parte ou se apenas exprime uma opinião pessoal? 

Não estando os grupos independentes em condições de saber o que se diz alhures, necessário se fazia que um centro reunisse todas as instruções, para proceder a uma espécie de apuro das vozes e transmitir a todos a opinião da maioria. Esse, segundo Allan Kardec, foi o objetivo de suas publicações, que se podem considerar o resultado de um trabalho de apuro. Por meio delas foi possível verificar a concordância entre os ensinamentos recebidos e sua generalidade. Nelas, todas as opiniões foram discutidas e apresentadas em forma de princípios somente depois de haverem recebido a consagração de todas as comprovações, as quais, só elas, lhes podem imprimir força de lei e permitir afirmações. É daí que o Espiritismo tira a sua força e o que lhe garante o futuro. (Obra citada, cap. I, itens 53 e 54.) 

 

 

Observação: Para acessar a 1ª Parte deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/07/a-genese-allan-kardec-parte-1-iniciamos.html

 

 

 

 

 

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