O que nos virá depois da morte?
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Por
que tememos tanto a morte?
Claro
que variados são os motivos, mas o principal deles é, sem contestação, o
desconhecimento de como se opera essa transição e o que nos aguarda no chamado
além-túmulo.
O
assunto pode parecer inadequado nos dias que correm, tantos são os problemas e vicissitudes
que as criaturas humanas enfrentam neste mundo tão conturbado e confuso.
Há,
no entanto, quem reconheça que a morte é, em verdade, um final de um ciclo
iniciado com o nascimento e constitui a única certeza que todos temos com
relação à nossa própria existência, ou seja, todos morreremos!
Quando?
Ninguém sabe; pode ser hoje, pode ser daqui a 30 anos.
Que
nos virá depois dela?
Lembremos
inicialmente que nossa existência corpórea é apenas uma fase, mas não a única,
das múltiplas experiências que todos nós deveremos enfrentar no longo caminho
que nos levará à perfeição, uma meta que Deus assinalou para todas as suas
criaturas.
As pessoas de nosso tempo têm lutado bastante para se darem bem na vida e poderem, dessa forma, desfrutar as benesses que o progresso da civilização engendrou.
Muitos,
é justo reconhecer, sonham com a felicidade, um objetivo compreensível e válido
que pode, no entanto, revelar-se um desastre se, para alcançá-la, negligenciarem
os chamados valores espirituais indispensáveis à vida, porque inerentes ao Espírito
imortal que todos somos.
As comunicações transmitidas pelos Espíritos mostram-nos que a vida pós-morte é uma espécie de continuação da existência corpórea, com a diferença de que nela os valores e as preocupações levam em conta nossa condição de Espírito e nossas verdadeiras necessidades, enquanto que a existência corpórea se apresenta como um lance rápido, efêmero e transitório, como verdadeiramente ela o é.
De fato, por
mais longa que seja nossa estada neste plano, os anos passados numa existência
corpórea formam um período de tempo irrisório se comparado com a eternidade que
se abre à vida dos Espíritos.
No
além-túmulo o homem se apresenta com as qualidades, os defeitos, os sentimentos
e as recordações que o sensibilizam. As relações familiares verdadeiras se
mantêm e se intensificam. Aqueles que se amam jamais se apartam...
A
morte não deveria, por isso, assustar a ninguém, uma vez que nada perdemos com
ela, a não ser os bens que desfrutamos provisoriamente enquanto reencarnados, como
simples usufrutuários que somos, e até mesmo o nosso corpo material, que nenhuma
falta fará ao Espírito liberto, que se expressará então em outro corpo,
semelhante ao primeiro, ao qual Paulo de Tarso chama de corpo espiritual (*)
e Kardec define como sendo o envoltório sutil da alma ou perispírito.
A
desencarnação – ensinam os imortais – atinge-nos de modos diferentes, segundo a
condição moral de cada um.
Lemos
no livro O Céu e o Inferno:
“A causa principal da
maior ou menor facilidade de desprendimento é o estado moral da alma. A
afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego à matéria, que
atinge o seu máximo no homem cujas preocupações dizem respeito exclusiva e
unicamente à vida e aos gozos materiais.” (O
Céu e o Inferno, de Allan Kardec, 2ª Parte, cap. 1, item 8.)
Existe,
pois, uma relação direta entre o modo pelo qual vivemos no mundo e o começo da
vida além-túmulo, porquanto o desprendimento da alma, em seguida à morte
corporal, é semelhante ao despertar da pessoa que renasce para uma nova
existência corpórea.
Duas
conclusões podemos tirar dos ensinamentos acima.
A
primeira é que é preciso compreender melhor o sentido da vida, que não se
resume aos poucos anos que compõem nossa existência corpórea.
A
segunda é que, submetidos à lei do progresso, temos o dever indeclinável de
trabalhar por nosso aprimoramento moral, identificando-nos com a vida
espiritual e abdicando, se preciso, das vantagens imediatas em prol do futuro, sem
nos esquecermos de que somos Espíritos e temos objetivos que transcendem as metas
e as preocupações exclusivamente de natureza material.
(*) Semeado corpo animal, ressuscita corpo
espiritual. Se há um corpo animal, também há um espiritual. (I Coríntios 15,44.)
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