Fatos Espíritas
William Crookes
Parte 19
Damos prosseguimento nesta edição ao estudo metódico e sequencial do clássico Fatos Espíritas, de William Crookes, obra publicada em 1874, cujo título no original inglês é Researches in the phenomena of the spiritualism.
Nosso propósito é que este estudo
sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados
Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Que ideia foi concebida pelo Sr. Varley com vistas a
prevenir a ocorrência de fraudes nas materializações de Katie King?
B. Como o jornal The
Spiritualist descreveu a experiência realizada?
C. Que conclusão os pesquisadores deduziram com base na
experiência mencionada?
Texto para
leitura
332. As variações das condições às
quais a corrente elétrica estava submetida, passando pelo corpo da médium
Florence Cook, eram indicadas pelo galvanômetro refletor, instrumento tão
sensível que registraria a mais fraca corrente elétrica transmitida a 3.000
milhas por um cabo submarino.
333. Como se vê, o menor movimento da
médium teria provocado oscilações do aparelho; e teve-se a prova disso antes da
experiência, como mostra o seguinte extrato de um artigo do Sr. Varley, onde
todos os movimentos do galvanômetro são minuciosamente consignados, minuto por
minuto:
“Antes que a médium caísse em transe
(em letargia), pediu-se-lhe que fizesse movimentos com os braços; a mudança da
superfície metálica, posta em contato real com o papel e o corpo, produziu um
desvio, elevando-se de 15 a 20 divisões, ou mesmo mais, algumas vezes; por
conseguinte, se, durante a sessão, a médium fizesse o menor movimento com as
mãos, o galvanômetro tê-lo-ia infalivelmente indicado.
A Srta. Cook, na ocasião, representava
um cabo telegráfico. (Psychische Studien,
1874, pág. 344.)
As moedas e o papel umedecido não
podiam ser elevados ou retirados para trás, sem a médium se dirigir para o
espectador, pois, para isso acontecer e ela mostrar os braços descobertos, era
obrigada a arregaçar, até às espáduas, as mangas do seu vestido, com as moedas,
as borrachas, as aplicações de papel, os fios de platina, os laços que os
mantinham nos braços, e a fazer essa operação, primeiro em um braço, depois no
outro; tudo isso não somente sem interromper durante um só instante a corrente
elétrica (se a corrente tivesse sido interrompida ainda que por um décimo de
segundo, o galvanômetro teria feito uma oscilação pelo menos de 290 divisões),
como, também, sem provocar outras declinações além das resultantes do simples
movimento das mãos.
Finalmente, teria de colocar em seu
lugar, antes do fim da sessão, as mangas do vestido conservando os aparelhos
sobre os braços.
Vimos, entretanto, que às 7:45 Katie
repetia ainda a experiência da escrita, tendo inteiramente o braço fora da
cortina, e que às 7:48 apertava a mão do Sr. Varley, e a sessão terminava.
Durante esses três minutos, o
galvanômetro só registrou oscilações insignificantes, compreendidas entre 140°
e 150°; era pois impossível à médium fazer os movimentos necessários para
restabelecer o statu quo ante.
Katie só aparecia com um pano branco
sobre a cabeça e o corpo.
Nessa sessão, ela levantou a cortina e
mostrou-se várias vezes, em seu trajo habitual.
Se fosse a médium que se apresentasse,
tornar-se-ia necessário mudar de roupa, o que não era possível, por causa dos
fios de cobre que estavam enrolados aos fios de platina e que terminavam no
quarto iluminado.”
334. Qualquer discussão sobre isso
torna-se supérflua, uma vez que o princípio físico no qual se baseava a
experiência (a apreciação da soma da resistência oferecida pelo corpo da médium
à corrente elétrica) seja bem compreendido, e que se considere que o algarismo
que representava essa força de resistência nunca diminuiu.
335. Ademais, há, ainda, o fenômeno
que se relaciona com a categoria de experiências do Sr. Crookes: a médium é
introduzida na corrente, mas, apesar disso, Katie King (o Espírito comunicante)
sai inteiramente de trás da cortina. Eis a passagem do Psychische Studien, que narra esse incidente:
“Na segunda sessão, foi o Sr. Crookes,
só, quem dirigiu a experiência, na ausência do Sr. Varley, e obteve resultados
semelhantes, tendo tomado a precaução de só deixar aos fios de cobre o
comprimento necessário para permitir à médium mostrar-se na abertura da
cortina, no caso em que ela saísse do lugar.
Entretanto, Katie avançou além da
cortina, cerca de 6 a 8 pés, sem estar presa por nenhum fio, e a observação do
galvanômetro não fez verificar nada de anormal, em nenhum momento.
Além disso, Katie, a pedido do Sr.
Crookes, mergulhou as mãos em recipiente que continha iodeto de potássio, sem
que resultasse a menor oscilação da agulha do galvanômetro.
Se os fios condutores tivessem estado
em comunicação com a sua pessoa, a corrente se teria dirigido pelo caminho mais
curto que lhe oferecia o líquido, o que teria ocasionado um mais forte desvio
da agulha.” (Psychische Studien,
1877, pág. 342.)
336. M. Harrison, editor de The Spiritualist,
que assistiu à experiência e publicou no seu jornal a narração citada, divulgou
a seguinte notícia, com a aprovação dos Srs. Crookes e Varley:
“Senhor Diretor:
Em consequência da minha presença a
várias sessões recentes, durante as quais os Srs. Crookes e Varley dirigiram
uma fraca corrente elétrica através do corpo da Srta. Cook, durante todo o
tempo em que ela se achava no gabinete, ao mesmo tempo em que Katie estava fora
dele, algumas pessoas, que fizeram parte da sessão, pediram-me comunicasse-lhe
os resultados obtidos nessas experiências, no desejo de que este artigo tenha
por efeito proteger uma médium leal e honesta contra indignos ataques.
Quando Katie saiu do gabinete nenhum
fio metálico aderia à sua pessoa e durante todo o tempo em que ela se manteve
no aposento, fora do gabinete, a corrente elétrica não sofreu nenhuma
interrupção, o que teria inevitavelmente acontecido se os fios tivessem sido
desenrolados dos braços da Srta. Cook, sem que as suas extremidades fossem
imediatamente postas em contato.
Admitindo mesmo que se tivesse dado
esse fato, a diminuição da resistência teria sido logo posta em evidência pela
agulha do galvanômetro. Nas experiências de que se trata, ficou demonstrado que
a Srta. Cook esteve no gabinete durante o tempo em que Katie se exibia cá fora.
As sessões realizaram-se nas casas dos
Srs. Crookes e Luxmoore.
Antes de vos dirigir a presente carta,
foi ela lida e aprovada pelos Srs. Crookes e Varley.
– 11 Ave Maria Lane, 17 de março de
1874.
William H. Harrison.”
337. A propósito dessas experiências
com a corrente galvânica, devo mencionar ainda um meio de verificar a
materialização e, por consequência, a realidade objetiva de uma aparição. Esse
método, que tinha sido sugerido ao Sr. Crookes pelo Sr. Varley, foi posto em
execução pelo primeiro dos dois sábios. Infelizmente, só possuímos sobre esses
assuntos as explicações seguintes do Sr. Harrison:
“Os polos opostos de uma bateria foram
postos em comunicação com dois vasos cheios de mercúrio. O galvanômetro e a
médium foram em seguida introduzidos no circuito. Quando Katie King mergulhou
os dedos nesses vasos, a resistência elétrica não diminuiu e a corrente não
aumentou de força; mas quando a Srta. Cook saiu do gabinete e umedeceu os dedos
no mercúrio, a agulha do galvanômetro indicou uma declinação considerável.
Katie King apresentava à corrente uma resistência cinco vezes maior que a Srta.
Cook.” (The Spiritualist, 1877, pág.
176.)
338. Dessa experiência podemos
concluir que a condutibilidade elétrica do corpo humano é cinco vezes maior que
a de um corpo materializado.
Respostas às
questões preliminares
A. Que ideia foi concebida pelo Sr. Varley com vistas a
prevenir a ocorrência de fraudes nas materializações de Katie King?
O Sr. Varley concebeu a ideia de fazer
atravessar o corpo da médium por uma fraca corrente elétrica, durante todo o
tempo em que o Espírito de Katie King estivesse visível, valendo-se, para fins
de controle, de um galvanômetro colocado no mesmo aposento, mas fora do
gabinete. A primeira experiência realizou-se na residência do Sr. Luxmoore. (Fatos Espíritas – Narração de uma experiência científica feita por
Crookes e Varley.)
B. Como o jornal The
Spiritualist descreveu a experiência realizada?
O jornal transcreveu o relato feito
pelo Sr. Harrison, que esteve presente numa das sessões realizadas. Eis o
relato publicado pelo jornal: “Os polos opostos de uma bateria foram postos em
comunicação com dois vasos cheios de mercúrio. O galvanômetro e a médium foram
em seguida introduzidos no circuito. Quando Katie King mergulhou os dedos
nesses vasos, a resistência elétrica não diminuiu e a corrente não aumentou de
força; mas quando a Srta. Cook saiu do gabinete e umedeceu os dedos no
mercúrio, a agulha do galvanômetro indicou uma declinação considerável. Katie
King apresentava à corrente uma resistência cinco vezes maior que a Srta.
Cook”. (Obra citada - Narração de uma experiência científica feita por Crookes
e Varley.)
C. Que conclusão os pesquisadores deduziram com base na
experiência mencionada?
Eles concluíram, com base nessa
experiência, que a condutibilidade elétrica do corpo humano é cinco vezes maior
que a de um corpo materializado. (Obra citada - Narração de uma experiência
científica feita por Crookes e Varley.)
Observação:
Para acessar a Parte 18 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/10/blog-post.html
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