A Gênese
Allan Kardec
Parte 22
Continuamos o estudo metódico do livro “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 36ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, conforme tradução feita por Guillon Ribeiro.
Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.
Eis as questões de hoje:
169. Que
significa a frase "O céu e a Terra passarão, mas as minhas palavras
não"?
Estas palavras atribuídas a Jesus não passarão,
porque serão verdadeiras em todos os tempos. Será eterno o seu código de moral,
porque consagra as condições do bem que conduz o homem ao seu destino eterno. O
que não passará é, portanto, o verdadeiro sentido das palavras de Jesus. Mas,
sim, passará o que os homens construíram sobre o sentido falso que deram a
essas mesmas palavras. (A Gênese,
cap. XVII, itens 24 a 26.)
170. Que
é que Jesus quis dizer com a frase "Haverá um só rebanho e um só
pastor"?
Por estas palavras “e haverá um só rebanho e um
único pastor” Jesus anuncia claramente que os homens um dia se unirão por uma
crença única. A unidade se fará em religião, como já tende a fazer-se
socialmente, politicamente, comercialmente, pela queda das barreiras que
separam os povos, pela assimilação dos costumes, dos usos, da linguagem. Os
povos do mundo inteiro já confraternizam, como os das províncias de um mesmo
império. Pressente-se essa unidade e todos a desejam. Ela, pois, se fará pela
força das coisas, porque há de tornar-se uma necessidade, para que se estreitem
os laços da fraternidade entre as nações; far-se-á pelo desenvolvimento da
razão humana, que se tornará apta a compreender a puerilidade de todas as
dissidências; pelo progresso das ciências, a demonstrar cada dia mais os erros
materiais sobre que tais dissidências assentam e a destacar pouco a pouco das
suas fiadas as pedras estragadas. (Obra citada, cap. XVII, itens 31 e 32.)
171. É
verdade que Jesus afirmou textualmente que Elias voltou reencarnado como João
Batista?
Sim. Ante a pergunta de seus discípulos: “Por que,
pois, dizem os escribas ser preciso que, antes, venha Elias?”, Jesus respondeu:
“É certo que Elias tem de vir e que restabelecerá todas as coisas. Mas, eu vos
declaro que Elias já veio e eles não o conheceram; antes o trataram como lhes
aprouve. É assim que farão morrer o Filho do homem. Então, seus discípulos
compreenderam que era de João Batista que ele lhes falara”. Elias havia voltado
ao cenário terreno na pessoa de João Batista. Seu novo advento é anunciado de
modo explícito. Ora, como ele não poderia voltar senão tomando um novo corpo,
aí temos a consagração formal do princípio da pluralidade das existências. (Obra
citada, cap. XVII, itens 33 e 34.)
172. O
Espiritismo preenche todas as condições do Consolador prometido por Jesus?
Sim. O Espiritismo apresenta todas as condições do
Consolador que Jesus prometeu. Não é uma doutrina individual, nem de concepção
humana; ninguém pode dizer-se seu criador. É fruto do ensino coletivo dos
Espíritos, ensino a que preside o Espírito de Verdade. Nada suprime do Evangelho:
antes o completa e elucida. Com o auxílio das novas leis que revela, conjugadas
essas leis às que a Ciência já descobrira, faz com que se compreenda o que
antes era ininteligível e se admita a possibilidade daquilo que a incredulidade
considerava inadmissível. (Obra citada, cap. XVII, itens 35 a 42.)
173.
Como o Espiritismo analisa o quadro do fim dos tempos anunciado por Jesus?
É, evidentemente, alegórico o quadro do fim dos
tempos anunciado por Jesus, como, por sinal, a maioria dos que Jesus compunha.
Pelo seu vigor, as imagens que ele encerra são de natureza a impressionar
inteligências ainda rudes. Para tocar fortemente aquelas imaginações pouco
sutis, eram necessárias pinturas vigorosas, de cores bem acentuadas. Ele se
dirigia principalmente ao povo, aos homens menos esclarecidos, incapazes de
compreender as abstrações metafísicas e de apanhar a delicadeza das formas. A
fim de atingir o coração, fazia-se-lhe mister falar aos olhos, com o auxílio de
sinais materiais, e aos ouvidos, por meio da força da linguagem. Entretanto,
sob essas alegorias, grandes verdades se ocultam.
Há, primeiramente, a predição das calamidades de
todo gênero que assolarão e dizimarão a Humanidade, calamidades decorrentes da
luta suprema entre o bem e o mal, entre a fé e a incredulidade, entre as ideias
progressistas e as ideias retrógradas. Há, em segundo lugar, a da difusão, por
toda a Terra, do Evangelho restaurado na sua pureza primitiva; depois, a do
reinado do bem, que será o da paz e da fraternidade universais, a derivar do
código de moral evangélica, posto em prática por todos os povos. Esse será,
verdadeiramente, o reino de Jesus, pois que ele presidirá à sua implantação,
passando os homens a viver sob a égide da sua lei. Será o reinado da
felicidade, porquanto disse ele que «depois dos dias de aflição, virão os de
alegria».
Quando sucederão tais coisas? «Ninguém o sabe, diz
Jesus, nem mesmo o Filho.» Mas, quando chegar o momento, os homens serão
advertidos por meio de sinais precursores. Esses indícios não estarão, porém,
nem no Sol, nem nas estrelas; mostrar-se-ão no estado social e nos fenômenos
mais de ordem moral do que físicos e que, em parte, se podem deduzir das suas
alusões.
Devendo a prática geral do Evangelho determinar
grande melhora no estado moral dos homens, ela, por isso mesmo, trará o reinado
do bem e acarretará a queda do mal. Será, pois, o fim do mundo velho, do mundo
governado pelos preconceitos, pelo orgulho, pelo egoísmo, pelo fanatismo, pela
incredulidade, pela cupidez, por todas as paixões pecaminosas, que o Cristo
aludia, ao dizer: «Quando o Evangelho for pregado por toda a Terra, então é que
virá o fim». (Obra citada, cap. XVII, itens 47 a 58.)
174.
Que significa a frase "Vossos filhos e filhas profetizarão"?
Esta é a predição inequívoca do advento e da popularização
da mediunidade, que presentemente se revela em indivíduos de todas as idades,
de ambos os sexos e de todas as condições; a predição, por conseguinte, da
manifestação universal dos Espíritos, pois que sem os Espíritos não haveria
médiuns. Isso, conforme está dito, aconteceria nos últimos tempos. Ora, visto
que não chegamos ao fim do mundo, mas, ao contrário, à época da sua
regeneração, devemos entender aquelas palavras como indicativas dos últimos
tempos do mundo moral que chega a seu termo. (Obra citada, cap. XVII, itens 59
a 61.)
175.
Existe o chamado Juízo Final?
Não. A doutrina de um juízo final, único e
universal, pondo fim para sempre à Humanidade, repugna à razão, por implicar a
inatividade de Deus, durante a eternidade que precedeu à criação da Terra e
durante a eternidade que se seguirá à sua destruição.
Moralmente, um juízo definitivo e sem apelação não
se concilia com a bondade infinita do Criador, que Jesus nos apresenta de
contínuo como um bom Pai, que deixa sempre aberta uma senda para o
arrependimento e que está pronto sempre a estender os braços ao filho pródigo.
Se Jesus entendesse o juízo naquele sentido, desmentiria suas próprias
palavras.
Não existe, pois, juízo final, mas juízos gerais em
todas as épocas de renovação parcial ou total da população dos mundos, por
efeito das quais se operam as grandes emigrações e imigrações de Espíritos. (Obra
citada, cap. XVII, itens 62 a 67.)
176.
Como se opera o progresso da Humanidade?
De duas maneiras se executa esse duplo progresso:
uma, lenta, gradual e insensível; a outra, caracterizada por mudanças bruscas,
a cada uma das quais corresponde um movimento ascensional mais rápido, que
assinala, mediante impressões bem acentuadas, os períodos progressivos da
Humanidade.
Esses movimentos, subordinados, quanto às
particularidades, ao livre-arbítrio dos homens, são, de certo modo, fatais em
seu conjunto, porque estão sujeitos a leis, como os que se verificam na
germinação, no crescimento e na maturidade das plantas. Por isso é que o
movimento progressivo se efetua, às vezes, de modo parcial, isto é, limitado a
um povo ou a uma nação, doutras vezes, de modo geral.
O progresso da Humanidade se cumpre, pois, em
virtude de uma lei. Ora, como todas as leis da Natureza são obra eterna da
sabedoria e da presciência divinas, tudo o que é efeito dessas leis resulta da
vontade de Deus, não de uma vontade acidental e caprichosa, mas de uma vontade
imutável. Quando, por conseguinte, a Humanidade está madura para subir um
degrau, pode dizer-se que são chegados os tempos marcados por Deus, como se
pode dizer também que, em tal estação, eles chegam para a maturação dos frutos
e sua colheita. (Obra citada, cap. XVIII, itens 1 a 4; 7 a 13.)
Observação:
Para acessar a Parte 21 deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/12/blog-post_09.html
Como consultar as matérias deste blog? Se você não
conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/ZCUsF8, e verá como utilizá-lo. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário