O Natal do Senhor
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Segundo
o calendário oficial, Jesus nasceu há 2.021 anos. Mas, perguntamos, quando Jesus
nasceu para nós? Que significa seu nascimento na intimidade de nossa vida?
Jesus
pediu-nos que nos amássemos como ele nos amou. E acrescentou que esse era seu
jugo e também seu fardo. Jugo suave, porque amor; fardo leve, porque caridade.
Caridade
significa amor de irmão, o que implica olharmos para o lado e enxergar irmãos
nos companheiros do caminho, tornando-nos o próximo daqueles que de nós se
aproximam.
O
que o amor opera em nossos corações é a chave que pode abrir os grilhões que
nos prendem às coisas materiais, à materialidade do mundo.
Quando
Jesus pronunciou a palavra amor, exemplificando-a no trato conosco, o mundo
sofreu um abalo. E seu nascimento significa o abalo em nossas convicções que
faz com que procuremos realmente modificar-nos para melhor.
Se
Jesus já nasceu em nossos corações, então podemos saber que demos o primeiro
passo para a salvação – passo esse de que só nossa consciência é testemunha e,
por isso, só diz respeito a nós e a Deus.
Mas...
Que significa realmente salvar-se?
Quando
Jesus iniciou suas pregações, ele repetiu, docemente, as palavras de João
Batista: “arrependam-se, façam penitência, e convertam-se, porque o Reino dos
Céus está próximo”, o que implica dizer que o Reino de Deus, onde a lei de
justiça, amor e caridade é plenamente exercida, está a um passo de nós, visto
que, se nos arrependermos, se repararmos o mal que fizemos e se convertermos
nossa face para o Criador, então o Reino será edificado nos nossos corações e
assim nos libertaremos.
Jesus,
ao dar ênfase à importância do amor, iniciou uma revolução. Mas ele não foi nem
é um revolucionário vulgar, como muitos o veem. Nem sequer é um revolucionário,
porque não veio destruir a lei, mas cumpri-la, e foi o exemplo puro do que nos
recomenda a lei de Deus, o agente de transformação de nossos corações para
melhor.
Jesus
desperta em nós o que temos de melhor. E, apesar de nossos erros, todos temos o
que a humanidade pode apresentar de melhor – o amor, em uns latente, em outros
quase sufocado entre os espinhos do egoísmo, em outros ainda desabrochando em
atos humanitários, em pequena ou larga escala segundo a estatura de cada um. Ele
nos conhece a todos nós por nossos predicados e quer que cada um de nós
desperte a semente adormecida do amor que existe em nossos corações.
A
cada Natal, quando as atenções das pessoas se voltam inteiramente para Papai
Noel, geralmente nos esquecemos do verdadeiro aniversariante.
Não
esquecemos as compras (se podemos comprar), tampouco a ceia (se podemos cear),
mas invariavelmente esquecemos Jesus ou, o que é decepcionante, se nos
lembramos dele nem sempre agimos de acordo com o que a evocação do seu nome faz
lembrar, que é a observância da lei do amor.
Muitas
vezes a reunião familiar, mesmo nas festas de Natal, é permeada de azedume, de
hipocrisia, de malquerença. Muitas vezes, em momentos assim, que deveriam ser a
celebração do amor, somos arrastados pelos excessos e pelos prazeres que nem
sempre nos convêm.
Jesus
operou seu primeiro “milagre” numa festa de casamento. Usamos aqui o vocábulo
milagre por mera concessão aos cristãos não espíritas, porque milagres – ensina
o Espiritismo – não existem.
Pelo
relato dos evangelistas, parecia que o Mestre gostava de ambientes festivos,
porque alegres, mas revestidos de uma alegria pura, sem a mácula dos interesses
mundanos.
Acreditamos,
por isso, que Jesus quer que festejemos, sim, e parece que não quer ser tão somente
lembrado, mas que nos lembremos de sua exortação final aos discípulos amados:
“amem-se uns aos outros como eu os amei”.
Recordemos
suas lições nesta semana em que se celebra mais um Natal e mostremos a nossos
filhos e nossos netos que o aniversariante a ser reverenciado não é o velhinho
simpático, de vestes vermelhas, que encanta as criancinhas, mas sim o Amigo de
todas as horas que recebeu do Pai a missão de conduzir a humanidade terrena ao
porto da paz e da felicidade.
P.S.:
Este
texto foi redigido antes do dia 25 de dezembro, dia em que, segundo a
cristandade, Jesus veio em pessoa ao mundo em que vivemos. Aproveitando a
oportunidade, enviamos a nossos leitores, amigos e familiares nosso fraternal
abraço e votos de que 2022 seja diferente e bem melhor do que o ano que ora
chega ao fim.
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