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sexta-feira, 18 de março de 2022

 



A Vida no Outro Mundo

 

Cairbar Schutel

 

Parte 8

 

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Vida no Outro Mundo, de autoria de Cairbar Schutel, publicado originalmente em 1932 pela Casa Editora O Clarim, de Matão (SP). 

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

Este estudo será publicado neste blog sempre às sextas-feiras.

 

Questões preliminares

 

A. Como podemos conceituar o perispírito?

B. Antes do advento do Espiritismo, sob que nomes o corpo espiritual era conhecido?

C. Que fenômeno constitui prova evidente da existência do corpo espiritual?

 

Texto para leitura

 

98. Desde que foi constatada a existência do perispírito, abriu-se novo campo de estudos da Vida, e a Moderna Psicologia, com os seus princípios de livre exame e suas recomendações de experimentação e pesquisa, veio ampliar os estudos que se faziam sobre a Vida, demonstrando, cabalmente, que a alma não é o produto, o resultado das funções nêuricas e cerebrais, mas, ao contrário, é a causa dessas funções, como o maquinista é o agente que faz funcionar a máquina, e o músico é o autor da melodia. (A Vida no Outro Mundo – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)

99. Escreve Gabriel Delanne em seu livro Evolução Anímica: “Na formação da criatura vivente, a vida não fornece, como contingente, senão a matéria do protoplasma, matéria amorfa, na qual é impossível distinguir o menor rudimento de organização, o mais pequeno indício daquilo que será o ser vivente. A célula primitiva é absolutamente a mesma em todos os vertebrados; nada indica em si que ela dará nascimento a tal indivíduo de preferência a tal outro, pois que a sua composição é idêntica para todos. Convém, portanto, admitir, aqui, a intervenção de um novo fator, que determine em que condições será construído o edifício vital. É ao perispírito que é necessário recorrer-se, porque ele contém em si o desenho determinado, a lei onipotente que servirá de regra inflexível ao novo organismo, e que lhe designará, segundo o grau da sua evolução, o lugar que deverá ocupar na escala das formas". (Obra citada – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)

100. É preciso que fique bem esclarecida a existência do perispírito para se compreender com facilidade a imortalidade da alma. O perispírito não é uma criação nova destinada a resolver dificuldades. Ele representa o corpo da alma, pois não se poderia conceber uma alma sem corpo. Esse organismo é conhecido dos antigos cristãos. São Paulo denominou-o corpo espiritual. Tertuliano diz que a corporeidade da alma é afirmada nos Evangelhos: Corporalitas animae in ipso Evangelio relucescit, e acrescenta: se a alma não tivesse um corpo, a imagem da alma não teria a imagem do corpo. (Obra citada – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)

101. Santo Agostinho recebeu do Bispo Evódio, de Uzale, uma carta na qual este fazia referência a muitas aparições que havia visto, e para bem explicar a natureza desses fenômenos, que ele atribuiu às almas de defuntos, pergunta: “Quando a alma abandonou esse corpo grosseiro e terrestre, não permanece a substância incorpórea unida a algum outro corpo, não composto dos quatro elementos como este, porém mais sutil, e que participa da natureza do ar ou do éter? Acredito que a alma não poderia existir sem corpo algum". (Obra citada – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)

102. São João de Tessalônica fez a seguinte declaração no 2º Concílio de Niceia, em 787: "Sobre as almas, a Igreja decide que são, na verdade, seres espirituais, mas não completamente privados de corpo, ao contrário, de um corpo tênue, aéreo ou ígneo". (Obra citada – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)

103. Os estudiosos antigos e modernos têm feito referências ao corpo que envolve a alma, dando-lhe somente um nome diferente do que usamos, de acordo sempre com o idioma que usavam: em hindu, Linga-Sharira; em hebraico, Nephes; em egípcio, Ka ou Bai; em grego, Ochéma. Pitágoras nomeava-o Eidolon ou carro sutil da alma; Cudworth (filósofo inglês), mediador plástico; os ocultistas e teosofistas chamam-no corpo astral. (Obra citada – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)

104. Com a constatação desse corpo a Ciência deu um grande passo, pois agora se explica magnificamente o mistério da forma específica do indivíduo, o desenvolvimento embrionário e pós-embrionário, a constituição e a manutenção da personalidade, as reparações orgânicas e todos os outros problemas gerais da Biologia, que a ideia diretriz de Claude Bernard, espécie de entidade metapsíquico-biológica, tornava incompreensíveis e confusos. A resolução do problema da vida, como o da morte, depende, exclusivamente, do estudo do perispírito, cujas provas são tão abundantes que podem ser até demonstradas pela fotografia. (Obra citada – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)

105. Os leitores talvez conheçam os trabalhos do Comandante Darget, do Dr. Baraduc e do Coronel De Rochas, que põem em foco o duplo humano. As provas apresentadas por estes investigadores são positivas e não admitem contestação. (Obra citada – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)

106. Outro fato digno de estudo, no tocante ao corpo espiritual, é o fenômeno de bilocação. A este respeito, o Spiritualist, de 1875, publicou um caso muito interessante, que Gabriel Delanne aproveitou para ilustrar uma das suas obras. Eis a narrativa: 

“Um negro chamado H. E. Lewis possuía grande força magnética, da qual fazia exibição em reuniões públicas. Em Blackeat, no mês de fevereiro de 1856, numa dessas sessões, ele magnetizou uma moça a quem nunca tinha visto. Depois de a ter mergulhado em sono profundo, ordenou-lhe que fosse até a casa dela e que, em seguida, contasse ao público aquilo que tivesse visto. Ela declarou, então, que via a cozinha e que aí se achavam duas pessoas ocupadas em trabalhos domésticos. Lewis mandou que tocasse numa dessas pessoas. A rapariga começou a rir e disse: ‘Toquei-as, porém elas estão com muito medo!’

Voltando-se para o público, Lewis perguntou se alguém conhecia a rapariga. Sendo-lhe respondido afirmativamente, propôs que uma Comissão fosse ao seu domicílio. Diversas pessoas prontificaram-se a isso, e, quando voltaram, confirmaram em todos os pontos o que a rapariga havia dito.

A casa estava efetivamente numa balbúrdia e em profunda excitação, porque uma das pessoas, que se achava na cozinha, declarara ter visto um fantasma, e que este lhe tocara o ombro.” (Obra citada – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)

107. Inúmeros casos destes são relatados nos anais do Psiquismo. Haja vista o caso de Santo Antônio de Pádua, aparecendo em Lisboa para livrar seu pai da forca. Brackett, investigador muito prudente e céptico, assim se exprime quando trata de dar o seu testemunho a fatos de igual jaez: "Vi centenas de formas materializadas; em muitos casos, o duplo da médium era tão parecido, que eu teria jurado ser ele o próprio médium, se não tivesse visto este duplo desmaterializar-se à minha vista, e, imediatamente depois, verificado que o médium estava adormecido". (Obra citada – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)

108. Um caso mais recente foi noticiado pela Revue Spirite:

“Um bispo sueco, visitando as igrejas da Lapônia, encontrou um mágico lapão, a quem repreendeu por espalhar a superstição, utilizando-se de suas faculdades à procura de objetos roubados, desaparecidos etc. O mágico resolveu propor uma experiência, e o bispo pediu-lhe que dissesse o que fazia naquele momento sua família em Upsala. Então o lapão mergulhou num êxtase tal, que o médico chamado ficou inquieto pela sua vida, visto que parecia estar sem consciência, como morto. Meia hora depois, voltou ao seu estado normal e disse ao bispo que sua senhora e uma menina, naquele momento, escamavam um peixe na cozinha, em Upsala. Para demonstrar bem que seu duplo tinha estado lá, em casa do bispo, pegou no anel da senhora, que ela tirara do dedo para preparar o peixe, e escondeu-o no caixote de carvão, na cozinha. Quando chegou a Upsala, o bispo fez-se acompanhar de testemunhas e dirigiu-se imediatamente à cozinha, encontrando o anel precisamente no lugar indicado pelo lapão. A senhora confirmou que, de fato, naquele dia e hora, estava a arranjar um peixe, para o que havia tirado, do dedo, a aliança de casamento, tendo-a perdido. Ela e a criada tinham visto um lapão (coisa rara em Upsala) de pé na cozinha, sem que o tivessem sentido entrar, o qual desaparecera misteriosamente. A visão fora tão real, que ela se dirigira à polícia a queixar-se do lapão pela falta do anel, ao que a polícia respondera não ter podido encontrar, em Upsala, o menor vestígio do lapão, presumido ladrão". (Obra citada – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)

109. Parece claro que, se ainda vivo, o homem pode ser visto fora do seu corpo, é que a sua personalidade não consiste somente nesse corpo. Melhor testemunho da existência da alma revestida de seu corpo psíquico, ou perispírito, não pode existir, além de que, como já vimos, a fotografia constata a veracidade desse princípio. (Obra citada – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)

 

Respostas às questões preliminares

 

A. Como podemos conceituar o perispírito?

O perispírito não é uma criação nova destinada a resolver dificuldades. Ele representa o corpo da alma, pois não se poderia conceber uma alma sem corpo. Esse organismo era conhecido dos antigos cristãos. São Paulo denominou-o corpo espiritual. Tertuliano diz que a corporeidade da alma é afirmada nos Evangelhos: Corporalitas animae in ipso Evangelio relucescit, e acrescenta: se a alma não tivesse um corpo, a imagem da alma não teria a imagem do corpo. (A Vida no Outro Mundo – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)

B. Antes do advento do Espiritismo, sob que nomes o corpo espiritual era conhecido?

Os estudiosos antigos e modernos deram ao corpo que envolve a alma nomes diversos, de acordo sempre com o idioma que usavam: em hindu, Linga-Sharira; em hebraico, Nephes; em egípcio, Ka ou Bai; em grego, Ochéma. Pitágoras nomeava-o Eidolon ou carro sutil da alma; Cudworth (filósofo inglês), mediador plástico; os ocultistas e teosofistas chamam-no corpo astral. (Obra citada – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)

C. Que fenômeno constitui prova evidente da existência do corpo espiritual?

O fenômeno de bilocação, pelo qual o corpo espiritual é visto em lugar diferente de onde se encontra o sensitivo, como se verificou com Santo Antônio de Pádua, que apareceu em Lisboa para livrar seu pai da forca. Parece claro que, se ainda vivo, o homem pode ser visto fora do seu corpo, é que a sua personalidade não consiste somente nesse corpo. Melhor testemunho da existência da alma revestida de seu corpo psíquico, ou perispírito, não pode existir. (Obra citada – Cap. VIII – Existência do Perispírito e Desdobramento da Personalidade.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 7 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/03/blog-post_11.html

 

 

 

 

 

 

 

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