Anotações sobre a prece
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
A
prece ou a oração – o nome é indiferente – nada mais é que uma invocação,
mediante a qual o homem entra, pelo pensamento, em comunicação com o ser a quem
se dirige. Pode ter por objeto um pedido, um agradecimento ou uma glorificação.
As preces
feitas a Deus – ensina o Espiritismo - são escutadas pelos Espíritos incumbidos
da execução de suas vontades. As que se dirigem aos bons Espíritos são
reportadas a Deus.
Jesus definiu com precisão
as qualidades da prece. “Quando orardes, disse ele, não vos ponhais em
evidência; antes, orai
Quando dirigimos o
pensamento para um ser qualquer, na Terra ou no espaço, de encarnado para
desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece entre um e
outro, transmitindo de um ao outro o pensamento, como o ar transmite o som,
porquanto o fluido, que inunda o espaço, é o veículo do pensamento. É em
virtude desse fato que os Espíritos ouvem a prece que lhes é dirigida e é assim
que se comunicam entre si e nos transmitem suas ideias e inspirações.
Por meio da prece, o homem
obtém o concurso dos bons Espíritos que acorrem a sustentá-lo em suas boas resoluções
e a inspirar-lhe ideias sãs. Ele adquire, desse modo, a força moral necessária
para vencer as dificuldades e volver ao caminho reto, se deste se afastou. E é
também por essa via que ele pode desviar de si os males que atrairia por suas
próprias faltas.
Fato curioso revelado pelo
Espiritismo é que a prece produz resultados mesmo quando é dirigida a alguém
que não tem condições de atendê-la. Em seu livro Entre a Terra e o Céu, psicografado
por Chico Xavier, André Luiz narra no cap. II, pp.
Atendendo a um pedido que
veio da Crosta, Clarêncio examinava um pequeno gráfico que uma auxiliar do
Templo do Socorro lhe entregou e, exibindo o documento que trazia nas mãos,
explicou: "Temos aqui uma oração comovedora que superou as linhas
vibratórias comuns do plano de matéria mais densa. Parte de uma devotada
servidora que se ausentou de nossa cidade espiritual, há precisamente quinze
anos terrestres, para determinadas tarefas na reencarnação".
Evelina era o nome da
jovem cuja reencarnação fora garantida pelos Instrutores de "Nosso
Lar". Ela rogava à sua mãe desencarnada, Odila, ajuda para um caso de
perturbação espiritual em seu lar, sem saber que a causadora da perturbação era
a própria mãe.
Ocorre que sua insistência
na rogativa foi tanta, que as preces, quebrando a direção, chegaram até à
Colônia. Como a mãe, obviamente, não poderia ajudá-la, a súplica da jovem,
desferida em elevada frequência, varou os círculos inferiores e buscou o apoio
que não lhe faltará jamais.
Clarêncio deu à prece de Evelina
o curioso nome de oração refratada, ou seja, desviada do seu curso para que
chegasse a alguém em condições de atendê-la, fato que demonstra a bondade do
Criador, que tudo faz para que nós sejamos felizes, conquanto nem sempre
tenhamos capacidade de entendê-lo.
De todas as preces
conhecidas dos cristãos, a mais completa é, sem contestação, a Oração
Dominical, conhecida também pelo nome de Pai Nosso. Allan Kardec a indicou
expressamente, respondendo a um leitor, como devendo ser a prece de todos os
dias, na hora em que nos levantamos da cama e na hora em que buscamos o leito
para dormir.
A recomendação de Kardec
pode ser encontrada na Revista Espírita de agosto de 1864, no mesmo
artigo em que ele sugere a prática do que hoje conhecemos pelo nome de
Evangelho no Lar.
Eis as palavras textuais
do Codificador:
“Uma vez por semana, por
exemplo, no domingo, pode-se a isto (oração) consagrar um tempo mais longo, e
dizer todas, quer em particular, quer em comum, se houver lugar; a isto
acrescentar a leitura de algumas passagens do Evangelho segundo o Espiritismo e
a de algumas boas instruções, ditadas pelos Espíritos”. (Revista Espírita
de 1864, Edicel, p. 234.)
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