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quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

 



Revista Espírita de 1862

 

Allan Kardec

 

Parte 6

 

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1862, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1862 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Pode-se dizer que o Espiritismo dá às pessoas uma satisfação moral?

B. Qual é a principal diferença entre a loucura patológica e a loucura obsessional?

C. Kardec tinha apreço especial pelo Cristianismo?

 

Texto para leitura

 

58. A Natureza, segundo Kardec, apropriou os corpos ao grau de adiantamento dos Espíritos que neles devem encarnar. Por isso os corpos dos grupos étnicos (1) primitivos possuem menos cordas vibrantes que os corpos dos grupos étnicos mais adiantados. Ele conclui, portanto, que, à medida que as faculdades do Espírito se ampliam, necessita ele de um instrumento físico adequado, como uma criança que cresce precisa de roupas maiores. (PP. 99 a 102)

59. Kardec escreve sobre o crescimento rápido do Espiritismo. “Há várias causas para isto”, diz ele. “A primeira, e sem contradição, como já explicamos em diversas circunstâncias, é a satisfação moral que proporciona aos que o compreendem e praticam. Mas esta mesma causa em parte recebe o seu vigor do princípio da reencarnação.” (P. 103)

60. A reencarnação é uma chave que abre novos horizontes, que dá uma razão de ser a inúmeras coisas incompreendidas, que explica o inexplicado e concilia todos os acontecimentos da vida com a justiça e a bondade de Deus. Sem a reencarnação, a que atribuir as ideias inatas, a idiotia, o cretinismo, a selvageria, ao lado do gênio e da civilização, assim como a profunda miséria de uns ao lado da felicidade de outros, as mortes prematuras e tantas outras coisas? (P. 106)

61. Concluindo o artigo, o Codificador informa que a admissão da reencarnação ganhava terreno diariamente e que na França os seus adversários eram em número imperceptível. Mesmo na América, afirma Kardec, onde os adversários da ideia são mais numerosos, a pluralidade das existências corporais começa a se popularizar. (P. 107)

62. A Revista relata fatos pertinentes à monomania epidêmica verificada numa parte da Alta Saboia, contra a qual falharam todos os recursos da medicina e da religião. O único meio que produziu algum resultado foi dispersar os indivíduos por diversas cidades. Segundo Georges, em mensagem transmitida na Sociedade Espírita de Paris, deveriam ser enviados para aquela região magnetizadores, espiritualistas ou espíritas, e não médicos, para se dissipar a legião de Espíritos malévolos que causavam ali tantos distúrbios. (P. 108)

63. Comentando o assunto, Kardec afirma que é necessário distinguir a loucura patológica da loucura obsessional. A primeira é produzida por uma desordem nos órgãos de manifestação do pensamento. Na segunda não há lesão orgânica. É o Espírito que se acha afetado pela subjugação de outro Espírito que o domina e comanda. (P. 110)

64. Comunicações obtidas em Bordeaux, Haia, Sens, Lyon e Frankfurt, a respeito da teoria dos anjos decaídos, publicada anteriormente por Kardec, concordam inteiramente com a tese exposta na Revista. A sã razão, dizem os Espíritos em Bordeaux, não pode admitir a criação de Espíritos puros e perfeitos revoltando-se contra Deus. (PP. 111 e 112)

65. Girard de Codemberg, autor de um livro sobre o Mundo Espiritual, que contém comunicações excêntricas que denotam manifesta influência obsessiva, faleceu em 1858 e, evocado em Bordeaux, reconheceu os vários erros contidos na referida obra, entre eles, a negação da reencarnação que agora ele admitia. (PP. 115 a 118)

66. O Espírito de Jean de La Bruyère, evocado em Bordeaux, afirma que, embora a inteligência do homem tenha avançado, a melhora moral não deu um passo. Ele reconhece, no entanto, que o Espiritismo será mais feliz em suas ações: “Pouco a pouco vos conformareis à sua doutrina e reformareis os vícios que em vida vos apontamos”. (PP. 118 e 119)

67. A Revista publica dois poemas de Elisa Mercoeur, recebidos pela Sra. Cazemajoux, em Bordeaux. (P. 120)

68. O Espiritismo tem mártires? Respondendo a essa questão, Kardec diz, inicialmente, que o Espiritismo jamais se arvorou em rival do Cristianismo, do qual se declara filho. Ele combate o ateísmo e o materialismo e repousa sobre as bases fundamentais de toda religião e sobre a moral do Cristo. “Se renegasse o Cristianismo – assevera Kardec –, ele se desmentiria, suicidar-se-ia.” (P. 121) (Continua no próximo número.)

 

Nota do Editor:

 

(1) No lugar da palavra “raças” adotamos a expressão “grupos étnicos”, que é mais consentânea com o estágio atual do conhecimento humano que entende que existe na Terra uma única raça humana, que se divide em diversos grupos étnicos, embora pertencentes a um único tronco.

 

Respostas às questões propostas

 

A. Pode-se dizer que o Espiritismo dá às pessoas uma satisfação moral?

Sim. Ele proporciona, sem dúvida, uma satisfação moral aos que o compreendem e praticam, sentimento que recebe seu vigor do princípio da reencarnação, visto que a reencarnação é uma chave que abre novos horizontes, que dá uma razão de ser a inúmeras coisas incompreendidas, que explica o inexplicado e concilia todos os acontecimentos da vida com a justiça e a bondade de Deus. Sem a reencarnação, a que atribuir as ideias inatas? E a idiotia, o cretinismo, a selvageria, ao lado do gênio e da civilização, bem como a profunda miséria de uns ao lado da felicidade de outros, as mortes prematuras e tantas outras coisas? (Revista Espírita de 1862, pp. 103 e 106.)

B. Qual é a principal diferença entre a loucura patológica e a loucura obsessional?

Comentando o assunto, Kardec explica que a primeira – a loucura patológica – é produzida por uma desordem nos órgãos de manifestação do pensamento. Na loucura obsessional não há lesão orgânica. É o Espírito que se acha afetado pela subjugação de outro Espírito que o domina e comanda. (Obra citada, pág. 110.)

C. Kardec tinha apreço especial pelo Cristianismo?

Sim. O Codificador afirma na Revista que o Espiritismo jamais se arvorou em rival do Cristianismo, do qual se declara filho. Ele combate o ateísmo e o materialismo e repousa sobre as bases fundamentais de toda religião e sobre a moral do Cristo. “Se renegasse o cristianismo – assevera Kardec –, ele se desmentiria, suicidar-se-ia.” (Obra citada, pág. 121.)

 

 

Observação:

Para acessar a parte 5 deste estudo, publicada na semana passada, clique em https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/01/blog-post_04.html

 

 

 

 

 

 

 

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