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quarta-feira, 17 de abril de 2024

 



Revista Espírita de 1865

 

Allan Kardec

 

Parte 6

 

Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1865, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1865 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Pouco depois de desencarnar, que disse o dr. Demeure sobre sua condição no mundo espiritual?

B. Que lição nos deixou o caso do médium Hillaire?

C. Por que Deus fez da destruição recíproca dos seres vivos uma lei e, ao mesmo tempo, uma necessidade essencial à vida?

 

Texto para leitura

 

60. Comentando as mensagens transmitidas pela Sra. Foulon, Kardec chama atenção do leitor para dois pontos. O primeiro é a possibilidade, revelada por ela, de um Espírito passar da Terra a outro planeta mais elevado, desde que reúna condições espirituais para esse salto no processo reencarnatório. O segundo é a confirmação do ensinamento de que depois da morte estamos menos separados dos entes queridos do que durante a existência corpórea. (Pág. 80.)

61. Morto a 26 de janeiro de 1865, o doutor Demeure, médico homeopata muito distinto em Albi, comunicou-se na Sociedade Espírita de Paris no dia 30 seguinte. Disse o amigo a Kardec: “Como sou feliz! Não sou mais velho nem enfermo; meu corpo era apenas um disfarce imposto; sou jovem e belo, belo dessa eterna juventude dos Espíritos cujas rugas não mais sulcam o rosto, cujos cabelos não embranquecem sob a ação do tempo”. (Págs. 80 e 81.)

62. Nos dois dias seguintes o dr. Demeure comunicou-se novamente e revelou que já se encontrava a postos na ajuda aos enfermos. Kardec faz a seguinte observação: “A poucos dias de distância, ele cuidava dos doentes como médico e, apenas desencarnado, apressa-se em ir cuidar deles como Espírito. Que se ganha em estar no outro mundo, perguntarão certas pessoas, se ali não se goza de repouso?” Em resposta, o Codificador explica que a atividade espiritual não é um constrangimento, mas uma necessidade, uma satisfação para os Espíritos, que procuram as ocupações que tenham ligação com suas aptidões e possam ajudar o seu adiantamento. (Págs. 82 e 83.)

63. A Revista reporta-se ao processo que envolveu o médium Hillaire, de Sonnac (Charente-Inférieure), o qual permitiu que a vaidade e o orgulho lhe subissem à cabeça e acabou se perdendo. Levado o caso ao Tribunal, este condenou Hillaire a um ano de prisão e multas, embora as testemunhas, em número de 20, tivessem atestado a veracidade dos fenômenos atribuídos ao médium. Comentando o desfecho do lamentável caso, Kardec diz que o Espiritismo não saiu apenas são e salvo daquela prova, mas também “com as honras da guerra”. (Págs. 84 a 88.)

64. Em verdade, o julgamento não proclamou a veracidade das manifestações de Hillaire, mas não as considerou fraudulentas. O médium foi condenado por outro motivo. Quanto à doutrina, ali obteve um sufrágio brilhante, visto que – adverte Kardec – o Espiritismo está menos nos fenômenos materiais do que em suas consequências morais. (Pág. 88.)

65. Em mensagem dirigida especialmente aos espíritas devotados no caso Hillaire, Kardec reitera que a parte essencial do Espiritismo não são os fenômenos, mas a aplicação de seus princípios morais. É nisto que se reconhecem os Espíritas sinceros. Há espíritas que, infelizmente, não levam esse pensamento a sério e essa é a razão por que nem todos os adeptos do Espiritismo são perfeitos. Hillaire pertencia a essa classe, por isso faliu. A Providência o havia dotado de notável faculdade, com cujo auxílio fez muito bem, mas poderia fazer ainda muito mais se não tivesse, por sua fraqueza, rompido a missão. (Págs. 89 a 91.)

66. Concluindo a mensagem, Kardec adverte: “Não podemos condená-lo, nem absolvê-lo; só a Deus pertence julgá-lo por não haver cumprido a tarefa até o fim”. “Irmãos, estendamo-lhe a mão de socorro e oremos por ele.” (Pág. 91.)

67. Na seção de livros, a Revista noticia o lançamento do livro Um Anjo do Céu na Terra, escrito por Benjamin Mossé, rabino em Avignon, no qual a caridade é ensinada pelos mais tocantes fatos. (Págs. 91 a 94.)

68. O número de abril focaliza logo na abertura o tema destruição recíproca dos seres vivos, uma lei natural que não parece, à primeira vista, conciliar-se com a bondade de Deus. O que se pergunta é: Por que o Criador lhes teria feito uma necessidade se entredestruírem para se alimentarem uns à custa dos outros? (Pág. 95.)

69. Ora, responde Kardec, a verdadeira vida, tanto do animal, quanto do homem, não está no envoltório corporal; está no princípio inteligente que sobrevive ao corpo. Esse princípio inteligente – a alma – necessita do corpo para se desenvolver pelo trabalho que deve realizar sobre a matéria bruta. O corpo se gasta nesse trabalho, mas a alma, não; ao contrário, dele sai mais forte, mais lúcida e mais capaz. (Pág. 95.)

70. Pelo espetáculo incessante da destruição, Deus ensina aos homens o pouco caso que devem fazer do envoltório material e suscita neles a ideia da vida espiritual, fazendo-os desejá-la como uma compensação. (Pág. 95.)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Pouco depois de desencarnar, que disse o dr. Demeure sobre sua condição no mundo espiritual?

Morto a 26 de janeiro de 1865, o doutor Demeure comunicou-se na Sociedade Espírita de Paris no dia 30 seguinte, quando disse o seguinte: “Como sou feliz! Não sou mais velho nem enfermo; meu corpo era apenas um disfarce imposto; sou jovem e belo, belo dessa eterna juventude dos Espíritos cujas rugas não mais sulcam o rosto, cujos cabelos não embranquecem sob a ação do tempo”. Nos dois dias seguintes ele comunicou-se novamente e revelou que já se encontrava a postos na ajuda aos enfermos. (Revista Espírita de 1865, pp. 80 a 83.)

B. Que lição nos deixou o caso do médium Hillaire?

Reportando-se ao caso do médium Hillaire, que se perdera devido à vaidade e ao orgulho, Kardec disse que a parte essencial do Espiritismo não são os fenômenos, mas a aplicação de seus princípios morais. É nisto que se reconhecem os Espíritas sinceros. Há espíritas que, infelizmente, não levam esse pensamento a sério e essa é a razão por que nem todos os adeptos do Espiritismo são perfeitos. Hillaire pertencia a essa classe, por isso faliu. A Providência o havia dotado de notável faculdade, com cujo auxílio fez muito bem, mas poderia fazer ainda muito mais se não tivesse, por sua fraqueza, rompido a missão. (Obra citada, pp. 89 a 91.) 

C. Por que Deus fez da destruição recíproca dos seres vivos uma lei e, ao mesmo tempo, uma necessidade essencial à vida?

Tratando do assunto, Kardec lembra que a verdadeira vida, tanto do animal, quanto do homem, não está no envoltório corporal; está no princípio inteligente que sobrevive ao corpo. Esse princípio inteligente – a alma – necessita do corpo para se desenvolver pelo trabalho que deve realizar sobre a matéria bruta. O corpo se gasta nesse trabalho, mas a alma, não; ao contrário, dele sai mais forte, mais lúcida e mais capaz. E aduziu que, pelo espetáculo incessante da destruição, Deus ensina aos homens o pouco caso que devem fazer do envoltório material e suscita neles a ideia da vida espiritual, fazendo-os desejá-la como uma compensação. (Obra citada, pág. 95.)

 

Observação:

Para acessar a Parte 5 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/03/revista-espirita-de-1865-allan-kardec_0477456577.html



 

 

 

 

 

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2 comentários:

  1. O avanço da ciência já nos confirmou que o corpo físico não necessita de proteína animal para sobreviver na Terra. Por isso mesmo, podemos e devemos poupar nossos irmãos menores de tanta dor e crueldade a que vem sendo submetidos esses seres por milhares de anos. Que a compaixão supere o prazer fugaz de comê-los.

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    1. Sim, Stella tem razão. Mas é bom lembrar que no reino animal a necessidade de se alimentar e sobreviver obriga aos animais a valer-se dos meios que conhecemos, de modo que, conforme a lei que rege a vida, a morte de uns significa o alimento dos outros, assegurando-se o equilíbrio que, quando não interferem os homens, é notório nos diferentes reinos da natureza.

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