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sábado, 20 de abril de 2024

 



Tentação a Jesus & tentação a nós

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília, DF

 

Diz Lucas, no capítulo 4 do seu evangelho, que Jesus passara 40 dias em jejum e oração no deserto. Depois, teve fome. Então, o diabo fala-lhe: “Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão”.

Jesus tinha o poder de materializar o que quisesse, como lemos nos evangelhos, quando multiplicou cinco pães e dois peixes em alimento para “cerca de 5.000 homens, sem contar mulheres e crianças” (Mateus, 14:13 a 21). Entretanto, mesmo sentindo a fome de 40 dias de jejum, nosso Mestre, quando tentado, abstivera-se de utilizar seu poder em benefício próprio. Então, respondeu ao demônio: “— Está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra de Deus”.

Outras duas propostas foram-lhe feitas pelo mau espírito, e Jesus recusou-as, como a de possuir “todos os reinos do mundo”, se adorasse satanás. Isso lembra-nos o que o Cristo, ao lhe ser indagado se era rei, respondeu a Pilatos: “— Meu reino não é deste mundo...” (João, 18:36).

À segunda proposta do demônio, respondeu: “Vai-te, satanás, porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás”.

Por fim, propôs-lhe o mau espírito que se atirasse do alto do templo, pois os anjos divinos não permitiriam que nada de mal lhe acontecesse. E disse-lhe Jesus: “Dito está: Não tentarás o Senhor teu Deus”.

O ensinamento final desse relato de Lucas serve-nos para reflexão: “E acabando o diabo toda a tentação, ausentou-se dele por algum tempo” (destaquei).

Ora, se nem a Jesus satanás (espírito das trevas) poupou em suas tentações, muito menos nos poupará. Foi por saber disso que nosso Mestre, Espírito perfeito em relação a nós, recomendou-nos: “Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do homem” (Lucas, 21:36).

Foi o que levou Allan Kardec a perguntar, no item 467 d’O Livro dos Espíritos: “Pode o homem eximir-se da influência dos espíritos que procuram arrastá-lo para o mal?”

Reposta: “Pode, visto que tais Espíritos só se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam, ou aos que, pelos seus pensamentos, os atraem”.

E, na questão 469 da obra citada, Kardec indaga: “Por que meio podemos neutralizar a influência dos maus espíritos?”

Resposta: “Praticando o bem e pondo em Deus toda a vossa confiança, repelireis a influência dos espíritos inferiores e aniquilareis o império que desejem ter sobre vós. Guardai-vos de atender às sugestões dos espíritos que vos suscitam maus pensamentos, que sopram a discórdia entre vós outros e que vos insuflam as paixões más. Desconfiai especialmente dos que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos assaltam pelo lado fraco. Essa a razão por que Jesus, na oração dominical, vos ensinou a dizer: ‘Senhor! não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal”.

É, pois, na confiança em Deus, na oração e na vigilância diária dos nossos pensamentos, como nos ensinou Jesus, que estaremos livrando-nos do mal que reside em nós e atraindo os bons espíritos como nossos companheiros diários. Aliado a isso está o exercício da compaixão a todos, encarnados e desencarnados que ainda se encontram iludidos pelas paixões e todos os sentimentos negativos contrários à prática da caridade, virtude que, junto à humildade, são as vias de nossa “salvação”.

 

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