Como os espíritas veem a Bíblia
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Há verdade em tais alegações?
Claro que não. Os espíritas respeitam a
Bíblia e mesmo a estudam, procurando extrair dela ensinamentos que possam concorrer
para o progresso do ser humano.
Tal postura não impede que reconheçamos,
como os advogados alemães Christian Sailer e Joachim Hetzel, que existam no
Antigo Testamento passagens de muita crueldade e relatos de coisas bárbaras
como genocídio, racismo, execuções de adúlteros e homossexuais e perversidades
diversas atribuídos – indevidamente – à vontade de Deus.
Como muitos certamente sabem, Sailer e
Hetzel pediram em agosto de 2000 à ministra da Família da Alemanha, Christine
Bergmann, que incluísse as Escrituras na lista dos livros considerados
perigosos para as crianças.
A petição formulada pelos dois advogados
alemães não constituiu, todavia, uma novidade porque em Israel há pessoas que
pensam também assim, como o ex-presidente israelense Ezer Weizman, que afirmou
no final de 1997, numa conferência, que algumas palavras da Bíblia são
improcedentes.
Afirmou então o ex-presidente de Israel:
“Há coisas no (Velho) Testamento nada simpáticas, indignas de ser lidas”, citando
como exemplo as palavras atribuídas a Moisés em livros como o Deuteronômio, 5ª obra
do Pentateuco Mosaico.
Em O Evangelho segundo o Espiritismo,
cap. 1, item 2, Allan Kardec diz que a lei de Moisés é composta de duas partes
distintas: a lei de Deus, recebida no Monte Sinai, e a lei civil ou
disciplinar, estabelecida pelo próprio Moisés. “A lei de Deus é inalterável; a
outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo”, eis
o que o codificador da doutrina espírita escreveu.
O erro, que tem sido repetido pelas
religiões cristãs, é considerar a Bíblia um livro sagrado, intocável, expressão
fidedigna da palavra de Deus. Se isso fosse verdade, as cerimônias religiosas,
as prescrições de caráter penal e os ritos que ali se contêm não poderiam ter
sido excluídos da prática religiosa e da doutrina adotada pelas religiões
tradicionais, como, por exemplo, a circuncisão e a pena de talião, caracterizada
pela célebre expressão “dente por dente, olho por olho”.
Jesus, como sabemos, não seguia ao pé da
letra as prescrições bíblicas, e mais de uma vez demonstrou a inconsistência de
muitas delas, como a que manda se apedreje até à morte a mulher adúltera e a
que dá ao dia de sábado um status especial.
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