Se Espírito não tem sexo, por que no
plano espiritual há homens e mulheres?
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De fato, André Luiz ali se apresenta na forma
masculina e D. Laura, mãe de Lísias, apresenta-se na forma feminina.
Antes de tratar diretamente da dúvida, é importante lembrar
o que o Espiritismo nos informa quanto ao problema do sexo:
1) As almas podem animar corpos de homens e
mulheres. As almas ou Espíritos não têm sexo; as afeições que os unem nada têm
de carnal; fundam-se numa simpatia real e, por isso, são mais duráveis.
(Revista Espírita de 1866, págs. 2 e 3.)
2) Os sexos só existem no organismo; são necessários
à reprodução dos seres materiais; mas os Espíritos não se reproduzem uns pelos
outros, razão por que os sexos seriam inúteis no mundo espiritual. (Revista
Espírita de 1866, págs. 2 e 3.)
É óbvio que estas informações, quando vistas
isoladamente, não resolvem a dúvida de nossa amiga. Afinal, se as informações
são exatas, por que uns – quando desencarnados – se apresentam com a forma
masculina e outros, com a forma feminina?
O entendimento da questão requer que sejam repetidas
aqui algumas explicações a que já nos reportamos em outro momento.
Emmanuel, em seu livro Vida e Sexo, obra
psicografada por Chico Xavier e publicada pela FEB em 1971, informa-nos:
a) Quando errante – quer dizer, desencarnado – pouco
importa ao Espírito reencarnar no corpo de um homem ou de uma mulher. “O que o
guia na escolha são as provas por que haja de passar”, como é dito claramente
na questão 202 d’ O Livro dos Espíritos.
b) A vida espiritual pura e simples rege-se por
afinidades eletivas essenciais; mas, através de milênios e milênios, o Espírito
passa por uma série imensa de reencarnações, ora em posição de feminilidade,
ora em condições de masculinidade, o que sedimenta o fenômeno da
bissexualidade, mais ou menos pronunciado em quase todas as criaturas.
c) O homem e a mulher serão, assim, de maneira
respectiva, acentuadamente masculino ou acentuadamente feminina, sem
especificação psicológica absoluta.
d) Ao reencarnar, o Espírito pode, obviamente, tomar
um corpo feminino ou masculino, atendendo-se ao imperativo de encargos
particulares em determinado setor de ação, ou ao cumprimento de obrigações
regenerativas.
O assunto examinado por Emmanuel foi, de igual
forma, tratado por Allan Kardec, como podemos conferir na Revista Espírita
de 1866, págs. 2 a 4.
Diz-nos o Codificador do Espiritismo, no volume
citado, que as almas podem, efetivamente, animar corpos de homens e mulheres,
tal como é ensinado em O Livro dos Espíritos e no livro Vida e Sexo.
Ocorre, porém, que a influência que o Espírito
encarnado sofre do organismo material não se apaga
imediatamente após a destruição do invólucro material, assim como
não perde ele instantaneamente os gostos e hábitos terrenos.
Se o Espírito percorreu uma série de existências no
mesmo sexo, ele poderá conservar durante muito tempo, na erraticidade, o
caráter de homem ou de mulher, cuja marca nele ficou impressa.
É assim – devido a essa influência, que repercute da
vida corporal à vida espiritual – que ele se apresentará no plano espiritual,
na chamada erraticidade, o que explica a existência ali de homens e mulheres,
embora estejam desencarnados, quando então revestem o corpo espiritual, ou
perispírito, que é a matriz do corpo material que deixaram ao desencarnar.
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