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domingo, 15 de setembro de 2024

 



Existem Espíritos que jamais encarnaram?

 


ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Segundo uma leitora do Rio de Janeiro-RJ, determinado palestrante declarou em público que os Espíritos eleitos são aqueles que sempre seguiram o caminho do bem e por isso jamais precisaram encarnar.

A estranheza da leitora ao ouvir tal informação é a mesma nossa e, por isso, para não confundir desnecessariamente os ouvintes e os leitores, seria importante que palestrantes e escritores fundamentassem tudo aquilo que divulgam.

A tese de que existem Espíritos que jamais precisaram encarnar é estranha à doutrina espírita, visto que a necessidade e a finalidade da encarnação são assuntos definidos com clareza na obra kardequiana.

Como sabemos, Allan Kardec perguntou aos Espíritos (O Livro dos Espíritos, 132):

– Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?

Eles responderam: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta”.

Considerando, com inteira razão, que uma existência corporal é claramente insuficiente para que uma pessoa atinja o objetivo da encarnação – alcançar a perfeição –, o codificador do Espiritismo apresentou aos imortais uma nova questão (O Livro dos Espíritos, 166 e 167):

– Como pode a alma acabar de se depurar?

"Submetendo-se à prova de uma nova existência” – eis a resposta. “A finalidade da reencarnação é: expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?".

Algum tempo depois, em artigo publicado no ano de 1863 na Revista Espírita, Kardec analisou a tese, então em voga, de que os Espíritos não teriam sido criados para encarnar; a encarnação não seria senão o resultado de suas faltas, ou seja, se o Espírito jamais errasse, se seguisse sempre o caminho do bem, dela estaria dispensado.

No artigo, que pode ser visto na Revista Espírita de 1863, pp. 164 a 166, Kardec foi peremptório e reafirmou a lição constante d´O Livro dos Espíritos, esclarecendo que a encarnação e a pluralidade das existências corpóreas constituem uma necessidade indispensável ao progresso do Espírito e do próprio planeta em que ele vive, e não uma forma de castigo.

Emmanuel, Joanna de Ângelis e André Luiz, assim como o fizeram Léon Denis e Gabriel Delanne, reafirmam em suas obras o mesmo pensamento acerca da necessidade do processo reencarnatório, que constitui um dos princípios fundamentais do Espiritismo.

Concluindo, podemos afirmar, com base na doutrina espírita, que todos nós já passamos inúmeras vezes pelo processo reencarnatório e, com toda a certeza, estamos ainda a uma distância incalculável da meta que Deus, nosso Pai, nos assinalou, ou seja, centenas e talvez milhares de reencarnações nos aguardam.

 

 

 

 

 

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