Na arte, como na vida, tudo deveria
ser melhor
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
O
cinema e os programas de televisão são os geradores da violência na vida real?
Ou é a vida real que inspira a violência na TV e no cinema?
A resposta é
difícil e bastante complexa e,
em todo o caso, apenas comprova o precário verniz da civilização humana. Quando
Caim matou Abel não havia cinema nem televisão. A futilidade do primeiro homicídio,
narrado no Antigo Testamento, teria sido um incentivo à criminalidade?
As observações acima foram transcritas de um artigo
do conhecido escritor Carlos Heitor Cony, publicado anos atrás pela Agência
Folha.
“Quem influencia quem?” – indagou então o cronista
que, na sequência, observou que a realidade da aventura humana tem sido pouco
recomendável, de nada adiantando, portanto, culpar as expressões ficcionais
dessa realidade.
“Na arte, como na vida, tudo devia ser melhor”,
propôs Cony. “E isso só será possível quando o homem for melhor.”
O cronista, embora quase sempre cético e
pessimista, concluiu seu artigo emitindo um pensamento semelhante ao que Allan
Kardec consignou há mais de160 anos no trecho que se segue:
"Se o Espiritismo deve, como foi anunciado,
realizar a transformação da humanidade, só poderá fazê-lo pelo melhoramento das
massas, o que só se dará gradualmente, pouco a pouco, pelo melhoramento moral
dos indivíduos" (O Livro dos Médiuns, cap. 29, item 350). "Aí
é que se acha o princípio, a verdadeira chave da felicidade do gênero humano –
acrescentou Kardec, em Obras Póstumas – porque então os homens não mais
cogitarão de se prejudicarem reciprocamente."
Em uma das passagens mais importantes de sua obra,
Allan Kardec escreveu:
“De dois povos que tenham chegado ao ápice da
escala social, só poderá dizer-se o mais civilizado, na verdadeira acepção do
termo, aquele em que se encontre menos egoísmo, cupidez e orgulho; em que os
costumes sejam mais intelectuais e morais do que materiais; em que a inteligência
possa desenvolver-se com mais liberdade; em que exista mais bondade, boa-fé,
benevolência e generosidade recíprocas; em que os preconceitos de casta e de
nascimento sejam menos enraizados, porque esses prejuízos são incompatíveis com
o verdadeiro amor do próximo; em que as leis não consagrem nenhum privilégio e
sejam as mesmas para o último como para o primeiro; em que a justiça se exerça
com o mínimo de parcialidade; em que o fraco sempre encontre apoio contra o
forte; em que a vida do homem, suas crenças e suas opiniões sejam mais bem
respeitadas; em que haja menos desgraçados; e, por fim, em que todos os homens
de boa vontade estejam sempre seguros de não lhes faltar o necessário.” (O
Livro dos Espíritos: comentários acerca da resposta dada à questão 793.
Tradução de J. Herculano Pires.)
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