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quarta-feira, 11 de julho de 2012

O médium e a crítica


Qual deve ser a posição de um médium espírita ante a crítica?
Formulada por um amigo, esta mesma questão foi examinada por Kardec numa de suas obras.
Entenda-se por crítica a análise desapaixonada, imparcial, sem segundas intenções, daquilo que se faz ou se escreve, que pode ser uma peça teatral, um poema, um romance, uma obra literária qualquer.
No caso da mediunidade, tanto a psicofônica como a psicográfica, é evidente que o primeiro crítico deve ser o próprio médium. A razão é simples. Segundo Kardec, um dos grandes escolhos da mediunidade é, como sabemos, a obsessão e a fascinação. Os médiuns podem então iludir-se de boa-fé sobre o mérito das comunicações que obtêm, e os Espíritos mentirosos têm ampla liberdade quando lidam apenas com cegos.
Por maldade ou por simples diversão, característica que encontramos nos Espíritos levianos, eles podem procurar afastar o médium de todo controle e levá-lo mesmo a tomar aversão por quem poderia esclarecê-lo. Mais tarde, com a ajuda da fascinação e do isolamento, conseguirão que ele aceite tudo o que quiserem.
Esse fato – lembra-nos o codificador do Espiritismo –  não é somente um escolho, mas um perigo; melhor dizendo: um verdadeiro perigo. O único meio de evitá-lo é o controle de pessoas desinteressadas e benevolentes que, julgando as comunicações com sangue frio e imparcialidade, podem abrir-lhe os olhos e fazê-lo perceber o que ele não pode ver por si mesmo.
Se o médium teme esse julgamento, eis um sinal de que se encontra no caminho da obsessão. Se crê que a luz se faz somente para ele, eis alguém completamente sob o jugo. Se fica melindrado com a crítica, se a repele, se se irrita com ela, não existe dúvida sobre a má natureza do Espírito que o assiste.
É essa a razão pela qual, na falta de suas próprias luzes, o médium deve modestamente recorrer à dos outros, segundo estes dois provérbios bem conhecidos: "quatro olhos enxergam melhor do que dois" e "nunca se é bom juiz em causa própria".
O médium bem orientado deve, por fim, aceitar com reconhecimento e mesmo solicitar o exame crítico das comunicações que recebe, porque aí está a melhor garantia contra o envolvimento com Espíritos enganadores e o perigo da fascinação.
Lembramos ao leitor que as palavras acima são um mero resumo do que podemos ler no item 329 d´O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec.


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