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sábado, 7 de julho de 2012

Viver o Cristo é conviver com o próximo


Em alentado estudo constante do livro Obras Póstumas, Kardec analisa o conhecido lema da Revolução francesa: “Liberdade, igualdade, fraternidade”. “Estas três palavras – diz o Codificador - constituem, por si sós, o programa de toda uma ordem social que realizaria o mais absoluto progresso da Humanidade, se os princípios que elas exprimem pudessem receber integral aplicação.” (Obra citada, FEB, 26a ed., pág. 233.)
Parece-nos que a solução do estado de violência que nos assusta, em que os assaltos, os sequestros e os assassínios estão na ordem do dia, passa pela aplicação da proposta feita por Kardec no aludido estudo.
Nele, em primeiro lugar, o Codificador define o que é fraternidade, que, na rigorosa acepção do termo, resume todos os deveres dos homens, uns para com os outros.
Fraternidade significa: devotamento, abnegação, tolerância, benevolência, indulgência. É, por excelência, a caridade evangélica e a aplicação da máxima: «Proceder para com os outros, como quereríamos que os outros procedessem para conosco.» A fraternidade é, como se vê, o oposto do egoísmo, que diz: «Cada um por si.», enquanto que ela propõe: «Um por todos e todos por um.»
Como tais valores são a negação um do outro, tão impossível é que um egoísta proceda fraternalmente para com os seus semelhantes, quanto a um avarento ser generoso.
Ora, sendo o egoísmo a chaga dominante da sociedade, enquanto ele reinar soberanamente, impossível será o reinado da fraternidade verdadeira. Impõe-se, pois, combatê-lo com todas as nossas forças, de modo que em seu lugar possa um dia reinar absoluta a fraternidade.
Feitas tais considerações e focalizando diretamente o lema dos revolucionários franceses, Kardec conclui: “Considerada do ponto de vista da sua importância para a realização da felicidade social, a fraternidade está na primeira linha: é a base. Sem ela, não poderiam existir a igualdade, nem a liberdade séria. A igualdade decorre da fraternidade e a liberdade é consequência das duas outras.”
De fato.
A vivência cristã implica um clima de convivência social em regime de fraternidade, em que todos se ajudam e se socorrem, dirimindo dificuldades e problemas. Viver o Cristo é conviver com o próximo, aceitando-o tal qual é, com seus defeitos e imperfeições, sem a pretensão de corrigi-lo. O verdadeiro cristão inspira seu semelhante com bondade para que ele mesmo desperte e mude de conduta de moto próprio.
Diz Joanna de Ângelis que, ao descer das Regiões Felizes ao vale das aflições para nos ajudar, Jesus mostrou-nos como devem agir os que se dizem cristãos. E evocando o exemplo do Cristo, a mentora de Divaldo P. Franco recomenda (Leis Morais da Vida, cap. 31):
“Atesta a tua confiança no Senhor e a excelência da tua fé mediante a convivência com os irmãos mais inditosos que tu mesmo.
Sê-lhes a lâmpada acesa a clarificar-lhes a marcha.
Nada esperes dos outros.
Sê tu quem ajuda, desculpa, compreende.
Se eles te enganam ou te traem, se te censuram ou te exigem o que te não dão, ama-os mais, sofre-os mais, porquanto são mais carecentes de socorro e amor do que supões.
Se conseguires conviver pacificamente com os amigos difíceis e fazê-los companheiros, terás logrado êxito, porquanto Jesus em teu coração estará sempre refletido no trato, no intercâmbio social com os que te buscam e com os quais ascendes na direção de Deus.” 


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