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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Inesquecíveis benfeitores


Gebaldo José de Sousa
De Goiânia-GO

 “Acima de tudo (...) esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.” – Paulo, Cl. 3:14.

pessoas que passaram por nossa vida, sem jamais dela se afastarem, graças a Deus!
A generosidade e a doação constantes com que agiram são marcas discretas, mas indeléveis, eis que o correr dos anos mais acentua sua presença em nossas lembranças. São as marcas deixadas pelo amor, o laço da perfeição.

*

Não há como falar de José, sem mencionar Maria. Junto do homem de voz rouquenha e bondade sem par, lá estava ela, a santa mulher.
Sempre receptivos, amáveis, cordiais. Daquela cordialidade sincera que nos deixa à vontade. Prontos a ouvir e a ajudar. Sobretudo a ajudar. Suas mãos, sempre estendidas, doaram ilimitadamente.
A pureza de seus propósitos, de suas almas generosas, estampava-se-lhes nos olhares de bondade, em seus gestos de ternura.
No lar acolhiam conterrâneos, familiares ou não, que vinham à Capital à procura de médicos ou de outras providências. Era o bom José a encaminhar, a orientar, a ouvir, a doar-se. E era a boa Maria – as mãos sempre no trabalho, o sorriso nos lábios, o olhar bondoso sobre os óculos da costura, a mão na massa do biscoito saboroso! – a servir, a amar, com humildade. Nas faces, a bondade e o riso mais puro, delicado.
Nos idos de 1960, órfão de pai, acolheram-me em seu lar, por alguns meses. Trataram-me como a um filho. Amaram-me e me compreenderam. Além dos corações abertos, o copo de leite quente, o biscoito, o bolo e a boa palavra, amiga, a encorajar, a estimular. Com sua ternura, adubaram-me o coração em momentos cruciais da vida, dando-me alento à alma, adolescente ainda.
Às vezes, doía-lhes o próprio coração, pelas lutas da vida, mas não repassavam aos demais suas dores mais íntimas. Nem por isso deixavam de sorrir, de servir e de amar. Calavam suas dores, lenindo dores menores.
Jamais lhes percebi qualquer dissimulação ou impaciência.
A sinceridade de seus corações dava-lhes aura de paz, de amor, que os envolvia e se estendia aos demais, a todos contagiando, pacificando, encorajando, transmitindo otimismo e confiança em Deus e na vida!
Ele, embora generoso, se foi em maio de 1964, apartando-se fisicamente de nós.
Ela, contudo, doou-se aos familiares e aos amigos até abril de 1995. Em agosto desse ano, faria 86 anos, pois nasceu em 1909. Partiu suavemente, depois de cumprir, além do dever, a própria missão.
Amou a todos que dela se aproximaram, pessoas e animais. Era de ver como tratava seu cão, seu papagaio e seus gatos. Hospitalizava-os amiúde, condoída de seus penares. Em tudo deixou a marca de sua ternura, de seu sorriso franco, espontâneo.
Ao partir, sua filha escreveu:
“Mater mea
Maria, Esposa de José.
Maria Perdão.
Maria, mamãe Maria.
Maria Sapiência.
Maria, vovó Maria.
Maria Bondade.
Maria, Dona Maria.
Maria Exemplo.
Maria, linda Maria.
Maria Renúncia.
Maria, Pura Maria.
Maria Eternidade.”
E digo mais: poderíamos acrescentar ao seu nome quantos adjetivos bons existam!
Maria Alegria. Maria Humildade. Maria Amor. Maria Ternura. Maria Esperança. Maria . Maria Paciência. Maria Perseverança. Maria Compreensão. Maria Simplicidade. Maria Brandura. Maria Meiguice. Maria Santidade. Maria Beleza, pois, em seus traços, que o tempo não desfigurou, percebíamos que foi jovem belíssima, quando então cantava no coro da Igreja, com sua voz maviosa.
Maria e José Honradez e Trabalho. Maria e José Nobreza e Amizade.
Agora, no meu coração e nos corações daqueles que os amam, viraram José e Maria Saudades.
Onde quer que se encontrem, possam ouvir nossa sincera gratidão, nossa prece de amor, nossoDeus lhes pague”, nossas lágrimas de doce saudade! E – quem sabe? – nosso até breve!
Mirando em seus exemplos, que possamos nos tornar dignos deles.
Que Deus os abençoe na caminhada evolutiva, sempre!
Que o Divino Mestreque entende de Maria e José! – ilumine seus passos, seus corações!
Como veem, esquecê-los quem há-de?


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