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domingo, 20 de janeiro de 2013

A eutanásia e o valor do último minuto


Quando o Parlamento holandês aprovou o projeto de lei que tornou legais naquele país o suicídio e a eutanásia, a medida, que repugnou a todos nós, apenas formalizou o que os médicos holandeses vinham praticando desde 1993. E a Holanda, uma nação em que 54% da população se diz cristã, inscreveu-se como o primeiro país do mundo a legalizar a eutanásia.
Segundo dados divulgados na época pelos jornais, 2.216 holandeses morreram em 1999 – antes portanto da aprovação da lei – com a ajuda dos profissionais da Medicina, que conhecem muito bem o juramento de Hipócrates, reiterado na colação de grau dos formandos em Medicina, o qual afirma que cabe ao médico lutar pela vida, nunca pela morte.
Diversas tentativas têm sido feitas no mundo todo para legalizar a eutanásia, um tema que vem produzindo polêmicas desde 1903, quando o Parlamento da Alemanha vetou proposta nesse sentido.
Uma década antes da legalização da eutanásia na Holanda, o Estado americano do Oregon aprovou iniciativa semelhante, mas a Suprema Corte dos Estados Unidos impediu que o assunto prosperasse, dada a sua flagrante inconstitucionalidade.
Os defensores da eutanásia dizem que a lei holandesa é importante e é mesmo muito boa porque, segundo seus termos, só alcança os adultos com doenças incuráveis e que estejam sofrendo de forma insuportável. Por que, então, negar-lhes atendimento, se esse é o seu desejo?
O argumento é, não há dúvida, irrespondível no campo do materialismo, que apenas vê o corpo e não se dá conta da alma nem dos destinos do homem na Terra.
No livro O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 5, item 28, São Luís (Espírito) trata do assunto e lembra que o espírita, que sabe o que se passa além-túmulo, “conhece o valor do último pensamento”. Ora, as vicissitudes, as amarguras e os sofrimentos existem não para nos abater, mas para serem vencidos. Se não forem suportados com coragem e resignação até o fim, a prova deverá ser repetida. É isso que desejamos para os nossos pais e amigos? Será justo, por causa dos sofrimentos de algumas horas ou alguns dias, que eles percam a prova toda? Não. Certamente que ninguém deseja isso para o seu ente querido.
Eis aí, pois, a razão que levou São Luís a escrever, reportando-se à pessoa que padece, sem muitas esperanças, sofrimentos amargos: “Suavizai os últimos sofrimentos tanto quanto vos seja possível fazê-lo; mas guardai-vos de encurtar a vida, ainda que seja apenas por um minuto, pois esse minuto pode poupar muitas lágrimas no futuro”.


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