CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
Alguns pingos
de chuva caíam aquele momento. No corredor externo da galeria onde trabalho,
estava uma jovem mulher em sua cadeira de rodas. Passei por ela e a observei,
mais nada.
Fui buscar um
material que havia deixado para xerocar no comércio em frente.
Na volta, já
com as cópias em mãos, entrei na parte interna da galeria e a jovem continuava
do mesmo jeito e no mesmo lugar... estava quietinha.
– Oi –
cumprimentei-a.
– Oi – ela
respondeu.
– Você
precisa de alguma coisa? – não pude deixar de lhe perguntar.
– Não, estou
aguardando o meu marido; ele está naquela sala – com calma, ela respondeu
apontando o local.
– Ah, sim.
Então, tudo bem. Já vou. Até mais – falei e segui para a minha sala.
– Tchau, até
mais – ela falou.
Desci as
escadas; eu também trabalhava na parte debaixo.
A jovem ficou
lá, tranquila, aguardando o companheiro. Percebi também que suas mãos e braços
tinham dificuldade de coordenação. No entanto, os seus olhos possuíam o brilho
da alegria, a chama da vida.
Mais uns
minutos e meu último aluno, daquela tarde, chegou. Era um aluno muito
encantador, educado e com ar bondoso.
Depois de uma
hora, terminada a aula, despedi-me do querido aluno e, uma vez mais, meu
coração se sentiu feliz: missão cumprida.
Comecei a
organizar a mesa de estudos, pois na manhãzinha seguinte outro aluno já tinha
horário marcado.
Verifiquei a
sala e tudo estava organizado. É ótimo estar num ambiente limpo e com organização.
Pronto. Posso ir.
Fechando a
porta, olhei para a parte de cima da galeria, e a jovem ainda estava lá; agora,
comendo algum lanchinho que, decerto, trouxera de casa.
Tanto eu
quanto ela podíamos nos ver. Com sentimento fraterno, não resisti, acenei um
breve até logo. Com grande dificuldade, com a mão direita, ela me retribuiu.
Aquele aceno
me encheu os olhos d’água. Com emoção, eu não queria parar de acenar, pois sabe
aqueles momentos que valem cada segundo? Então, era um desses.
Enfim, segui
adiante pelo corredor; a saída era do lado oposto de onde ela estava. Assim,
distanciei-me.
Já quase
saindo, olhei para cima novamente e, dessa vez, foi ela quem lançou o último
aceno com toda ternura. Retribuí-lhe, realmente, emocionada.
– Obrigada,
meu Deus, pela oportunidade de poder compartilhar alguns minutos recheados de
brilho eterno com um ser tão simples e tão caro – agradeci olhando para o céu.
Fechei o
portão e fui, com leveza e felicidade, pois havia recebido, mais uma vez,
bálsamo e lenitivo para minha alma.
Visite o blog
Conto, crônica, poesia… minha literatura:
http://contoecronica.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário