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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Animais no plano espiritual

Em carta publicada na revista “O Consolador”, o leitor Alcídio, de São Francisco de Paula-RS, discordou de uma informação publicada na mesma revista em que foi dito a uma leitora que existem animais no plano espiritual.
Segundo ele, não há nas obras da Codificação Kardequiana nem na Revista Espírita referência à existência de animais no plano espiritual, e não é prudente fiar-nos nas informações de André Luiz, porque suas obras não teriam passado pelo critério da concordância universal, estabelecido por Allan Kardec para aferição da verdade.
Lemos na questão n. 600 d´O Livro dos Espíritos:
– Sobrevivendo ao corpo em que habitou, a alma do animal vem a achar-se, depois da morte, num estado de erraticidade, como a do homem? “Fica numa espécie de erraticidade, pois que não mais se acha unida ao corpo, mas não é um Espírito errante. O Espírito errante é um ser que pensa e obra por sua livre vontade. De idêntica faculdade não dispõe o dos animais. A consciência de si mesmo é o que constitui o principal atributo do Espírito. O do animal, depois da morte, é classificado pelos Espíritos a quem incumbe essa tarefa e utilizado quase imediatamente. Não lhe é dado tempo de entrar em relação com outras criaturas.” (Grifamos.)
É bom que o leitor atente para a expressão “quase imediatamente”, que não tem o mesmo sentido de “imediatamente”. Se a alma do animal reencarnasse imediatamente, não haveria motivo para o uso do advérbio “quase”.
Perguntaram certa vez ao conhecido escritor Celso Martins: “Na questão 600 do Livro dos Espíritos, os Espíritos esclarecem que o princípio  inteligente ainda vinculado à fase animal da evolução, após a desencarnação, é classificado pelos dirigentes espirituais e aproveitado quase imediatamente, sem entrar em relação com outras criaturas. Não é um espírito errante. No entanto, dentre outros autores espirituais, André Luiz nos dá notícia da existência de animais no mundo espiritual. Como explicar esse fato? Seriam esses animais plasmados pelos espíritos, como as plantas o são, segundo descrição de alguns autores daquele plano?”
Celso respondeu: “Kardec não podia dizer tudo de uma só vez. Até porque o mundo não entenderia, como não entende até hoje temas mais simples. A meu ver, André Luiz  apenas ampliou e aprofundou os assuntos quando a humanidade teve mais elementos na psicologia animal para entender a matéria”. (A entrevista completa pode ser lida na internet clicando-se em http://www.omensageiro.com.br/entrevistas/entrevista-58.htm.)
O ensino espírita é, por sua natureza, progressivo e não se fundamenta somente nas comunicações, mas igualmente na observação, fato que levou o Codificador a classificar o Espiritismo como ciência de observação.
Com respeito à presença de animais no plano espiritual os relatos são muitos e feitos por pessoas idôneas e capacitadas.
Na própria Revista Espírita, no número de maio de 1865, Kardec inseriu uma carta de um correspondente radicado em Dieppe, o qual alude à manifestação da cadelinha Mika, então desencarnada, fato esse que foi percebido pelo autor do relato, por sua mulher e por uma filha que dormia no quarto ao lado.
Comentando esse caso, o confrade Fausto Fabiano da Silva escreveu que tudo poderia ser bem simples, se déssemos alguma outra causa ao som que foi ouvido. Contudo, as palavras de um Espírito sobre o ocorrido, realizada em comunicação mediúnica, em 21 de abril de 1865, pelo médium Sr. E. Vézy, publicada no mesmo número da Revista Espírita, impõe-nos um novo rumo às conclusões, visto que esse Espírito disse textualmente: “A manifestação, portanto, pode ocorrer, mas é passageira...”.
Assim, a frase encontrada na questão 600 d´O Livro dos Espíritos, a respeito da alma de um animal ("Não lhe é dado tempo de entrar em relação com outras criaturas”) pode ser interpretada como uma tendência geral, e não como princípio absoluto e inflexível. (O texto do confrade Fausto pode ser lido na internet clicando-se em: http://www.portalespiritualista.org/artigos-revistas/949-os-animais-no-mundo-espiritual.)
Os casos relacionados com o assunto são inúmeros. Irvênia Prada cita em sua obra dois deles, um que se passou com Chico Xavier, outro com Divaldo Franco. O pesquisador espírita Ernesto Bozzano, autor do livro “A Alma nos Animais”, publicado, originalmente, em italiano, com o título Animali e manifestazioni metapsichici, em 1923, portanto, antes da série André Luiz, relata vários casos de almas de animais que foram vistas ou ouvidas por uma ou mais pessoas, valendo ressaltar que o Padre Germano, personagem principal do clássico Memórias do Padre Germano, tanto para Chico Xavier quanto para Divaldo Franco, sempre se apresentou, em espírito, acompanhado de seu cão e fiel amigo Sultão.
De igual modo, Chico Xavier, em carta enviada a Wantuil de Freitas, relatou ao então presidente da FEB o seguinte fato: "... Em 1939, o meu irmão José deixou-me um desses amigos fiéis (um cão). Chamava-se Lorde e fez-se meu companheiro, inclusive de preces, porque, à noite, postava-se junto a mim, em silêncio, ouvindo música. Em 1945, depois de longa enfermidade, veio a falecer. Mas no ultimo instante, vi o Espírito de meu irmão aproximar-se e arrebatá-lo ao corpo inerte e, durante alguns meses, quando o José, em espírito, vinha ter comigo, era sempre acompanhado por ele, que se me apresentava à visão espiritual com insignificante diferença. Atrevo-me a contar-te as minhas experiências, porque também passaste por essa dor de perder um cão leal e amigo. Geralmente, quando falamos na sobrevivência dos animais, muita gente sorri e nos endereça atitudes de piedade. Mas a vida é uma luz que se alarga para todos..." (“Testemunhos de Chico Xavier”, de Suely Caldas Schubert, pág. 283, 2ª edição.)
Verifica-se por todo o exposto que as informações contidas nas obras de André Luiz não são descrições delirantes, pois descrevem tão-somente o que em várias partes do mundo pôde ser observado, ou seja, que existem, sim, animais desencarnados no plano espiritual, embora sua reencarnação “quase imediata” constitua a regra.



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