CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
A carinha feliz transmitia força para quem a
olhasse. Deveras, o otimismo é um dos antídotos para todas as nuances do
pessimismo e para a falta de fé.
Completaria oito anos na próxima semana, e já
fazia três meses que estava em mais uma internação. Alice era uma garotinha bem
bacana, dona de uns olhinhos brilhosos cheios de expectativas para um futuro
harmonioso e com toda vida e alegria referentes à sua idade física e
espiritual.
Escrevia num caderno rosa e de capa dura todos
os seus desejos, mas não apenas os que gostaria de cumprir quando estivesse
curada, como a maioria das pessoas; os seus desejos escritos, já os colocava em
prática a cada amanhecer, quer estivesse em casa, na escola ou no hospital.
Ela os seguia à risca. Começava o dia com o mais
lindo sorriso; agradecia ao Pai a oportunidade de poder estar aqui, de viver;
era presença garantida para levar uma saudação às crianças mais frágeis na ala
infantil; apreciava sempre o lado mais benéfico da situação; na verdade, era um
anjo num corpinho de menina.
Os profissionais e até mesmo muitos pacientes
que a conheciam diziam que ela era a “Alice no país da alegria” e, assim, com
mais um sorriso, a garotinha os presenteava.
E os dias passavam; a sua luz mais intensa
ficava. É como se fosse uma lógica matemática: se beneficia alguém, de algum
modo será beneficiado. Quando se age com
maior desprendimento, maior o retorno natural de tudo o que é criado. Por isso,
é necessária a avaliação cotidiana do que se produz para o universo, pois,
certamente, ele nos devolverá.
Mas Alice era anjo, o que mais transbordava em
seu ser era a bondade, a leveza, o amor.
– Parabéns, Alice! – todos a cumprimentavam.
Imensa felicidade invadiu aquele ambiente.
Chegara o seu aniversário. Com exatidão, nesse dia tão aguardado, veio o
presente, enlaçado, com uma fita verde: a alta, por enquanto, para o seu
tratamento, ou seja, Alice podia ir para casa.
Seu sorriso era permanente. Já com as malinhas
prontas e mostrando a carequinha, a menina concluía mais uma etapa; não sabia
se estava curada ou precisaria de mais cuidados, o que importava era valorizar
cada dia vivido e quando se cria essa percepção, o hoje se transforma no mais
belo presente de todos.
Até no mais amplo lugar escuro, a luz de uma
fresta pequenina invade e se mantém viva. E Alice, no seu mundo, era luz para o
despertar de muitos que, com ela, caminhavam.
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