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sábado, 14 de setembro de 2013

Pérolas literárias (53)


Ricos, ouvi

Emílio de Menezes


Aflito peregrim(1), que na carne conservas
Cofre, arca, tesouro e riquezas humanas,
Converte em pão e luz pecúlios e reservas
Em prol de quem padece à míngua nas choupanas.

Criaturas, na Terra, existem como servas
Atadas ao grilhão da posse, em feras ganas,
No sinistro prazer das mentiras protervas,(2)
Aos priscos sonhos vis das ilusões vesanas.(3)

Ao homem que se esquece e jamais se vigia,
A fortuna mais alta é cárcere e desdouro...
Enriquece de amor a existência vazia.

Destruirás, desde agora, o ergástulo vindouro
Que encerra a alma infeliz nas raias da agonia,
Qual soterrado vivo em mausoléu de ouro.


(1) Peregrim - peregrino, aquele que peregrina, que faz peregrinação; romeiro,
(2) Proterva - impudente, petulante, insolente, descarada. 
(3) Vesana - demente, insensata, delirante; que revela vesânia.


Emílio de Menezes nasceu em Curitiba-PR em 4 de julho de 1866 e faleceu no Rio de Janeiro-RJ em 6 de junho de 1918. O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra psicografada por Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier.



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