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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Fora da caridade não há salvação

Reportando-se ao lema “Fora da caridade não há salvação”, um leitor pergunta-nos o que na doutrina espírita se entende por caridade.
Segundo o que pensamos, o conceito da palavra caridade, na visão espírita, é idêntico ao entendimento que Jesus tinha com respeito ao mesmo assunto; pelo menos é isso que está dito na questão n. 886 d´O Livro dos Espíritos, na qual Allan Kardec indagou: - Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus? Eis a resposta: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”.
Em nota colocada logo em seguida, Kardec diz que o amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, visto que amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejamos nos seja feito. Esse, o sentido da conhecida frase de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como irmãos”.
A caridade, como se vê, não se restringe à esmola, mas abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles supostamente inferiores, iguais ou superiores a nós.
Ela nos prescreve também a indulgência, porque de indulgência nós também precisamos, e nos proíbe que humilhemos os desafortunados, contrariamente ao que se costuma fazer. De fato; se se apresenta diante de nós uma pessoa rica ou famosa, todas as atenções e deferências lhe são dispensadas, diferentemente do que normalmente ocorre se ela for alguém destituído de recursos ou de fama.
Ora, quanto mais lastimosa for sua posição, tanto maior cuidado devemos ter em não lhe aumentarmos o infortúnio pela humilhação, porquanto o homem verdadeiramente bom procura elevar, aos seus próprios olhos, aquele que se encontra em posição de subalternidade, diminuindo assim a distância que os separa.
A caridade pode, pois, ser feita de várias formas – por pensamentos, por palavras e por ações – e se disfarça de mil modos.
Podemos ser caridosos até mesmo com os parentes e com os amigos, sendo indulgentes uns com os outros, perdoando-nos mutuamente as fraquezas e cuidando para não ferir o amor-próprio de ninguém.
Importante também, no tocante à chamada caridade material, que nos lembremos de uma conhecida advertência de Jesus. Disse-nos o Mestre: “Quando derdes esmola, não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita; a fim de que a esmola fique em segredo, e vosso Pai, que vê o que se passa em segredo, vos recompensará”.
Tais palavras significam que o bem que praticamos não deve ser divulgado nem constituir motivo de orgulho para aquele que o pratica. Fazer o bem sem ostentação e ocultar a mão que dá constituem marca incontestável de grande superioridade moral, visto que, agindo assim, a pessoa renuncia à satisfação que advém do testemunho dos homens e espera tão somente a aprovação de Deus. E tal ação se revela ainda mais sublime quando o benfeitor, invertendo os papéis, acha meios de parecer ser ele o beneficiado diante daquele a quem presta serviço, algo que Cairbar Schutel sabia fazer como ninguém.



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