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domingo, 22 de dezembro de 2013

Por que Jesus veio ao mundo?


A resposta à pergunta que dá título a este texto podemos encontrar em Isaías.
Segundo esse extraordinário profeta, Jesus viria ao mundo para fazer raiar a luz aos que se achavam na região da morte, dar crença aos que não a tinham, guiar os que se haviam perdido e se achavam desviados da estrada da vida e, finalmente, apresentar-se a todos como o modelo, o paradigma, o enviado de Deus, o único capacitado a legar a nós um ensino puro e perfeito. É daí que surgiria mais tarde a conhecida frase que o evangelista João lhe atribuiu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vai ao Pai senão por mim” (João, 14:6).
Descendo de Esfera Superior, Jesus surgiu entre os terráqueos, não entre sedas, mas em uma singela e tosca estrebaria.
Apresentando-se como o Messias anunciado pelos profetas da Antiguidade, foi recebido com desconfiança, até mesmo por João Batista, o precursor, que certa vez enviou dois emissários para saberem se ele era, realmente, o esperado Filho de Deus.
Iniciando a pregação do Reino do Céu, não conseguiu o entendimento imediato nem ao menos de seus discípulos, e desse modo exerceria seu ministério, entre incompreensões e desprezo, amargura e solidão.
Ninguém desconhece a extrema simplicidade, a completa humildade, a pobreza e a singeleza com que Jesus marcou sua presença em nosso planeta. Sem ter sequer onde reclinar a cabeça e sem nada possuir em termos materiais, cercou-se de pessoas incultas e reuniu em torno de si amigos rudes e iletrados de uma das regiões mais pobres pertencentes ao Império Romano.
Peregrino paupérrimo, sem bolsa nem cajado, jamais ocupou qualquer cátedra e, sem nada haver escrito, dividiu as eras terrestres em antes e depois dele, como ninguém jamais o fez, permanecendo para sempre como a maior presença, o mais alto marco, a mais elevada e imorredoura expressão de toda a história humana, em todas as épocas do mundo.
Um fato, contudo, digno de nota é que, apesar da resistência dos israelitas em reconhecê-lo como o Messias predito nas Escrituras, o povo que o escutava admirava sua doutrina porque percebia que ele ensinava como quem tinha autoridade, uma qualidade que não se destacava nas explanações feitas pelos escribas (Mateus, 7:28-29).
Com efeito, os escribas e os rabinos do mosaísmo costumavam ser muito minudentes na explanação dos cerimoniais e das práticas exteriores do culto, mas nunca haviam exposto verdades tão profundas nem lhe sensibilizaram os corações com tão expressivos apelos à retidão do caráter, à brandura, à caridade, à misericórdia, ao perdão, à tolerância e ao desapego dos bens terrenos, como Jesus fez no sermão do monte e em inúmeras outras ocasiões.
Como sábio educador que sempre foi, o Mestre recorria com frequência às parábolas a fim de melhor interessar e impressionar seus ouvintes. Esse recurso fez com que seus ensinamentos atingissem diretamente as mentes e os corações dos homens e, além disso, se perpetuassem na memória dos povos ao longo dos séculos.
Verdades transcendentais e importantes nos foram trazidas por Jesus e, assim, registradas nos Evangelhos.
O Mestre revelou-nos a amorosa paternidade do Deus Eterno, conscientizou-nos de sua onipotente bondade, de sua misericórdia e infalível justiça, de sua presença onímoda e perene, ensinando-nos a elevar até Ele a força do nosso pensamento e a confiar com filial devoção em sua infatigável providência.
Ao proclamar esta síntese da justiça que não falha  – “A cada um será dado segundo suas obras” –, o Cristianismo fiel às suas origens firma-se como a doutrina da moralização dos costumes e da ética em seus aspectos mais excelentes.
Longe de se constituir em uma nova seita ou um novo partido, é, em verdade, um código de moral que abrange o direito de todos e estabelece, ao mesmo tempo, a responsabilidade de cada indivíduo segundo as condições em que se encontra e a influência que exerce no seio da coletividade.
Para ser cristão, no verdadeiro sentido da palavra, é preciso, pois, acima de tudo, manter fidelidade a Deus, não apenas nos momentos de tranquilidade, mas sobretudo nas horas tormentosas, em que tudo parece desabar e perecer.
O divino legado de Jesus, que a Humanidade ainda não conseguiu entender, é o de um mundo feliz, de paz e de amor, sem injustiças nem opróbrios, sem miséria nem orfandade, sem crimes nem ódios, sem fratricídios e sem guerras.
No exercício de sua missão de amor, Jesus operou fenômenos considerados milagrosos; no entanto, as curas e os prodígios por ele realizados pertencem em sua maioria à ordem dos fenômenos psíquicos, ou seja, fenômenos que têm como causa primária as faculdades e os atributos da alma, razão pela qual muitos deles foram repetidos ao longo da história por indivíduos diversos, confirmando esta conhecida assertiva do Messias: “O que eu faço vós podeis fazer também, e muito mais”.
Espírito perfeito e sábio, Jesus operava prodígios aos olhos dos terrícolas ainda ignorantes, sem derrogar nenhuma lei da natureza. Manipulava os fluidos como lúcido conhecedor de suas propriedades e qualidades e, por isso, não há por que falar em milagres nas curas que operou.
O verdadeiro milagre de sua passagem pela Terra foi outro, ou seja, ter conseguido em pouco mais de três anos, sem nada haver escrito e vivendo numa das regiões mais pobres de sua época, modificar a face espiritual do mundo em que vivemos, o qual, desde então, divide a sua história em “antes” e “depois” do Cristo.



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