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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O morro do sorriso tranquilo

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
     
De baixo para cima, sem dúvida, a altura era majestosa e sua circunferência também não ficava a desejar. Era um morro eminente por sua geometria, por sua cobertura vegetal, pela incomparável árvore em seu topo, pelas inigualáveis flores miúdas e coloridas que se espalhavam sobre ele... sobre seu segredo.
Era imensurável o número de visitas a ele registrado. Olhos curiosos e brilhosos o observavam com a avaliação de supostos estudiosos, mas com o coração de homens simples em busca do entendimento das diversas formas de vida rumo ao progresso.
Alguns retiravam, com cuidado, alguns de seus raminhos para amigos ou parentes que, sem condições, não puderam participar; outros se colocavam em gesto respeitoso quando alcançavam o seu topo e muito mais na posição do alto conquistada. Cada alma ali presente demonstrava seu júbilo com grande reverência; cada espírito se mantinha mais calmo e feliz naquele morro tão em paz.
E esse movimento perdurava nos períodos matutinos e vespertinos, diminuía um pouco quando a noite determinada prevalecia por suas horas, ainda assim, havia os tão desesperados ou confiantes demais que o buscavam até no momento de predominância da lua.
Para os corações, o grande objetivo é sentir o amor que os amansa e põe-nos em estado apurado para valorizar a vida, compreendê-la e vivê-la com o seu maior e pleno sentido.
Muitas vezes, o homem ainda não domina seu instinto e o socorro exterior torna-se decisivo e acalenta, embora o curso natural seja o inverso. E lá, na paz do morro, muitos homens e mulheres, irmãos e pais, filhos e filhas em socorro buscavam a luz pacificadora para os seus corações aflitos. Lágrimas facilmente escorriam pelas faces necessitadas, umas mais que outras.
Olhos voltados para os céus, braços estendidos também para o infinito rogando força e encontro com a coerência de viver a preciosidade a nós concebida: a vida, criação suprema. Palavras sussurradas pelos lábios arrependidos; mentes que realizaram atos impensados agora em prece de contrição e amor; é assim o curso natural como o vento firme no alto do morro.
O coração precisa se amansar para aprender e, consequentemente, evoluir. E quando a alma se balsamizar de luz e se perpetuar para o estado em espírito, compreenderá definitivamente que não precisará de um morro para esse fim, mesmo que se justifique por sua concentração na natureza e sua altura para o infinito; no entanto, a centelha divina participa de todo ser vivo, como o é no próprio ser humano.
Para muitos, graças a Deus, os morros existem e estimulam milhares de almas a se reencontrarem com sua própria essência e a ouvirem a voz divina; para uma menor quantidade, aqui no Planeta, os morros já se transformaram em recolhimento e prece; caridade e amor; paz e progresso.
E assim a humanidade caminha, na verdade, com um único objetivo, o da conquista, mesmo que muito devagar, de sua ascensão com o esforço reconhecido na tão maravilhosa seara do bem amparada pelo amor, estado verdadeiro no qual a felicidade se eterniza.


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