Quando
lidamos com uma criança em tenra idade, dificilmente imaginamos para ela um
futuro que não seja pelo menos igual ao nosso. Jamais nos passa pela mente que
esse menino que hoje acalentamos, abraçamos e protegemos possa tornar-se amanhã
um marginal perigoso.
As notícias
veiculadas pela mídia mostram-nos, contudo, que tais coisas são possíveis e
soem acontecer em grande número no mundo em que vivemos.
Não é difícil
entender esse fato. Mundo de provas e expiações, a Terra não é, por enquanto,
morada de anjos. É uma escola, bendita como todas as escolas criadas por Deus,
onde se matriculam criaturas necessitadas, pessoas difíceis, almas fracas e
vacilantes, que necessitam por isso de forte estímulo para avançarem no caminho
da evolução.
As páginas
dos jornais retratam a vida de forma nua e crua.
Aqui, é o
jovem imaturo que, movido por sentimentos insondáveis, matou pai e mãe,
destruindo a paz do seu lar e a própria vida...
Ali, é o
filho de um homem admirado em todo o mundo que, seduzido pelas ilusões do
narcotráfico, trocou o lar pela penitenciária...
Acolá, é o
garoto que, baleado pelos próprios comparsas, foi lançado no frescor da idade a
uma cadeira de rodas, condenado à paraplegia...
Todos eles
foram crianças um dia. Alguns tiveram vida abastada, moravam em mansões,
ganhavam presentes caros. Outros nem tanto, mas a verdade é que o seu presente
e o seu futuro, pelo menos na atual existência, tornaram-se bem amargos.
*
Encontrava-me
assim pensando na vida, quando me veio às mãos uma mensagem bastante conhecida
escrita por Meimei pelas mãos de Chico Xavier, na qual a amorável educadora
interpreta os sentimentos da criança e apela para nós – nós que somos pais,
avós, professores e, com certeza, as únicas pessoas que podem auxiliá-la:
“Dizes que
sou o futuro.
Não me
desampares no presente.
Dizes que sou
a esperança da paz.
Não me
induzas à guerra.
Dizes que sou
a promessa do bem.
Não me
confies ao mal.
Dizes que sou
a luz dos teus olhos.
Não me
abandones às trevas.
Não espero
somente o teu pão.
Dá-me luz e
entendimento.
Não desejo
tão-só a festa de teu carinho.
Suplico-te
amor com que me eduques.
Não te rogo
apenas brinquedos.
Peço-te bons
exemplos e boas palavras.
Não sou
simples ornamento de teu caminho.
Sou alguém
que te bate à porta em nome de Deus.
Ensina-me o
trabalho e a humildade, o devotamento e o perdão.
Compadece-te
de mim e orienta-me para o que seja bom e justo...
Corrige-me
enquanto é tempo, ainda que eu sofra.”
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