Um leitor nos pergunta: Qual é o posicionamento
espírita no tocante à doação de órgãos? Com a pergunta, diz-nos o leitor ter
ouvido no meio espírita comentários tanto a favor como contra. Afinal, quem
está certo?
É bom explicar, inicialmente, que Allan Kardec não
tratou do tema doação de órgãos, uma prática impensável em sua época, e por
esse motivo não existe na Doutrina Espírita algo que nos fale sobre doação de
órgãos para fins de transplante.
Os autores espíritas posteriores a Kardec, tanto os
encarnados quanto os desencarnados, jamais se manifestaram contra a doação para
tal finalidade.
De fato, quando surgiram na Terra os primeiros casos
de transplante de coração houve quem entendesse que doar um órgão poderia
constituir um erro, porque, ao fazê-lo, a pessoa estaria interferindo
indevidamente no curso de uma prova que o beneficiário da doação teria de
enfrentar.
Essa ideia, absolutamente equivocada, não perdurou
muito tempo. Chico Xavier, por exemplo, respondendo a uma pergunta que lhe foi
feita na época, afirmou peremptoriamente que devemos, sim, doar os órgãos
prestantes a quem deles necessita, do mesmo modo que doamos uma roupa usada, um
calçado, um objeto qualquer a uma pessoa carente.
Dr. Jorge Andréa, conhecido autor e médico espírita,
também se posicionou na ocasião afirmando que os transplantes tinham vindo para
ficar e que nenhuma religião tem o direito de opor obstáculo às conquistas da
Ciência, sobretudo quando essa conquistas prolongam a vida e ampliam as
possibilidades de progresso da criatura humana.
Devemos ser, e certamente o somos, contrários, sim, às
práticas que levam à morte – como o aborto e a eutanásia, em todas as suas
formas. Mas jamais poderíamos, em nome do Espiritismo, desaprovar as práticas
que valorizam a vida, como o é a doação de órgãos, cientes da importância que o
processo reencarnatório tem na vida de todos nós.
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