Aquarela do Brasil
Ary Barroso
Brasil!
Meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos
meus versos
O Brasil, samba que
dá
Bamboleio, que faz
gingar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Pra mim! Pra
mim, pra mim
Ah! abre a cortina do
passado
Tira a mãe preta do
cerrado
Bota o rei congo no
congado
Brasil! Pra mim!
Deixa cantar de novo
o trovador
À merencória luz da
lua
Toda a canção do meu
amor
Quero ver a sá dona
caminhando
Pelos salões
arrastando
O seu vestido rendado
Brasil! Pra mim, pra
mim, pra mim!
Brasil!
Terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiscreto
O Brasil, samba que
dá
Bamboleio que faz
gingar
O Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Pra mim, pra
mim, pra mim
Oh! esse coqueiro que
dá coco
Onde eu amarro a
minha rede
Nas noites claras de
luar
Brasil! Pra mim
Ah! ouve estas fontes
murmurantes
Aonde eu mato a minha
sede
E onde a lua vem
brincar
Ah! esse Brasil lindo
e trigueiro
É o meu Brasil
brasileiro
Terra de samba e
pandeiro
Brasil! Pra mim, pra
mim! Brasil!
Brasil! Pra mim, pra
mim! Brasil! Brasil!
Glossário:
Aquarela – [Do it. ant. acquarello, atual acquerello.] Massa
com pigmento de várias cores, que se deve dissolver em água para reduzi-la à
tinta. Técnica de pintura sobre papel em que se emprega essa tinta, permitindo
um meio de expressão delicado e transparente de difícil execução, uma vez que o
aquarelista deve trabalhar rapidamente, sem se deter em minúcias e sem poder
sobrepor a tinta para retoques. A pintura feita com essa técnica. Fig. Visão
alegre ou otimista de uma época, uma situação, um lugar, etc. [Forma paralela:
aguarela.]
Cerrado – Terreno cercado ou murado. Bras. Tipo de vegetação
caracterizado por árvores baixas, retorcidas, em geral dotadas de casca grossa
e suberosa, espaçadas, e que leva por baixo tapete de gramíneas. Ocorre no
Planalto Central Brasileiro, na Amazônia, em parte do Nordeste, e muito pouco
no Sul. Bras. Terreno, ordinariamente plano, com esse tipo de
vegetação e longos períodos de seca; campo cerrado, cerradão, cerradal.
Congado – O mesmo que congada. Bailado dramático em que os
figurantes representam, entre cantos e danças, a coroação de um rei do Congo.
Congo – Designação genérica de escravo banto dos antigos
reinos do Congo e do Cacongo.
Inzoneiro – Bras.
Pop. Mexeriqueiro, intrigante;
mentiroso. Sonso; manhoso.
Merencória – Melancólica.
Sestrosa (lê-se sestrósa) – Feminino de sestroso.
Sestroso (lê-se sestrôso) – Que tem sestro; manhoso, ronhoso.
Esperto, vivo, sagaz, serelepe.
Bras. Gír. Dado à capoeiragem.
Trigueiro – Que tem a cor do trigo maduro; moreno, bistrado;
triguenho. Referente ou semelhante ao
trigo; triguenho. Indivíduo trigueiro.
Você pode ouvir a canção acima, na voz de um dos
intérpretes abaixo, clicando no link respectivo:
Gal Costa - https://www.youtube.com/watch?v=CA7N-CsY1os
Toquinho - https://www.youtube.com/watch?v=9KAZXO5UbnU
Emílio Santiago - https://www.youtube.com/watch?v=XkfbcrxMTbw
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