Páginas

segunda-feira, 9 de junho de 2014

As mais lindas canções que ouvi (91)


Aquarela do Brasil

Ary Barroso


Brasil!
Meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Pra mim! Pra mim, pra mim

Ah! abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Brasil! Pra mim!
Deixa cantar de novo o trovador
À merencória luz da lua
Toda a canção do meu amor
Quero ver a sá dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil! Pra mim, pra mim, pra mim!

Brasil!
Terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiscreto
O Brasil, samba que dá
Bamboleio que faz gingar
O Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Pra mim, pra mim, pra mim

Oh! esse coqueiro que dá coco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil! Pra mim
Ah! ouve estas fontes murmurantes
Aonde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar
Ah! esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil! Pra mim, pra mim! Brasil!
Brasil! Pra mim, pra mim! Brasil! Brasil!


Glossário:

Aquarela – [Do it. ant. acquarello, atual acquerello.] Massa com pigmento de várias cores, que se deve dissolver em água para reduzi-la à tinta. Técnica de pintura sobre papel em que se emprega essa tinta, permitindo um meio de expressão delicado e transparente de difícil execução, uma vez que o aquarelista deve trabalhar rapidamente, sem se deter em minúcias e sem poder sobrepor a tinta para retoques. A pintura feita com essa técnica. Fig. Visão alegre ou otimista de uma época, uma situação, um lugar, etc. [Forma paralela: aguarela.]
Cerrado – Terreno cercado ou murado. Bras. Tipo de vegetação caracterizado por árvores baixas, retorcidas, em geral dotadas de casca grossa e suberosa, espaçadas, e que leva por baixo tapete de gramíneas. Ocorre no Planalto Central Brasileiro, na Amazônia, em parte do Nordeste, e muito pouco no Sul.  Bras.  Terreno, ordinariamente plano, com esse tipo de vegetação e longos períodos de seca; campo cerrado, cerradão, cerradal.
Congado – O mesmo que congada. Bailado dramático em que os figurantes representam, entre cantos e danças, a coroação de um rei do Congo.
Congo – Designação genérica de escravo banto dos antigos reinos do Congo e do Cacongo. 
Inzoneiro – Bras.  Pop.  Mexeriqueiro, intrigante; mentiroso. Sonso; manhoso. 
Merencória – Melancólica.
Sestrosa (lê-se sestrósa) – Feminino de sestroso.
Sestroso (lê-se sestrôso) – Que tem sestro; manhoso, ronhoso. Esperto, vivo, sagaz, serelepe.  Bras.  Gír.  Dado à capoeiragem.
Trigueiro – Que tem a cor do trigo maduro; moreno, bistrado; triguenho.  Referente ou semelhante ao trigo; triguenho.  Indivíduo trigueiro.

Você pode ouvir a canção acima, na voz de um dos intérpretes abaixo, clicando no link respectivo:



Nenhum comentário:

Postar um comentário