CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
Percebi, com
lágrimas nos olhos, a alegria de alguns animais. Esses sem opção e defesa
passaram, quase toda uma existência, confinados, em um local sem luz de ambas
as formas. Doaram tudo o que podiam a seu dono, todo o leite de uma vida,
restaram apenas a solidão dos dias, a sua exclusão da natureza, do brilho do
sol, do vento manso e refrescante, dos pingos de chuva, da energia da vida; isso
pelo egoísmo de seu irmão maior, um homem, e agora, pela fraqueza e velhice,
eram descartados, conduzidos para o abate a fim de desocuparem o lugar.
No entanto, há
sempre a conclusão de ciclos e novos momentos também nascem criando
possibilidades novas junto de pessoas, cujo amor já é energia num grau mais
elevado; essas pessoas aparecem, encaminhadas, por mãos guiadoras e bondosas
para o socorro de irmãos menores e desprotegidos.
E portas são abertas
para a luz chegar e iluminar os olhos dos que luz quase não conheciam.
São pequeninos ainda
no seu desenvolvimento, mas com a sede da liberdade, sentimento que deveria ser
igualitário a todos... no entanto, de acordo com os estágios, um dia será.
E aqueles animais,
confinados, bem no término de sua existência ganharam a paz, refrigério para os
poucos luares da natureza plena, da tão magnânima oportunidade de vida que
contemplariam, mas ainda assim poderiam admirar e viver como criaturas
integrantes que são. Eles agora foram comprados por alguns irmãos amorosos para
simplesmente se emanciparem pela relva verdinha da liberdade dos dias.
Quando a porteira do
confinamento, tristeza do ser que viveu quase toda a sua existência, se abriu,
os irmãos menores saíram sem imaginar tudo o que podiam fazer. Pularam como a
criança que se aproxima do parque no fim de tarde; alegraram-se como a pessoa
que encontra o seu ser amado; celebraram como as flores que recebem a chuva
depois de um longo tempo de estiagem; choraram fazendo a lágrima da felicidade
apagar a da tristeza de uma vivência quase por completa.
E por receberem essa
luz, o que mais se presenciava naquele pasto de recomeço era a expansividade da
energia abençoada da vida. E sentiriam o brilho do sol e o refresco da noite; o
frio do inverno e a bonança do outono; veriam as flores na primavera e
sentiriam o calor vivo do verão.
Pulavam, aqueles
lindos e agora pueris animais, por tanto júbilo do momento. Sim, agora terão os
prados a correr e poderão, com toda a leveza do contentamento, aproveitar a
liberdade do alvorecer até o último raio do sol; do presente até o derradeiro
suspiro que será leve, em paz, como poderia ter sido.
A liberdade deveria
ser dádiva para todos, homens e animais; no entanto, infelizmente, ainda há a
lei do mais forte... que oprime, que coage, que humilha e que priva o seu
próximo da leveza de viver livre seja na forma física, emocional ou espiritual.
Quem prejudica
também é prejudicado;
quem prende se vê
preso;
quem maltrata nunca
é bem tratado;
mas quem ama é amado
e traz luz aos corações;
quem ajuda é
inteiramente amparado;
quem faz o bem
também recebe a mesma energia.
A lei é justa em
todos os aspectos.
Então, que o amor
seja operante favorecendo os melhores frutos para a felicidade e o progresso do
mundo. E essa mesma lei é tão clara quando apresenta as opções e oportunidades
de no lugar do próximo se posicionar, verificando, assim, que o que fere o
próximo pode também nos ferir e o que ao outro beneficia também pode nos trazer
o bem.
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