Demos
sequência ontem à noite, no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), ao
estudo da obra Ação e Reação, escrita
por André Luiz, por intermédio do médium Francisco Cândido Xavier, e publicada
em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o texto
que serviu de base ao estudo realizado:
Questões para debate
A. Que
significa a palavra “carma”?
B. É certo
dizer que nós somos simples usufrutuários dos bens que possuímos?
C. Como
definir o “bem” e o “mal”?
Texto para leitura
38. O que significa o "carma"
– André estava encantado com o Ministro. De todos os numerosos Instrutores com
quem convivera, até então, nenhum lhe trouxera ao espírito aquele amálgama de
enlevo e carinho, admiração e respeito que lhe assomava ao sentimento. Enquanto
Sânzio falava, cintilações roxo-prateadas nimbavam-lhe a cabeça, mas não era a
sua dignidade exterior que o fascinava. Era o caricioso magnetismo que ele
sabia exteriorizar. Não podendo governar a comoção, lágrimas ardentes rolaram,
então, pela face de André, que perguntava sem palavras: "De onde vinha,
Senhor, aquele vulto tão ilustre, mas, apesar disso, tão simples d’alma? onde
conhecera eu aqueles olhos belos e límpidos? em que lugar lhe recebera, um dia,
o orvalho de amor divino, assim como o verme na caverna sente a bênção do calor
do Sol?" O Ministro percebeu a emotividade de André, que lhe pediu
dissesse algo acerca do "carma". Sânzio respondeu: "Sim, o
`carma', expressão vulgarizada entre os hindus, que em sânscrito quer dizer
ação, a rigor, designa causa e efeito, uma vez que toda ação ou movimento
deriva de causa ou impulsos anteriores. Para nós expressará a conta de cada um,
englobando os créditos e os débitos que, em particular, nos digam respeito. Por
isso mesmo, há conta dessa natureza, não apenas catalogando e definindo
individualidades, mas também povos e raças, estados e instituições". O
Ministro fez uma pausa e continuou: "Para melhor entender o `carma' ou
‘conta do destino criada por nós mesmos', convém lembrar que o Governo da Vida
possui igualmente o seu sistema de contabilidade, a se lhe expressar no
mecanismo de justiça inalienável. Se no círculo das atividades terrenas qualquer
organização precisa estabelecer um regime de contas para basear as tarefas que
lhe falem à responsabilidade, a Casa de Deus, que é todo o Universo, não
viveria igualmente sem ordem". Na sequência, Sânzio informou que a
Administração Divina dispõe de sábios departamentos para relacionar, conservar,
comandar e engrandecer a Vida Cósmica, tudo pautando dentro do mais amplo amor
e da mais criteriosa justiça. (Capítulo 7, pp. 86 e 87)
39. Somos simples usufrutuários dos bens de
que dispomos – O Ministro informou que, assim como nas regiões celestes
de cada orbe fulguram os gênios angélicos, encarregados do rendimento e da
beleza, do aprimoramento e da ascensão da Obra Excelsa, com ministérios
apropriados à concessão de empréstimos e moratórias, créditos especiais e
recursos extraordinários a todos os Espíritos que os mereçam, nas regiões
atormentadas, como aquela em que se encontravam, havia poderes competentes para
promover a cobrança e a fiscalização, o reajustamento e a recuperação de
quantos se fazem devedores complicados ante a Divina Justiça. "As
religiões na Terra, por esse motivo –
disse o Ministro – , procederam acertadamente, localizando o Céu nas
esferas superiores e situando o Inferno nas zonas inferiores, porquanto, nas
primeiras, encontramos a crescente glorificação do Universo e, nas segundas, a
purgação e a regeneração indispensáveis à vida, para que a vida se acrisole e
se eleve ao fulgor dos cimos." Depois, após afirmar que todos os valores
da vida, desde as mais remotas constelações à mais ínfima partícula subatômica,
pertencem a Deus, Sânzio lembrou que "somos simples usufrutuários da
Natureza que consubstancia os tesouros do Senhor, com responsabilidade em todos
os nossos atos, desde que já possuamos algum discernimento". "Patrimônios
materiais e riquezas da inteligência, processos e veículos de manifestação,
tempo e forma, afeições e rótulos honoríficos de qualquer procedência são de
propriedade do Todo-Misericordioso, que no-los concede a título precário, a fim
de que venhamos a utilizá-los no aprimoramento de nós mesmos, marchando nas
largas linhas da experiência, de modo a entrarmos na posse definitiva dos
valores eternos, sintetizados no Amor e na Sabedoria com que, em futuro remoto,
Lhe retrataremos a Glória Soberana." Ao ouvir tais palavras, André
lembrou-se de como o homem conceitua erradamente a vida na Terra, ávido de
posses, terras, casas, títulos e favores... O Ministro, registrando-lhe os
pensamentos, comentou: "Realmente, no mundo, o homem inteligente deve
estar farto de saber que todo conceito de propriedade exclusiva não passa de
simples suposição. Por empréstimo, sim, todos os valores da existência lhe são
adjudicados pela Providência Divina, por determinado tempo, uma vez que a morte
funciona como juiz inexorável, transferindo os bens de certas mãos para outras
e marcando com inequívoca exatidão o proveito que cada Espírito extrai das
vantagens e concessões que lhe foram entregues pelos Agentes da Infinita
Bondade". (Capítulo 7, pp. 87 a 89)
40. Diferenças entre o bem e o mal –
Sânzio esclareceu, ainda, que no uso ou no abuso das reservas da vida, que
representam a eterna Propriedade de Deus, cada alma cria na própria consciência
os créditos e os débitos que lhe atrairão inelutavelmente as alegrias e as
dores, as facilidades e os obstáculos do caminho. "Quanto mais amplitude
em nossos conhecimentos, mais responsabilidade em nossas ações", asseverou
o Ministro. Nesse ponto da conversação, Hilário perguntou ao Instrutor amigo o
que devemos entender como sendo o "bem" e o "mal". Sânzio
foi direto ao assunto: "O bem, meu amigo, é o progresso e a felicidade, a
segurança e a justiça para todos os nossos semelhantes e para todas as
criaturas de nossa estrada, aos quais devemos empenhar as conveniências de
nosso exclusivismo, mas sem qualquer constrangimento por parte de ordenações
puramente humanas, que nos colocariam em falsa posição no serviço, por atuarem
de fora para dentro, gerando, muitas vezes, em nosso cosmo interior, para nosso
prejuízo, a indisciplina e a revolta". "O bem será, desse modo –
completou o Ministro –, nossa decidida cooperação com a Lei, a favor de todos,
ainda mesmo que isso nos custe a renunciação mais completa, visto não
ignorarmos que, auxiliando a Lei do Senhor e agindo de conformidade com ela,
seremos por ela ajudados e sustentados no campo dos valores imperecíveis. E o
mal será sempre representado por aquela triste vocação do bem unicamente para
nós mesmos, a expressar-se no egoísmo e na vaidade, na insensatez e no orgulho
que nos assinalam a permanência nas linhas inferiores do espírito." Após
ligeira pausa, o Instrutor observou que possuímos em Jesus o paradigma do
Eterno Bem sobre a Terra. "Tendo dado tudo de si, em benefício dos outros
– lembrou Sânzio –, não hesitou em aceitar o supremo sacrifício no auxílio a
todos, para que o bem de todos prevalecesse, ainda mesmo que a ele, em
particular, se reservassem a incompreensão e o sofrimento, a flagelação e a
morte." Na sequência, o Benfeitor atendeu a uma dúvida de André,
relativamente aos sinais cármicos que trazemos em nós. Ele comparou então a
esfera humana ao reino vegetal. Ora, assim como cada planta produz na época
própria, segundo a sua espécie, cada alma estabelece para si mesma as
circunstâncias felizes ou infelizes em que se encontra, conforme as ações que
pratique, através de seus sentimentos, ideias e decisões na peregrinação
evolutiva. "A planta, de começo, jaz encerrada no embrião, e o destino, ao
princípio de cada nova existência, está guardado na mente", asseverou o
Ministro. Ao contrário da planta, porém, que é uma crisálida de consciência,
que dorme largos milênios, rigidamente presa aos princípios da genética vulgar
que lhe impõe os caracteres dos antepassados, a alma humana é uma consciência
formada que retrata em si as leis que governam a vida. (Capítulo 7, pp. 89 a
92)
Respostas às questões propostas
A. Que significa a palavra “carma”?
Expressão
vulgarizada entre os hindus, carma, que em sânscrito quer dizer ação,
compreende causa e efeito, uma vez que toda ação ou movimento deriva de causa ou
impulsos anteriores. Para nós, expressa a conta de cada um, englobando os
créditos e os débitos que, em particular, nos digam respeito. Por isso mesmo,
há conta dessa natureza, não apenas catalogando e definindo individualidades,
mas também povos e raças, estados e instituições. (Ação e Reação, cap. 7, pp. 86 e 87.)
B. É certo dizer que nós somos simples
usufrutuários dos bens que possuímos?
Sim. Todos os
valores da vida, desde as mais remotas constelações à mais ínfima partícula
subatômica, pertencem a Deus. Patrimônios materiais e riquezas da inteligência,
processos e veículos de manifestação, tempo e forma, afeições e rótulos
honoríficos de qualquer procedência são de propriedade do Todo-Misericordioso,
que no-los concede a título precário, a fim de que venhamos a utilizá-los no
aprimoramento de nós mesmos, marchando nas largas linhas da experiência, de
modo a entrarmos na posse definitiva dos valores eternos, sintetizados no Amor
e na Sabedoria com que, em futuro remoto, Lhe retrataremos a Glória Soberana. (Obra citada, cap. 7, pp. 87 a 89.)
C. Como definir o “bem” e o “mal”?
Eis o que o
Ministro Sânzio disse a respeito: "O bem, meu amigo, é o progresso e a
felicidade, a segurança e a justiça para todos os nossos semelhantes e para
todas as criaturas de nossa estrada, aos quais devemos empenhar as
conveniências de nosso exclusivismo, mas sem qualquer constrangimento por parte
de ordenações puramente humanas, que nos colocariam em falsa posição no
serviço, por atuarem de fora para dentro, gerando, muitas vezes, em nosso cosmo
interior, para nosso prejuízo, a indisciplina e a revolta". "O bem
será, desse modo – completou o Ministro –, nossa decidida cooperação com a Lei,
a favor de todos, ainda mesmo que isso nos custe a renunciação mais completa,
visto não ignorarmos que, auxiliando a Lei do Senhor e agindo de conformidade
com ela, seremos por ela ajudados e sustentados no campo dos valores
imperecíveis. E o mal será sempre representado por aquela triste vocação do bem
unicamente para nós mesmos, a expressar-se no egoísmo e na vaidade, na
insensatez e no orgulho que nos assinalam a permanência nas linhas inferiores
do espírito." (Obra citada, cap. 7,
pp. 89 a
92.)
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