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quarta-feira, 30 de julho de 2014

Somos simples usufrutuários dos bens que possuímos



Demos sequência ontem à noite, no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), ao estudo da obra Ação e Reação, escrita por André Luiz, por intermédio do médium Francisco Cândido Xavier, e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o texto que serviu de base ao estudo realizado:

Questões para debate

A. Que significa a palavra “carma”?
B. É certo dizer que nós somos simples usufrutuários dos bens que possuímos?
C. Como definir o “bem” e o “mal”?

Texto para leitura

37. A dor e o homem – Alzira, em lágrimas de jubiloso reconhecimento, osculou a destra do Ministro e afastou-se. A cena emocionou, profundamente, a André, que sentiu que o incomensurável amor de Deus semeia a esperança e a alegria até nas regiões infernais do crime, do mesmo modo que faz nascer rosas de beleza e perfume no seio dos sarçais. A seguir, o Ministro atendeu Madalena e Sílvia, que, autorizadas por Druso, lhe imploraram a intercessão para que seus esposos fossem atendidos naquela Casa. Sânzio acolheu-lhes as súplicas, determinando o recolhimento de ambos os infelizes e prometendo facilitar-lhes a reencarnação para breve. André e Hilário puderam, então, aproximar-se do Ministro, a quem –  após exporem a finalidade de seus estudos na Mansão –  perguntaram sobre a dor e sua função na vida humana. "A dor, sim, a dor..." –  murmurou o grande mensageiro, acrescentando: "Estudo-a, igualmente, filhos meus. Sou funcionário humilde dos abismos. Trago comigo a penúria e a desolação de muitos. Conheço irmãos nossos, portadores do estigma de padecimentos atrozes, que se encontram animalizados, há séculos, nos despenhadeiros infernais; entretanto, cruzando as trevas densas, embora o enigma da dor me dilacere o coração, nunca surpreendi criatura alguma esquecida pela Divina Bondade". (Capítulos 6 e 7, pp. 83 a 86)

38. O que significa o "carma" – André estava encantado com o Ministro. De todos os numerosos Instrutores com quem convivera, até então, nenhum lhe trouxera ao espírito aquele amálgama de enlevo e carinho, admiração e respeito que lhe assomava ao sentimento. Enquanto Sânzio falava, cintilações roxo-prateadas nimbavam-lhe a cabeça, mas não era a sua dignidade exterior que o fascinava. Era o caricioso magnetismo que ele sabia exteriorizar. Não podendo governar a comoção, lágrimas ardentes rolaram, então, pela face de André, que perguntava sem palavras: "De onde vinha, Senhor, aquele vulto tão ilustre, mas, apesar disso, tão simples d’alma? onde conhecera eu aqueles olhos belos e límpidos? em que lugar lhe recebera, um dia, o orvalho de amor divino, assim como o verme na caverna sente a bênção do calor do Sol?" O Ministro percebeu a emotividade de André, que lhe pediu dissesse algo acerca do "carma". Sânzio respondeu: "Sim, o `carma', expressão vulgarizada entre os hindus, que em sânscrito quer dizer ação, a rigor, designa causa e efeito, uma vez que toda ação ou movimento deriva de causa ou impulsos anteriores. Para nós expressará a conta de cada um, englobando os créditos e os débitos que, em particular, nos digam respeito. Por isso mesmo, há conta dessa natureza, não apenas catalogando e definindo individualidades, mas também povos e raças, estados e instituições". O Ministro fez uma pausa e continuou: "Para melhor entender o `carma' ou ‘conta do destino criada por nós mesmos', convém lembrar que o Governo da Vida possui igualmente o seu sistema de contabilidade, a se lhe expressar no mecanismo de justiça inalienável. Se no círculo das atividades terrenas qualquer organização precisa estabelecer um regime de contas para basear as tarefas que lhe falem à responsabilidade, a Casa de Deus, que é todo o Universo, não viveria igualmente sem ordem". Na sequência, Sânzio informou que a Administração Divina dispõe de sábios departamentos para relacionar, conservar, comandar e engrandecer a Vida Cósmica, tudo pautando dentro do mais amplo amor e da mais criteriosa justiça.  (Capítulo 7, pp. 86 e 87)

39. Somos simples usufrutuários dos bens de que dispomos – O Ministro informou que, assim como nas regiões celestes de cada orbe fulguram os gênios angélicos, encarregados do rendimento e da beleza, do aprimoramento e da ascensão da Obra Excelsa, com ministérios apropriados à concessão de empréstimos e moratórias, créditos especiais e recursos extraordinários a todos os Espíritos que os mereçam, nas regiões atormentadas, como aquela em que se encontravam, havia poderes competentes para promover a cobrança e a fiscalização, o reajustamento e a recuperação de quantos se fazem devedores complicados ante a Divina Justiça. "As religiões na Terra, por esse motivo –  disse o Ministro – , procederam acertadamente, localizando o Céu nas esferas superiores e situando o Inferno nas zonas inferiores, porquanto, nas primeiras, encontramos a crescente glorificação do Universo e, nas segundas, a purgação e a regeneração indispensáveis à vida, para que a vida se acrisole e se eleve ao fulgor dos cimos." Depois, após afirmar que todos os valores da vida, desde as mais remotas constelações à mais ínfima partícula subatômica, pertencem a Deus, Sânzio lembrou que "somos simples usufrutuários da Natureza que consubstancia os tesouros do Senhor, com responsabilidade em todos os nossos atos, desde que já possuamos algum discernimento". "Patrimônios materiais e riquezas da inteligência, processos e veículos de manifestação, tempo e forma, afeições e rótulos honoríficos de qualquer procedência são de propriedade do Todo-Misericordioso, que no-los concede a título precário, a fim de que venhamos a utilizá-los no aprimoramento de nós mesmos, marchando nas largas linhas da experiência, de modo a entrarmos na posse definitiva dos valores eternos, sintetizados no Amor e na Sabedoria com que, em futuro remoto, Lhe retrataremos a Glória Soberana." Ao ouvir tais palavras, André lembrou-se de como o homem conceitua erradamente a vida na Terra, ávido de posses, terras, casas, títulos e favores... O Ministro, registrando-lhe os pensamentos, comentou: "Realmente, no mundo, o homem inteligente deve estar farto de saber que todo conceito de propriedade exclusiva não passa de simples suposição. Por empréstimo, sim, todos os valores da existência lhe são adjudicados pela Providência Divina, por determinado tempo, uma vez que a morte funciona como juiz inexorável, transferindo os bens de certas mãos para outras e marcando com inequívoca exatidão o proveito que cada Espírito extrai das vantagens e concessões que lhe foram entregues pelos Agentes da Infinita Bondade". (Capítulo 7, pp. 87 a 89)

40. Diferenças entre o bem e o mal – Sânzio esclareceu, ainda, que no uso ou no abuso das reservas da vida, que representam a eterna Propriedade de Deus, cada alma cria na própria consciência os créditos e os débitos que lhe atrairão inelutavelmente as alegrias e as dores, as facilidades e os obstáculos do caminho. "Quanto mais amplitude em nossos conhecimentos, mais responsabilidade em nossas ações", asseverou o Ministro. Nesse ponto da conversação, Hilário perguntou ao Instrutor amigo o que devemos entender como sendo o "bem" e o "mal". Sânzio foi direto ao assunto: "O bem, meu amigo, é o progresso e a felicidade, a segurança e a justiça para todos os nossos semelhantes e para todas as criaturas de nossa estrada, aos quais devemos empenhar as conveniências de nosso exclusivismo, mas sem qualquer constrangimento por parte de ordenações puramente humanas, que nos colocariam em falsa posição no serviço, por atuarem de fora para dentro, gerando, muitas vezes, em nosso cosmo interior, para nosso prejuízo, a indisciplina e a revolta". "O bem será, desse modo – completou o Ministro –, nossa decidida cooperação com a Lei, a favor de todos, ainda mesmo que isso nos custe a renunciação mais completa, visto não ignorarmos que, auxiliando a Lei do Senhor e agindo de conformidade com ela, seremos por ela ajudados e sustentados no campo dos valores imperecíveis. E o mal será sempre representado por aquela triste vocação do bem unicamente para nós mesmos, a expressar-se no egoísmo e na vaidade, na insensatez e no orgulho que nos assinalam a permanência nas linhas inferiores do espírito." Após ligeira pausa, o Instrutor observou que possuímos em Jesus o paradigma do Eterno Bem sobre a Terra. "Tendo dado tudo de si, em benefício dos outros – lembrou Sânzio –, não hesitou em aceitar o supremo sacrifício no auxílio a todos, para que o bem de todos prevalecesse, ainda mesmo que a ele, em particular, se reservassem a incompreensão e o sofrimento, a flagelação e a morte." Na sequência, o Benfeitor atendeu a uma dúvida de André, relativamente aos sinais cármicos que trazemos em nós. Ele comparou então a esfera humana ao reino vegetal. Ora, assim como cada planta produz na época própria, segundo a sua espécie, cada alma estabelece para si mesma as circunstâncias felizes ou infelizes em que se encontra, conforme as ações que pratique, através de seus sentimentos, ideias e decisões na peregrinação evolutiva. "A planta, de começo, jaz encerrada no embrião, e o destino, ao princípio de cada nova existência, está guardado na mente", asseverou o Ministro. Ao contrário da planta, porém, que é uma crisálida de consciência, que dorme largos milênios, rigidamente presa aos princípios da genética vulgar que lhe impõe os caracteres dos antepassados, a alma humana é uma consciência formada que retrata em si as leis que governam a vida. (Capítulo 7, pp. 89 a 92)

Respostas às questões propostas

A. Que significa a palavra “carma”?
Expressão vulgarizada entre os hindus, carma, que em sânscrito quer dizer ação, compreende causa e efeito, uma vez que toda ação ou movimento deriva de causa ou impulsos anteriores. Para nós, expressa a conta de cada um, englobando os créditos e os débitos que, em particular, nos digam respeito. Por isso mesmo, há conta dessa natureza, não apenas catalogando e definindo individualidades, mas também povos e raças, estados e instituições. (Ação e Reação, cap. 7, pp. 86 e 87.)

B. É certo dizer que nós somos simples usufrutuários dos bens que possuímos?
Sim. Todos os valores da vida, desde as mais remotas constelações à mais ínfima partícula subatômica, pertencem a Deus. Patrimônios materiais e riquezas da inteligência, processos e veículos de manifestação, tempo e forma, afeições e rótulos honoríficos de qualquer procedência são de propriedade do Todo-Misericordioso, que no-los concede a título precário, a fim de que venhamos a utilizá-los no aprimoramento de nós mesmos, marchando nas largas linhas da experiência, de modo a entrarmos na posse definitiva dos valores eternos, sintetizados no Amor e na Sabedoria com que, em futuro remoto, Lhe retrataremos a Glória Soberana. (Obra citada, cap. 7, pp. 87 a 89.)

C. Como definir o “bem” e o “mal”?
Eis o que o Ministro Sânzio disse a respeito: "O bem, meu amigo, é o progresso e a felicidade, a segurança e a justiça para todos os nossos semelhantes e para todas as criaturas de nossa estrada, aos quais devemos empenhar as conveniências de nosso exclusivismo, mas sem qualquer constrangimento por parte de ordenações puramente humanas, que nos colocariam em falsa posição no serviço, por atuarem de fora para dentro, gerando, muitas vezes, em nosso cosmo interior, para nosso prejuízo, a indisciplina e a revolta". "O bem será, desse modo – completou o Ministro –, nossa decidida cooperação com a Lei, a favor de todos, ainda mesmo que isso nos custe a renunciação mais completa, visto não ignorarmos que, auxiliando a Lei do Senhor e agindo de conformidade com ela, seremos por ela ajudados e sustentados no campo dos valores imperecíveis. E o mal será sempre representado por aquela triste vocação do bem unicamente para nós mesmos, a expressar-se no egoísmo e na vaidade, na insensatez e no orgulho que nos assinalam a permanência nas linhas inferiores do espírito." (Obra citada, cap. 7, pp. 89 a 92.)


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