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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Pílulas gramaticais (127)



Qual é o certo: raios X, raio X ou raio-X?
Veja o que, a respeito do assunto, lemos no blog Assim mesmo (http://letratura.blogspot.com.br/2010/05/raios-xraios-x.html):

«Minúsculos germes portadores de vida, pairando em nuvens pelas galáxias, tinham sido tocados por raios especiais de um Sol moribundo e tinham-se transformado num monstro colossal que se alimentava de raios X e que aterrorizava as carreiras de tráfego regular entre a Terra e Marte» (O Jardim de Cimento, Ian McEwan. Tradução de Cristina Ferreira de Almeida e revisão de Eda Lyra. Lisboa: Gradiva, 4.ª ed., 2005, p. 34).
Não é raro ver grafado com hífen: raios-X. Mas reparem na distinção que faz Sacconi, autor do novíssimo dicionário já aqui referido: «Existe um inconveniente nesse título [«Visão de raio X»] dado pela ISTOÉ a uma carta de um de seus leitores. É preciso estabelecer a diferença entre raio-X e raios X. Raio-X (obrigatoriamente com hífen) é a fotografia ou o exame feito por meio de raios X. Quem já não precisou tirar um raio-X dos pulmões? Já raios X (sem hífen) é o nome que se dá à radiação eletromagnética não luminosa, capaz de atravessar quase todos os sólidos e radiografá-los internamente. Sendo assim, o título acima deveria ser este, se observada a diferença: Visão de raios X.» Os nossos dicionários não acolhem esta distinção, apenas registam raios X.

Temos, então, como corretas as expressões: raios X e raio-X. Não existe a forma raio X.
A dúvida está em que situações devemos usar uma e outra.
Independentemente de ter sido proposta no dicionário do Sacconi, mencionado no blog Assim mesmo, é importante lembrar que existe uma regra clara para isso, e nada mudou com o novo Acordo Ortográfico que entrou em vigor no mês de janeiro de 2009.
A regra diz que na formação de palavras compostas por justaposição (criado-mudo, ferro-velho etc.) usa-se hífen quando as palavras usadas nessa formação "perdem" o significado original e dão, com a justaposição, origem a uma "palavra" com sentido diferente do significado das partes que a compõem.
Tratamos desse assunto na seção "Questões vernáculas" da edição 307 da revista “O Consolador”, como o leitor pode conferir em http://www.oconsolador.com.br/ano7/307/questoesvernaculas.html
    O caso de raio-X é idêntico ao de criado-mudo.
Em criado-mudo não estamos diante de um indivíduo mudo, alguém que não consegue falar, nem de um serviçal, um criado, ou seja, as palavras "criado" e "mudo" perderam o sentido original. Agora, justapostas, indicam um móvel usado geralmente em um quarto da casa: o popular e tradicional “criado-mudo”.
Em raio-X não estamos diante de um raio nem de um X, ou seja, as palavras "raio" e "X" perderam aí o sentido original. Justapostas, indicam uma fotografia de imagem obtida com fundamento nos raios X, cuja descoberta devemos ao físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen.
Diremos então:
- Fui à Ultra Rad fazer um exame de raios X.
- Meu médico viu o raio-X e ficou preocupado.



quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Como aplicar o passe magnético?


Uma leitora perguntou-nos: Qual a melhor maneira de aplicar o passe?
Duas ideias se verificam no meio espírita brasileiro a respeito do assunto. Há os que propõem a simples imposição de mãos, sem nenhuma movimentação, e existem os que entendem que o passe deva ser ministrado com a movimentação das mãos para dar a ele uma eficácia maior.
A divergência de entendimento é fácil de compreender.
Os que propõem a movimentação das mãos durante o passe fluidoterápico se esquecem de que o passe ministrado por nós espíritas pertence, conforme terminologia adotada por Allan Kardec, à chamada ação magnética mista, semiespiritual ou humano-espiritual, na qual, combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece. Na aplicação do passe há, portanto, o concurso do médium e do Espírito que o assiste.
Ora, segundo o ensinamento constante d´O Livro dos Médiuns, cap. 14, item 176, é esse Espírito que, associando suas forças fluídicas às forças do médium, dirige o fluido que vai ser derramado sobre o paciente, competindo ao médium passista tão somente projetar suas forças fluídicas sobre o paciente, ficando a cargo do amigo espiritual a tarefa de direcioná-las.
Aqui no Paraná já faz mais de trinta anos que a orientação emanada dos órgãos de unificação ligados à Federação Espírita, a respeito do passe, tem sido no sentido de aplicá-lo da forma mais singela possível, tal como se fazia nos tempos apostólicos: a simples imposição das mãos.
Lemos em um dos textos que formam a apostila do COEM (Centro de Orientação e Educação  Mediúnica), obra elaborada sob a supervisão do Dr. Alexandre Sech:
"A imposição de mãos, como o fez Jesus, é o exemplo correto de transmitir o passe. Os movimentos que gradativamente foram sendo incorporados à forma de aplicação do passe criaram verdadeiro folclore quanto a esta prática espírita, desfigurando a verdadeira técnica. Os passistas passaram a se preocupar mais com os movimentos que deveriam realizar do que com o dirigir seus pensamentos para movimentar os fluidos." (11ª Sessão de Exercício Prático, Centro Espírita Luz Eterna, edição de 1978.)  
Sobre o assunto sugerimos à leitora que leia também dois textos publicados na revista “O Consolador”:
“Anotações em torno do passe” - http://www.oconsolador.com.br/46/especial.html
“A imposição das mãos e sua eficácia” - http://www.oconsolador.com.br/ano4/196/editorial.html



quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A dor é a nossa custódia celestial



Continuamos ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar o estudo do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o roteiro e o texto que serviram de base ao estudo:

Questões para debate

A. Que provações se abateram sobre Marina?
B. Como a mãe de Marina, já desencarnada, definiu a dor?
C. O encontro com sua mãe produziu algum efeito em Marina?

Texto para leitura

80. O débito agravado – Zilda e Jorge reataram, instintivamente, os elos afetivos do passado. Amando-se com fervor, confiaram-se ao noivado, mas Marina, esquecendo os compromissos assumidos no Mundo Maior e tomada de intensa paixão, passou a seduzir o rapaz, atraindo para o seu escuso objetivo o apoio de entidades caprichosas e enfermi­ças, cuja companhia aliciara sem perceber. Dominado, Jorge abandonou o amor de Zilda e passou a simpatizar com Marina, observando que a nova afetividade lhe crescia assustadoramente no íntimo, sem que ele pu­desse controlar-lhe a expansão... Em pouco tempo, passaram a manter encontros ocultos, nos quais se comprometeram um com o outro na maior intimidade. Zilda notou o distanciamento do rapaz, mas de nada descon­fiou, até que, faltando duas semanas para seu casamento, ele rompeu o noivado, confessando que somente poderia casar-se com Ma­rina. Aluci­nada de dor, Zilda matou-se, sendo recolhida por Luísa, sua mãe, que na época já se encontrava na Mansão. Levado o caso até o Mi­nistro Sân­zio, determinou ele que Marina fosse considerada devedora em conta agravada por ela mesma e, logo após sua decisão, providenciou para que Zilda renascesse como sua filha, o que ocorreu dois anos após seu ca­samento com Jorge. Nilda (o novo nome de Zilda) nasceu, porém, surda-muda e mentalmente retardada, em consequência do trauma perispirítico experimentado com o envenenamento voluntário. Al­guns anos mais tarde, Jorge foi internado em um leprosário, onde estava em tratamento, e desde então, entre o marido doente e a fi­lhinha infeliz, Marina vinha padecendo o abatimento em que o grupo a encontrou, martelada igualmente pela tentação do suicídio. (Ação e Reação, capítulo 12, pp. 170 e 171.)

81. A dor é nossa custódia celestial – O problema de Marina era doloroso do ponto de vista humano, mas encerrava preciso ensinamento da Justiça Divina. Silas administrou novos recursos magnéticos à jovem mãe debilitada e Marina ergueu-se em espírito sobre o corpo somático, pousando em seus benfeitores o olhar vago e inexpressivo. O Assis­tente, como a despertar-lhe as percepções espirituais, afagou-lhe as pupilas, com as mãos aureoladas de fluidos luminescentes e, de re­pente, à maneira de um cego que retorna à visão, Marina viu a genitora que lhe estendia os braços amigos. Com lágrimas a lhe correrem dos olhos, refugiou-se-lhe no regaço, gritando de alegria: "Mãe! minha mãe!... pois és tu?" Luísa acolheu-a docemente no colo afetuoso e, mal reprimindo a emoção, disse-lhe: "Sim, filha querida, sou eu, tua mãe!... Rendamos graças a Deus por este minuto de entendimento". E, beijando-a ternamente, embora aflita, continuou: "Por que o desânimo, quando a luta apenas começa? Ignoras que a dor é a nossa custódia ce­lestial? que seria de nós, Marina, se o sofrimento não nos ajudasse a sentir e raciocinar para o bem? Regozija-te no combate que nos acri­sola e salva para a obra de Deus... Não convertas o amor em inferno para ti mesma e nem creias consigas aliviar o esposo e a filhinha com a ilusão da fuga impensada. Lembra-te de que o Senhor transforma o ve­neno de nossos erros em remédio salutar, para o resgate de nossas cul­pas... A enfermidade de Jorge e a provação de nossa Nilda constituem não somente o caminho abençoado de elevação para eles mesmos, mas igualmente para teu espírito que se lhes associa à experiência na trama da redenção!... Aprende a sofrer com humildade para que a tua dor não seja simplesmente orgulho ferido..."  (Obra citada, cap. 12, pp. 172 e 173.) 

82. Marina se ergue, transformada – Na sequência, Luísa procurou levantar o ânimo da filha infeliz: "Que fizeste do brio de mulher e do devotamento de mãe? Olvidaste o culto da oração que o lar te ensinou? Enganaste-te, assim tanto, para abraçar a covardia como glória moral? Ainda é tempo!... Levanta-te, desperta, luta e vive!... Vive para re­cuperar a dignidade feminina que tisnaste com a nódoa da traição... Recorda a irmãzinha que partiu, acabrunhada ao peso do fardo de afli­ção que lhe impuseste, e paga em desvelo e sacrifício, ao pé da fi­lhinha doente, a conta que deves à Eterna Justiça!... Humilha-te e resgata a própria consciência, com o preço da expiação dolorosa, mas justa... Trabalha e serve, esperando em Jesus, porque o Divino Médico te restituirá a saúde do esposo, para que, juntos, possamos conduzir a pequenina enferma ao porto da necessária restauração. Não penses estar sozinha, nas longas e ermas noites em que te divides entre a vigília e a desolação!... Comungamos os mesmos sonhos, partilhamos as mesmas lu­tas!... Que paraíso haverá para os corações maternos que choram, além do túmulo, senão a presença dos filhos abençoados, embora esses muitas vezes lhes ocasionem longos dias de angústia? Compadece-te de mim, tua mãe, por enquanto sentenciada ao sofrimento pelo amor com que te ama!..." Calou-se Luísa, pois que singultos incessantes lhe abafaram a voz. Marina, então, ajoelhada e lacrimosa, beijava-lhe as mãos, cla­mando: "Mãe querida, perdoa-me! perdoa-me!..." A mãe ergueu-a e, con­duzindo-a até à criança enferma, implorou-lhe, humilde: "Filha que­rida, não procures a porta falsa da deserção... Vive para tua fi­lhinha, como permite o Senhor possa eu continuar vivendo por ti!..." Marina rojou-se sobre a menina triste, mas, atraída pelo próprio corpo, acordou em pranto copioso, bradando, inconsciente: "Minha filha!... minha filha!..." A jovem ressurgia do episódio, transfor­mada. Estava afastado o perigo do suicídio. (Obra citada, cap. 12, pp. 173 e 174.) 

83. O caso Poliana – A assistência a Marina e a Jorge, acolhido no leprosário, continuou nas semanas seguintes, ao lado de outras tarefas que se cobriam de êxito desejável, quando certa noite, no parlatório, Silas foi procurado por um companheiro aflito. "Assistente – disse ele –, nossa irmã Poliana parece vergar, em definitivo, ao peso da imensa prova." E informou que a irmã se encontrava enferma e seu equi­líbrio orgânico declinava de hora a hora, embora lutasse heroicamente para conservar-se ao pé do filho infeliz. A resposta de Silas foi ime­diata e, a breves minutos, ele, André e Hilário – utilizando a voli­tação para lograr mais tempo – chegavam a um casebre situado em zona rural pobre e triste, onde infortunada mulher jazia enrolada em farra­pos, numa esteira de palha ao rés do solo, ao lado de mísero anão pa­ralítico, a exibir o semblante alvar. De pronto via-se-lhe a idiotia completa, sob a vigilância da mãe desditosa, que o fitava entre a aflição e o desencanto. Silas informou: "Temos aqui nossa irmã Poliana e Sabino, o filho desventurado que o Poder Celeste lhe confiou. Espi­ritualmente, são ambos tutelados da Mansão, em pedregoso caminho de reajuste". O coração de Poliana apresentava alarmante arritmia, figu­rando-se-lhes agitado prisioneiro a emaranhar-se nas artérias estrei­tadas em estranhas calcificações. Examinando-a, Silas esclareceu: "Os vasos enfraquecidos do miocárdio ameaçam ruptura próxima, porquanto a doente se encontra na tensão de angústia extrema. A parada súbita do órgão central pode ocorrer de um instante para outro". Ela necessi­tava, porém, de mais tempo no corpo, por causa do filho. Além de jun­gidos à mesma prova, respiravam o mesmo clima psíquico e se alimenta­vam, um ao outro, com as forças que exteriorizavam, no campo da afini­dade pura. Dessa maneira, a desencarnação da genitora repercutiria mortalmente sobre ele... (Obra citada, capítulo 13, pp. 175 a 177.)

Respostas às questões propostas


A. Que provações se abateram sobre Marina?

Por haver contribuído diretamente para o suicídio da irmã, Marina recebeu-a como filha, mas esta, em face do trauma perispirítico por ela mesma causado, nasceu surda-muda e mentalmente retardada. Al­guns anos mais tarde, Jorge (marido de Marina) foi internado em um leprosário, onde estava em tratamento, e desde então, com o marido doente e a fi­lhinha infeliz, Marina vinha padecendo o abatimento em que o grupo de socorristas a encontrou, martelada pela tentação do suicídio. (Ação e Reação, cap. 12, pp. 170 e 171.)

B. Como a mãe de Marina, já desencarnada, definiu a dor?
A dor, disse ela à filha, é a nossa “custódia ce­lestial”. Que seria de nós, se o sofrimento não nos ajudasse a sentir e raciocinar para o bem? Após dizer essas palavras, a mãe pediu-lhe: “Regozija-te no combate que nos acri­sola e salva para a obra de Deus... Não convertas o amor em inferno para ti mesma e nem creias consigas aliviar o esposo e a filhinha com a ilusão da fuga impensada. Lembra-te de que o Senhor transforma o ve­neno de nossos erros em remédio salutar, para o resgate de nossas cul­pas... A enfermidade de Jorge e a provação de nossa Nilda constituem não somente o caminho abençoado de elevação para eles mesmos, mas igualmente para teu espírito que se lhes associa à experiência na trama da redenção!... Aprende a sofrer com humildade para que a tua dor não seja simplesmente orgulho ferido..."  (Obra citada, cap. 12, pp. 172 e 173.)

C. O encontro com sua mãe produziu algum efeito em Marina?
Sim. Quando Luísa, sua mãe, se calou, Marina, então, ajoelhada e lacrimosa, beijou-lhe as mãos, cla­mando: "Mãe querida, perdoa-me! perdoa-me!..." A mãe ergueu-a e, con­duzindo-a até à criança enferma, implorou-lhe, humilde: "Filha que­rida, não procures a porta falsa da deserção... Vive para tua fi­lhinha, como permite o Senhor possa eu continuar vivendo por ti!..." Marina rojou-se sobre a menina triste, mas, atraída pelo próprio corpo, acordou em pranto copioso, bradando, inconsciente: "Minha filha!... minha filha!..." A jovem ressurgia do episódio, transfor­mada. Estava afastado o perigo do suicídio. (Obra citada, cap. 12, pp. 173 e 174.) 






terça-feira, 28 de outubro de 2014

Assim como as flores são para o jardim, as pessoas são para o Planeta


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Quantas histórias ocorrendo ao mesmo tempo, em lugares tão distintos, com pessoas inimagináveis vivenciando enredos exclusivos, inteiramente íntimos... individuais, formando o coletivo. Cada pessoa possui um universo com seus amores, defeitos a serem dirimidos, conquistas, uma dimensão completa, mas ainda a se desenvolver para, em algum século vindouro, estar, esse espírito, bem mais aprimorado.
E são as pessoas as responsáveis pela graça da vida, isso com referência ao Planeta. Onde houver pessoas também haverá a energia que desperta o coração e entusiasma para viver.
Uma casa sem moradores não tem o brilho do aconchego; uma cidade sem cidadãos fica sem o fluxo do movimento da vida; um país sem pessoas deixa de ter o sentido de tanto progresso em andamento; o Planeta sem seus habitantes seria mais um campo gris e desértico sem flores para colher seus amores, pois a essência espiritual traz cada vez mais as emoções incomparáveis e maravilhosas nascidas no terreno das múltiplas vivências.
No percurso de uma existência, muitas pessoas passam por nossa vida. Algumas deixam somente o perfume; outras deixam o sorriso; poucas, desejo assim afirmar, se esquecem de nos deixar o amor e ainda insistem com a frieza do sentimento... mas numa manhã de primavera compreenderão que a luz mostra a bondade ao coração; e a maior parte das pessoas, felizmente, nos abraça, e nos ama, e nos faz tanto bem, e nos leva a olhar para o céu e dizer: como a vida é maravilhosa!
Há pessoas que apenas com um cumprimento nos ilumina por imensa boa energia; há ainda as que com simplicidade nos cativam totalmente e tanto queremos abraçá-las.
Ainda existem aquelas que aparentam indiferença e frieza perante os passos da vida e os outros participantes da caminhada, mas em muitos casos, é só aparência, pois há dentro um coração tímido desejando amar e ser amado.
Também fazem parte do cotidiano, as pessoas carentes que contam tantas vezes as mesmas histórias e querem atenção, pois se sentem as mais sofridas e tristinhas. Na verdade, por algum motivo foram feridas ou deixaram se ferir, no entanto, só precisam de amor para se desabrocharem e se tornarem flores tão lindas e queridas participantes dos jardins tão vivos.
Ah, o amor! Como é imprescindível para se conquistar a felicidade e leveza para o coração. Todas as pessoas necessitam tanto dessa energia transformadora para o bem.
E na vida surgem também aquelas pessoas tão humildes e simples, entretanto, basta olhar para os seus olhos que se constatará a grandeza de um ser tão maravilhoso e sábio com tanta bondade, pois assim penso: “A singeleza é o manto da sabedoria”.
É como o orvalho na manhã fresca; como o colorido da flor; como a energia linda do sol e o brilho suave da lua; como a chuva no campo ressequido; como as estrelas no céu; como o ar para a continuação da vida; como o alimento para o corpo e a prece para o espírito; como o amor para um coração ser feliz. Assim são as pessoas. Elas animam o Planeta e dão o sentido para a sua perpetuação.
Cada pessoa possui sua característica, sua necessidade de reforma, suas conquistas, seus desejos, seus débitos a quitar, suas alegrias e tristezas, seu conjunto de existências, sua luz... sua centelha divina.
Cada pessoa é um universo repleto de sentidos, sensações, sentimentos, atitudes e pensamentos.
Cada pessoa traz sua luz já forte ou ainda fraquinha, entretanto, existente a ser aprimorada, a ser compartilhada com tantas outras... com o Planeta.
Sem dúvida, a vida ganha seu brilho e entusiasmo pelas pessoas estarem presentes, por existirem, pois sem a sua presença nada teria sentido. Não haveria espetáculo se não houvesse os músicos nem a plateia assistindo.
E as pessoas são a roupagem atual dos espíritos eternos. Se há necessidade de aprimoramento, isso é imprescindível, porém, tão certo quanto o tesouro que cada uma é para o desenvolvimento e sentido da vida.
Cada pessoa é luz, é amor, é paz, é alegria, é a completude a ser preenchida no Planeta. Se ainda não é perfeita, mas já é perfectível.
Cada pessoa traz o seu colorido para a paisagem, a nota para a música, o verso para o poema.
Sim... cada pessoa possui seu universo tão indiscutível ao universo total.
E tudo possui brilho, pois há o sentido de as pessoas existirem e compartilharem uma vida que busca a eternidade.


Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

As mais lindas canções que ouvi (111)


Fica sempre um pouco de perfume

 

Irmã Judith Junqueira Vilela  

 

 

Fica sempre um pouco de perfume

nas mãos que oferecem rosas,

nas mãos que sabem ser generosas.

Dar do pouco que se tem

a quem tem menos ainda

enriquece o doador,

faz sua alma ainda mais linda.

Dar ao próximo alegria

parece coisa tão singela.

Aos olhos de Deus, porém,

é das artes a mais bela.

 

Fica sempre um pouco de perfume

nas mãos que oferecem rosas,

nas mãos que sabem ser generosas.

Dar do pouco que se tem

a quem tem menos ainda

enriquece o doador,

faz sua alma ainda mais linda.

Dar ao próximo alegria

parece coisa tão singela.

Aos olhos de Deus, porém,

é das artes a mais bela.

 

Fica sempre um pouco de perfume

nas mãos que oferecem rosas,

nas mãos que sabem ser generosas...


 


A autora, Irmã Judith Junqueira Vilela, pertencia à Ordem das Missionárias de Jesus Crucificado quando compôs a canção acima, que você pode ouvir na voz dos intérpretes seguintes:

Elizabete Lacerda - https://www.youtube.com/watch?v=f4G7yWEHqQo

Vansan - https://www.youtube.com/watch?v=qhq8OPU9ax0

 


 

domingo, 26 de outubro de 2014

Nossa cruz é leve ou pesada?


Além dos vários significados que apresenta, como por exemplo o madeiro em que Jesus foi pregado, a palavra cruz é usada também, por extensão, para designar aflição, pena, infortúnio. É com esse sentido que se diz: “Maria carrega uma cruz pesada”.

Em um planeta como a Terra, é óbvio que quase todas as pessoas, com as exceções de praxe, chegam à existência corpórea carregando determinada cruz, que pode ser leve ou pesada, mas, com certeza, é proporcional às suas forças.

Comentando determinada passagem do Evangelho, Kardec escreveu:


"Rejubilai-vos, diz Jesus, quando os homens vos odiarem e perseguirem por minha causa, visto que sereis recompensados no céu." Podem traduzir-se assim essas verdades: "Considerai-vos ditosos, quando haja homens que, pela sua má vontade para convosco, vos deem ocasião de provar a sinceridade da vossa fé, porquanto o mal que vos façam redundará em proveito vosso. Lamentai-lhes a cegueira, porém, não os maldigais".
Depois, acrescenta: "Tome a sua cruz aquele que me quiser seguir", isto é, suporte corajosamente as tribulações que sua fé lhe acarretar, dado que aquele que quiser salvar a vida e seus bens, renunciando-me a mim, perderá as vantagens do reino dos céus, enquanto os que tudo houverem perdido neste mundo, mesmo a vida, para que a verdade triunfe, receberão, na vida futura, o prêmio da coragem, da perseverança e da abnegação de que deram prova. Mas, aos que sacrificam os bens celestes aos gozos terrestres, Deus dirá: "Já recebestes a vossa recompensa”. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXIV, item 19.)

Certa vez uma senhora procurou Chico Xavier, levando consigo uma criança ao colo. Ela lhe disse: "Seu Chico, meu filho nasceu surdo, cego e sem os braços. Agora está com uma doença nas pernas e precisa amputar as duas pernas para ser salvo. Por que isso tudo?".

Chico, olhando fixamente aquela sofrida mulher, respondeu-lhe: "Minha filha, Emmanuel, aqui presente, me diz que nas dez últimas encarnações esse ser suicidou-se e pediu, antes de renascer nesta atual existência, que lhe fossem retiradas as possibilidades de mais uma tragédia. Porém, como agora, apesar de cego, surdo e sem braços, está ainda procurando um lugar como um precipício, rio, avenida, para se matar..., aí só cortando as pernas, não?".

Como analisar tão dura prova? O sofrimento da criança, a angústia da mãe, um destino que se apresenta cruel são justificados em face de um bem maior, que é a salvação de uma alma, a recuperação de um ser que se complicou muito no passado e, no entanto, merece a indulgência do Pai e uma segunda chance.

Examinado o fato sob a ótica materialista, é claro que vicissitudes como essa são consideradas inteiramente sem propósito. Mas nós somos espiritualistas e temos de, necessariamente, olhar para a vida com um sentido mais largo e mais profundo, visto que o corpo é transitório, mas a alma vive para sempre.

Das muitas histórias narradas por Humberto de Campos, lembramo-nos do caso de uma pobre viúva que, assoberbada de sofrimentos acerbos, apelara para Deus, a fim de que se modificasse a volumosa cruz da sua existência. Tudo lhe havia falhado nas fantasias do amor, do lar e da ventura.

– Senhor, exclamou ela, por que me deste uma cruz tão pesada? Arranca dos meus ombros fracos esse insuportável madeiro!

À noite, mergulhada nas asas brandas do sono, a alma daquela mulher foi conduzida a um palácio resplandecente. Um Emissário do Senhor recebeu-a no pórtico, com sua bênção. Uma sala luminosa e imensa lhe foi designada. Toda ela se enchia de cruzes. Viam-se ali cruzes de todos os feitios e tamanhos.

– Aqui – disse-lhe ele – guardam-se todas as cruzes que as almas encarnadas carregam na face triste do mundo. Cada um desses madeiros traz o nome do seu possuidor. Atendendo, porém, à tua súplica, ordena Deus que escolhas aqui uma cruz menos pesada que a tua.

A mulher, embora surpresa com o fato, examinou as cruzes presentes e, após algum tempo, escolheu conscienciosamente aquela cujo peso correspondia às suas possibilidades. Quando, porém, a apresentou ao Mensageiro Espiritual, verificou que na cruz escolhida encontrava-se insculpido o seu próprio nome, reconhecendo então a sua impertinência e rebeldia.

– Vai – disse-lhe o Emissário do Senhor – com a tua cruz e não descreias! Deus, na sua misericordiosa justiça, não poderia macerar os teus ombros com um peso superior às tuas forças.




sábado, 25 de outubro de 2014

A cada canto um grande trambiqueiro


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Está aqui do meu lado o poeta Gregório de Matos Guerra, a quem pedi uma entrevista sobre o grave momento que atravessa nosso país, às vésperas das eleições para Governador e Presidente, em segundo turno.
Machado:
— Gregório, o que você acha do nosso governo?
Gregório:
— Respondo-vos com ligeira adaptação da primeira estrofe do meu famoso poema "A cada canto um grande trambiqueiro":

A cada canto um grande trambiqueiro,
Que quer nos governar pela Dilminha.
Não sabem governar sua cozinha
E querem governar o brasileiro.

Machado:
— Mas Boca do Inferno, você não aprova a escuta feita pelos aliados?
Gregório:
— Continuo, com a segunda estrofe adaptada do meu soneto:

Em cada porta um esquentado olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para levar ao foro eleitoreiro.

Machado:
— Entretanto, Boca de Brasa, não há, aqui, políticos honestos?
Gregório:
— Até que os há, porém,

Há candidatos desavergonhados,
Que trazem pelas mãos os homens pobres,
E põem nas palmas toda picardia.

Machado:
— Mas e o povo, o que pensa disso?
Gregório:

Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não roubam, muito pobres,
E eis o país cuja sede é Brasília.

Nada mais lhe foi perguntado e nada mais me foi dito. Matos Guerra cumprimentou-me de chapéu e se afastou discretamente, sob os olhares furiosos dos encarapuçados e dos equivocados, além, naturalmente, dos que tremem só em pensar que terão de ficar de chapéu na mão após a eleição.
Fazer o quê, político leitor? Estuda e trabalha muito, em frentes diversificadas, ainda que na política, e não ficarás a ver navios, quando o povo exigir governantes que saibam governar a cozinha deste país continental, que já foi chamado Terra de Santa Cruz, mas que, de tanto levar pau, virou Brasil...

Acesse, quando puder, o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Pílulas gramaticais (126)



Um amigo nos perguntou como se escreve a palavra “caxumba” e o que ela significa exatamente.
De origem africana, caxumba é o nome popular de uma doença contagiosa, causada por vírus, chamada tecnicamente de parotidite epidêmica. 
Caxumba escreve-se assim mesmo, com “x”.
A propósito, eis uma lista de palavras que são escritas também com a letra “x”:
xereta
xucro
xícara
rixa
muxoxo
paxá
maxixe
bexiga
bruxa
laxativo
xarope
quixotesco.

*

Envolvendo a letra “x”, há em nosso idioma diversas palavras de pronúncia parecida, com grafia e significado diferentes.
Eis alguns exemplos:
  • taxar (estabelecer o preço ou o tributo) e tachar (notar defeito, censurar)
  • taxa (tributo, preço) e tacha (pequeno prego, brocha)
  • coxo (aquele que manca) e cocho (vasilha feita de um tronco de madeira)
  • broxa (pincel) e brocha (prego curto de cabeça larga e chata)
  • cartuxo (pertencente à ordem da Cartuxa) e cartucho (canudo de papel)
  • xá (título de soberano no Oriente) e chá (arbusto, infusão)
  • xácara (narrativa popular em versos) e chácara (quinta, sítio de lazer)
  • xeque (contratempo, lance no jogo de xadrez) e cheque (ordem de pagamento bancária)
  • buxo (arbusto ornamental) e bucho (estômago de animais).



quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Como saber se somos médiuns?


Uma leitora, a propósito do que dissemos na semana passada, pergunta-nos como podemos saber se somos ou não dotados de faculdade mediúnica.
O assunto foi tratado por Allan Kardec em sua obra O Livro dos Médiuns, item 200, e o Codificador do Espiritismo foi ali bem claro: Não existe um diagnóstico para sabermos se alguém é médium. Os sinais físicos pelos quais algumas pessoas julgaram ver indícios não têm nada de certo. A faculdade mediúnica se encontra nas crianças e nos velhos, nos homens e nas mulheres, quaisquer que sejam o temperamento, o estado de saúde ou seu grau de desenvolvimento intelectual e moral. Não há senão um meio de verificar se a faculdade existe: é experimentar.
Evidentemente, como sabemos que Kardec sempre recomendou que comecemos pela teoria, é importante que a pessoa estude primeiro a Doutrina Espírita e se inicie nas atividades voltadas para a prática do bem e do auxílio ao próximo. A faculdade mediúnica lhe despontará, então, naturalmente, se essa tarefa estiver prevista em sua programação reencarnatória.
A respeito do estudo da doutrina é bom também que lembremos a advertência feita por Kardec na Introdução d´O Livro dos Médiuns:
“Estas duas obras [ele se refere aí ao Livro dos Espíritos e ao Livro dos Médiuns], se bem que a segunda constitua seguimento da primeira, são, até certo ponto, independentes uma da outra. Mas, a quem quer que deseje tratar seriamente da matéria, diremos que primeiro leia O Livro dos Espíritos, porque contém princípios básicos, sem os quais algumas partes deste se tornariam talvez dificilmente compreensíveis”.



quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O imenso amor feminino é uma das forças mais respeitáveis na Criação


Demos sequência ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar ao estudo do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o roteiro e o texto que serviram de base ao estudo:

Questões para debate

A. Entrar no Templo da Mansão nem todos podiam. Por quê?
B. Era bem grande o número de mulheres em trabalho de oração e assistência naquele recinto. Qual a explicação desse fato?
C. De que maneira Silas evitou que Marina se suicidasse?

Texto para leitura 

77. Nem todos podiam entrar no Templo – Silas informou que muitos companheiros de serviço valem-se daquele momento para o culto espontâ­neo do amor fraterno, ouvindo ali os desesperados e os tristes e, tanto quanto possível, administrando-lhes medicação e consolo, não só exortando-os à compreensão e à serenidade, mas também os acompanhando aos círculos tenebrosos ou à esfera dos encarnados, para a obra de as­sistência aos familiares que lhes perturbam o coração. A visão de An­dré, já adaptada à sombra reinante, podia agora diferençar as figuras que os cercavam. Viam-se ali mulheres de duro semblante que a miséria desfigurava e homens de fisionomia torturada pelo ódio e pela angús­tia. O infortúnio deles convertera-os em fantasmas de amargura, quase a irmaná-los integralmente no mesmo tipo de configuração exterior. Muitos mostravam mãos semelhantes a ressequidas garras, e em quase to­dos o olhar enraivecido ou medroso revelava a dolorosa fulguração da mente que desceu ao poço da loucura. Preces comoventes misturavam-se a clamores sinistros de revolta. Por que não acolhê-los ao Templo hospi­taleiro, então quase deserto? Silas esclareceu: "Efetivamente, repor­tam-se vocês a medida desejável. Entretanto, apenas ingressam no re­cinto sagrado quantos lhe podem suportar a claridade com o respeito devido. Quase todos os irmãos que se congregam nesta praça trazem mu­tilações que a perversidade lhes impôs ou são portadores de sentimen­tos tigrinos que petições comoventes mal encobrem. E, com semelhantes disposições, não resistem ao impacto da claridade dominante, dosada em fotônios específicos a se caracterizarem por determinado teor eletro­magnético, indispensável à garantia de nossa casa". E ajuntou: "Muitos de nossos irmãos, aqui desarvorados, clamam, com a boca, que anseiam pelas vantagens da prece, na intimidade do santuário; no entanto, por dentro, lá estimariam tripudiar sobre o nome sublime de nosso Pai Ce­leste, no culto à ironia e à blasfêmia. Para que não tumultuem a at­mosfera divina que nos cabe oferecer à oração pura e reconfortante, recomendam nossos orientadores que a luz permaneça graduada contra distúrbios e prejuízos facilmente evitáveis". (Capítulo 12, pp. 164 e 165) 

78. O caso Marina – Hilário estava surpreso. Queria Silas dizer que somente a sincera compunção da alma podia entrar em sintonia com as forças eletromagnéticas imperantes no Templo? "Exatamente, assim é", respondeu Silas. O Templo permanecia de braços abertos à provação e ao sofrimento, mas não à rebeldia e ao desespero. Não fosse assim, estaria ele condenado ao aniquilamento e ao descrédito. No átrio, mui­tos Espíritos imploravam socorro a Silas, que os fitava, compadecido, mas sem se deter. Foi então que ansiosa e apressada mulher o chamou nominalmente: "Assistente Silas! Assistente Silas!..." Era Luísa, uma senhora desencarnada, com sinais de grande angústia, que clamava sem preâmbulos: "Socorro!... Socorro!... Minha filha, minha pobre Marina esmorece... Tenho lutado com todas as minhas forças para furtá-la ao suicídio, mas agora me sinto enfraquecida e incapaz..." A infeliz, en­tão ajoelhada, ergueu os olhos lacrimosos e rogou: "Assistente, per­doe-me a insistência em falar-lhe de meu infortúnio, mas sou mãe... Minha desventurada filha pretende matar-se esta noite, comprometendo-se, ainda mais, com as trevas da sua consciência!..." Silas aconse­lhou-lhe retornasse de imediato ao lar terreno e explicou aos amigos que Marina era uma companheira da Mansão, reencarnada havia quase trinta anos, sob os auspícios do instituto. Tratava-se de um caso de débito agravado, que requeria máxima atenção e o necessário auxílio. Hi­lário estava impressionado com o número de mulheres em trabalho de oração e assistência naquelas paragens, o que mereceu de Silas o se­guinte comentário: "Raras esposas e raras mães demandam as regiões fe­lizes sem os doces afetos que acalentam no seio... O imenso amor femi­nino é uma das forças mais respeitáveis na Criação divina". O grupo dirigiu-se, em seguida, à Crosta e logo chegou a pequena moradia cons­tituída de três peças desataviadas e estreitas. Era a casa de Marina, onde, num quarto humilde, uma menina de dois a três anos choramingava, inquieta, sendo possível ver nos seus olhos esgazeados e inconscientes o estigma dos que foram marcados por irremediável sofrimento ao nas­cer. (Capítulo 12, pp. 166 e 167) 

79. Um suicídio frustrado – Marina, de joelhos, beijava sofrega­mente a filhinha, mostrando a indefinível angústia dos que se despedem para sempre. Em seguida, tomou de um copo em que se encontrava o ve­neno. Antes, porém, de levá-lo à boca, eis que Silas lhe disse em voz segura: "Como podes pensar na sombra da morte, sem a luz da oração?" A infeliz não lhe ouviu a pergunta, mas a frase invadiu-lhe a cabeça qual rajada violenta; seus olhos ganharam novo brilho e o copo tremeu-lhe nas mãos, então indecisas. Silas estendeu-lhe os braços, envol­vendo-a em fluidos anestesiantes de carinho e bondade. Dominada de no­vos pensamentos, Marina recolocou o recipiente no lugar de antes e, sob a vigorosa influência do Assistente, levantou-se automaticamente, estirando-se no leito, em prece: "Deus meu, Pai de Infinita Bondade, compadece-te de mim e perdoa-me o fracasso! Não suporto mais... Sem minha presença, meu marido viverá mais tranquilo no leprosário e minha desventurada filhinha encontrará corações caridosos que lhe dispensem amor... Não tenho mais recursos... Estou doente..." Silas administrou-lhe passes magnéticos de prostração e, induzindo-a a ligeiro movimento do braço, fez que ela mesma, num im­pulso irrefletido, batesse com força no copo, derramando o líquido letal. Reconhecendo no próprio gesto impensado a manifestação de uma força estranha a entravar-lhe a possibilidade da morte deliberada, ela passou a orar em silêncio, com evidentes sinais de temor e remorso, atitude mental essa que lhe acentuou a passividade e da qual se valeu Silas para conduzi-la ao sono provocado. O Assistente emitiu forte jacto de energia fluídica sobre o córtex encefálico dela, e a moça, sem conseguir explicar o torpor que lhe invadia o campo nervoso, dei­xou-se adormecer pesadamente. Silas informou, então, que Marina viera da Mansão para auxiliar Jorge e Zilda, dos quais se fizera devedora. No século passado, ela se interpusera entre os dois, quando recém-ca­sados, impelindo-os a deploráveis leviandades que lhes valeram angus­tiosa demência na erraticidade. Depois de longos padecimentos, permi­tiu o Senhor que os três renascessem no mesmo quadro social, para o trabalho regenerativo. Marina, a primogênita do lar de Luísa, recebera a incumbência de tutelar Zilda, a irmã menor, que assim se desenvolveu ao calor de seu fraternal carinho, até que, no caminho de ambas, apa­receu Jorge. (Capítulo 12, pp. 168 e 169)

Respostas às questões propostas

A. Entrar no Templo da Mansão nem todos podiam. Por quê?
Segundo o Assistente Silas, apenas ingressam no re­cinto mencionado quantos lhe podem suportar a claridade com o respeito devido. Quase todos os irmãos que se congregavam na praça ao lado traziam mu­tilações que a perversidade lhes impôs ou eram portadores de sentimen­tos tigrinos que petições comoventes mal encobrem. Com semelhantes disposições, não resistiam ao impacto da claridade dominante no Templo, dosada em fotônios específicos a se caracterizarem por determinado teor eletro­magnético. Eis aí o motivo por que nem todos podiam nele ingressar. (Ação e Reação, cap. 12, pp. 164 e 165.)

B. Era bem grande o número de mulheres em trabalho de oração e assistência naquele recinto. Qual a explicação desse fato?
O fato, que impressionara Hilário, mereceu de Silas o seguinte comentário: "Raras esposas e raras mães demandam as regiões felizes sem os doces afetos que acalentam no seio... O imenso amor femi­nino é uma das forças mais respeitáveis na Criação divina". É por isso que grande número delas ali se encontrava. (Obra citada, cap. 12, pp. 166 e 167.)

C. De que maneira Silas evitou que Marina se suicidasse?
Não podendo tomar-lhe o copo da mão, Silas disse-lhe, em voz segura: "Como podes pensar na sombra da morte, sem a luz da oração?" A infeliz não lhe ouviu a pergunta, mas a frase invadiu-lhe a cabeça qual rajada violenta; seus olhos ganharam novo brilho e o copo tremeu-lhe nas mãos, então indecisas. Silas estendeu-lhe os braços, envol­vendo-a em fluidos anestesiantes de carinho e bondade. Dominada de no­vos pensamentos, Marina recolocou o recipiente no lugar de antes e, sob a vigorosa influência do Assistente, levantou-se automaticamente, estirando-se no leito, em prece: "Deus meu, Pai de Infinita Bondade, compadece-te de mim e perdoa-me o fracasso! Não suporto mais... Sem minha presença, meu marido viverá mais tranquilo no leprosário e minha desventurada filhinha encontrará corações caridosos que lhe dispensem amor... Não tenho mais recursos... Estou doente..." Silas administrou-lhe passes magnéticos de prostração e, induzindo-a a ligeiro movimento do braço, fez que ela mesma, num im­pulso irrefletido, batesse com força no copo, derramando o líquido letal. Reconhecendo no próprio gesto impensado a manifestação de uma força estranha a entravar-lhe a possibilidade da morte deliberada, ela passou a orar em silêncio, com evidentes sinais de temor e remorso, atitude mental essa que lhe acentuou a passividade e da qual se valeu Silas para conduzi-la ao sono provocado.(Obra citada, cap. 12, pp. 168 e 169.) 


terça-feira, 21 de outubro de 2014

As respostas vêm de formas variadas


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Certa tarde, um jovem rapaz ficou de frente para a imensidão do mar e, com a água, mansa, morninha e clara que molhava seus pés, fez a seguinte pergunta, em voz serena, mas desejosa de uma resposta:
– O que a vida me reserva?
E o som ecoou pelo infinito.
Nenhuma resposta veio pelo vento contínuo que soprava, e ele tornou a perguntar:
– Por favor, vida, o que você me reserva?
Ecoou novamente.
E o jovem abriu os braços e fechou os olhos, talvez assim estivesse mais apto a ouvir e compreender uma resposta. Aguardou uns segundos, somando-se a breves minutos. Em seus pés sentiu algo e assustou-se por imaginar que pudesse ser algum dos seres do mar que, mais por defesa, pudesse machucá-lo.
Olhou rápido e identificou uma garrafa com uma rolha bem fincada e um papel, feito um pergaminho, em seu interior com o lado das palavras enrolado para dentro, impossibilitando a leitura do texto.
A curiosidade pelo objeto e ainda mais pelo que estava dentro levou o jovem a buscar, em sua casa, um tipo de ferramenta para poder retirar a rolha emperrada. Com jeito e determinação, conseguiu removê-la e com um fino arame com a ponta curvada, facilitou a retirada do papel que estava intacto e totalmente sequinho.
Na casa, havia somente ele. O pai, pescador, estava no mercado de peixes; a mãe cuidava, em cada dia da semana, de uma residência, era faxineira; o irmão mais novo se encontrava na escola.
Então, o jovem colocou a garrafa em pé no cantinho da porta e, já com o papel na mão, sentou-se à mesa.
Com tanta simplicidade e cuidado, o rapaz devagar, começou a desenrolar o amarelado papel e escrito com a caligrafia que transmitia bondade e amor. A primeira linha iniciava-se por um vocativo carinhoso:

“Meu caro leitor”...

E as palavras continuaram:

“Estas são algumas palavras escritas por alguém que muito já viveu e tantos exemplos, alguns bons e outros nem tanto assim, assimilou e também deixou, impressos, nas cenas da vida. Sou Cécile Tournier, tenho 83 anos, presenciei acontecimentos que até hoje me emocionam por tanta ternura; por outros, sinto enorme pesar pela maldade e ignorância com a qual a humanidade ainda nos surpreende. No entanto, sinto imensa alegria pelo número bem maior de pessoas boas ter passado por minha vida. Graças a Deus que os casos infelizes nos inquietam e tanto perturbam, pois nos melhoramos muito com relação à era dos gladiadores frios e calculistas; estamos com mais sentimento amoroso e benéfico. A luz de Jesus cada vez mais ilumina um número maior de irmãos necessitados, a fé aumenta e o amparo também.
Vi montanhas que escondiam o sol e deixavam passar apenas os raios dourados iluminando a paisagem divina; abracei pessoas tão amadas... e simples... e bondosas; colhi frutas doces oferecidas pela natureza; peguei crianças no colo e renovei minha energia com essas pequenas criaturas adoráveis; vivenciei histórias tão profundas e emocionantes com pessoas conhecidas e tantas mais com desconhecidas que até hoje as trago na memória; aprendi infinitas palavras novas com as muitas leituras verídicas e outras ficcionais quase tão verdadeiras quanto; vi a chuva e o sol; contemplei a lua e as estrelas; apaixonei-me perdidamente por várias pessoas com atitudes e sentimentos tão nobres, mas quem amei de fato ainda hoje está em meu coração; experimentei comidas que me levaram a tempos passados e a países europeus tão desejados hoje; vi olhos lacrimejados de dor e em alguns deles pude abraçar com tanta comoção e carinho e em muitos outros somente emiti meu sentimento amoroso, não era possível pela distância; convivi com alguns animaizinhos cuja ternura era toda sua essência... e como os amei; tive amigos jovens e velhos, alguns idosos de pensamentos bem mais novos que os jovens de idade, no entanto, cada amigo meu com sua grandeza incomparável... e como os amo; minha família... com seres tão queridos em companhia na estrada, progresso dos dias, familiares de mais idade que, na verdade, eram crianças para cuidar; tanto mais há para agradecer.
Minha mão está um pouco cansada, então, começo por encerrar essas palavras do fundo d'alma.
Entretanto, quem receber esse sentimento escrito em prosa, mas com sentido de poesia, repense a vida e coloque nela o maior amor que seu coração puder sentir. A vida nos é o mais lindo presente.
E a vida, caro leitor amigo, sempre nos reserva a grandeza em sua simplicidade. Teremos o que nela buscarmos, simples assim. As respostas serão dadas, algumas vezes, de forma mais direta e bem clara e em outras, de maneira mais implícita exigindo maior atenção, porém as respostas sempre chegam. 
O tesouro é viver a própria vida com o melhor a realizar; querer mudar só se for o próprio eu; nem se importar com a opinião alheia, pois a consciência sempre mostrará o caminho do sim e o do não para a harmonia interior; ajudar tantos quanto puder, mas sem se prejudicar... somos o maior responsável por nós.
Vou me recostar um pouco e vou encerrar.
Meu caro leitor, a vida é esplêndida e simples.
Seja você mesmo, respeite sempre e ame muito.
Com grande carinho.
Cécile Tournier
24/05/1967”

O jovem estava com os olhos rasos da lágrima do agradecimento. Quanto pediu uma resposta e tão completa lhe chegou. A grandeza da vida, mais uma vez, lhe apresentara. Reunira todo aprendizado e energia vital daquele sentimento e poria, a partir de agora, no caminho de sua existência.
– Obrigado, Senhor. Tão onipotente e incomparável é o Senhor. Está presente em todos os lugares e tudo sabe e observa. Obrigado, Senhor.
Com delicadeza, enrolou o pergaminho como estava e colocou-o na garrafa. Tão agradecido, voltou à beira do mar e a lançou.
– Que possa chegar a alguém que a espera. Vá em paz!
E o jovem falou com voz forte e feliz.
Era quase pôr do sol, ele olhou para o laranja do horizonte e seu coração estava mudado e fortalecido com tanta vontade de viver. Certamente a vida lhe reservaria o reflexo de todas as suas ações, palavras, sentimentos e pensamentos e tudo de magnífico que naturalmente a vida possui.
As respostas estão presentes o tempo todo; é a atenção do observador que precisa estar concentrada, receptiva e em equilíbrio com o bem para compreender toda a dádiva da orientação concedida.

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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

As mais lindas canções que ouvi (110)


Três apitos

Noel Rosa


Quando o apito da fábrica de tecidos
Vem ferir os meus ouvidos
Eu me lembro de você...
Mas você anda
Sem dúvida bem zangada
Ou está interessada
Em fingir que não me vê.

Você que atende ao apito de uma chaminé de barro,
Por que não atende ao grito
Tão aflito
Da buzina do meu carro?

Você no inverno
Sem meias vai pro trabalho
Não faz fé no agasalho
Nem no frio você crê.
Mas você é mesmo artigo que não se imita
Quando a fábrica apita
Faz reclame de você...

Nos meus olhos você lê
Como eu sofro cruelmente
Com ciúmes do gerente
Impertinente
Que dá ordens pra você.

Sou do sereno poeta muito soturno,
Vou virar guarda-noturno
E você sabe por quê.
Mas você não sabe
Que enquanto você faz pano
Faço junto do piano
Estes versos pra você...


Você pode ouvir a canção acima na voz dos intérpretes abaixo, clicando no link respectivo:




domingo, 19 de outubro de 2014

Políticos, todo cuidado é pouco!


Os escândalos de corrupção que vêm sendo desvelados nas últimas semanas em nosso país confirmam duas teses que nos obrigam a refletir seriamente a respeito dos políticos brasileiros e daquilo que deles podemos esperar.
A primeira: o impeachment de um presidente da República e a condenação dos chamados mensaleiros em nada serviram como exemplo do que não se deve fazer no exercício de um mandato outorgado pelo povo.
A segunda: muitos políticos, senão a maioria, pelo menos grande parte deles, não temem a justiça humana e, com toda a certeza, a justiça divina, como se a vida de uma pessoa se encerrasse com a inumação do seu corpo.
A situação chegou a tal ponto no Brasil, que honestidade e idoneidade moral passaram a ser tidas como virtude, tal a sua escassez na vida política deste país.
Com respeito à justiça dos homens, a certeza da impunidade é a base do destemor com que agem os políticos corruptos, um fato inquestionável porquanto, dentre eles, são pouquíssimas as pessoas que têm chegado às barras do tribunal. E quando isso se dá, os condenados recebem penas pífias, como vimos no processo do chamado mensalão, em que os operadores do esquema receberam penas altas e adequadas à gravidade dos seus crimes, não se verificando o mesmo com relação aos supostos mandantes e aos beneficiários dos recursos desviados.
No tocante à justiça divina, quem se diz adepto do Cristianismo deveria ter mais cuidado. Todo aquele que matar com a espada, da espada será vítima. A cada um segundo as suas obras. A semeadura é livre, mas a colheita é compulsória.
A chamada lei de causa e efeito, que era conhecida desde o tempo de Jeremias, constitui um dos princípios fundamentais da doutrina espírita e nada mais é que a confirmação do que Jesus nos ensinou.
Não podemos brincar com coisas sérias. A passagem pela experiência da vida num plano material como este em que vivemos não tem por fim a curtição ou o gozo, como muitos imaginam, mas objetivos definidos que não é bom menosprezar.
Daquilo que fizermos aqui teremos de prestar contas e, queiramos ou não, esse momento do ajuste pode ser bem desagradável.
Processa-se neste momento no Brasil a definição dos que vão estar à frente da administração pública da União e dos Estados, como se definiu no início do mês a composição de parte do Senado da República e das câmaras legislativas de âmbito estadual e federal.
Nosso colaborador José Lucas relatou há pouco, em artigo publicado nesta revista, que o conhecido médium e orador José Raul Teixeira foi certa vez efetuar uma palestra numa importante cidade brasileira. Quando se dirigia, com seus anfitriões, ao restaurante onde iriam almoçar, enquanto esperavam que o semáforo abrisse para atravessarem larga avenida, ele viu uma mulher andrajosa perto dali, a procurar comida num cesto de lixo. A cena causou-lhe tamanha impressão que ele perdeu a vontade de almoçar, embora necessitasse fazê-lo. Já no restaurante, enquanto tentava recompor-se mentalmente, pensando naquele ser que nada tinha, e ele ali num restaurante com seus amigos, apareceu-lhe um Espírito amigo que o acompanha nas tarefas doutrinárias. O benfeitor espiritual o acalmou, dizendo que mesmo que ele fosse dar comida limpa àquela senhora, ela recusaria. E, em breves pinceladas, narrou-lhe a história daquela mulher, que nesta existência era a reencarnação de um famoso político brasileiro, ainda hoje muito conceituado, que, por haver prejudicado tanto o povo, tinha reencarnado numa condição miserável, devido ao mecanismo do complexo de culpa que o acometeu após a morte do corpo. Voltara assim à existência corpórea numa condição miserável para aprender a valorizar aquilo que ele tanto desprezara na vida anterior: as dificuldades financeiras do próximo. Curiosamente, o nome do famoso político a que ele se referira estava afixado na esquina próxima, dando nome à avenida, motivo pelo qual aquela mulher, por um mecanismo de fixação inconsciente, não se afastava do local, onde outrora lhe prestaram grandes homenagens.
Não se tratava de um castigo divino, mas sim o cumprimento da lei de causa e efeito, segundo a qual cada pessoa colhe na vida aquilo que plantou na vida com seus atos, pensamentos e sentimentos.
Em face desse e de tantos casos semelhantes que deparamos na literatura espírita, não nos custa lembrar aos políticos que assumirão em breve seus postos de trabalho: – Amigos, tomem tento: todo cuidado é pouco! 

O texto acima foi redigido especialmente para ser o editorial da revista “O Consolador” deste domingo, dia 19, a uma semana da realização do segundo turno das eleições em nosso país.