Continuamos ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar o
estudo do livro Ação e Reação, de
André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e
publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o roteiro e o texto que serviram de base ao estudo:
Questões para debate
A. Que provações se abateram
sobre Marina?
B. Como a mãe de Marina, já
desencarnada, definiu a dor?
C. O encontro com sua mãe
produziu algum efeito em Marina?
Texto para leitura
80. O débito agravado – Zilda e Jorge
reataram, instintivamente, os elos afetivos do passado. Amando-se com fervor,
confiaram-se ao noivado, mas Marina, esquecendo os compromissos assumidos no
Mundo Maior e tomada de intensa paixão, passou a seduzir o rapaz, atraindo para
o seu escuso objetivo o apoio de entidades caprichosas e enfermiças, cuja
companhia aliciara sem perceber. Dominado, Jorge abandonou o amor de Zilda e
passou a simpatizar com Marina, observando que a nova afetividade lhe crescia
assustadoramente no íntimo, sem que ele pudesse controlar-lhe a expansão... Em
pouco tempo, passaram a manter encontros ocultos, nos quais se comprometeram um
com o outro na maior intimidade. Zilda notou o distanciamento do rapaz, mas de
nada desconfiou, até que, faltando duas semanas para seu casamento, ele rompeu
o noivado, confessando que somente poderia casar-se com Marina. Alucinada de
dor, Zilda matou-se, sendo recolhida por Luísa, sua mãe, que na época já se
encontrava na Mansão. Levado o caso até o Ministro Sânzio, determinou ele que
Marina fosse considerada devedora em conta agravada por ela mesma e, logo após
sua decisão, providenciou para que Zilda renascesse como sua filha, o que
ocorreu dois anos após seu casamento com Jorge. Nilda (o novo nome de
Zilda) nasceu, porém, surda-muda e mentalmente retardada, em consequência
do trauma perispirítico experimentado com o envenenamento voluntário. Alguns
anos mais tarde, Jorge foi internado em um leprosário, onde estava em
tratamento, e desde então, entre o marido doente e a filhinha infeliz, Marina
vinha padecendo o abatimento em que o grupo a encontrou, martelada igualmente
pela tentação do suicídio. (Ação e Reação,
capítulo 12, pp. 170 e 171.)
81. A dor é nossa custódia celestial – O problema de Marina era doloroso do ponto de vista
humano, mas encerrava preciso ensinamento da Justiça Divina. Silas administrou
novos recursos magnéticos à jovem mãe debilitada e Marina ergueu-se em espírito
sobre o corpo somático, pousando em seus benfeitores o olhar vago e
inexpressivo. O Assistente, como a despertar-lhe as percepções espirituais,
afagou-lhe as pupilas, com as mãos aureoladas de fluidos luminescentes e, de repente,
à maneira de um cego que retorna à visão, Marina viu a genitora que lhe
estendia os braços amigos. Com lágrimas a lhe correrem dos olhos,
refugiou-se-lhe no regaço, gritando de alegria: "Mãe! minha mãe!... pois
és tu?" Luísa acolheu-a docemente no colo afetuoso e, mal reprimindo a
emoção, disse-lhe: "Sim, filha querida, sou eu, tua mãe!... Rendamos
graças a Deus por este minuto de entendimento". E, beijando-a ternamente,
embora aflita, continuou: "Por que o desânimo, quando a luta apenas
começa? Ignoras que a dor é a nossa custódia celestial? que seria de nós,
Marina, se o sofrimento não nos ajudasse a sentir e raciocinar para o bem?
Regozija-te no combate que nos acrisola e salva para a obra de Deus... Não
convertas o amor em inferno para ti mesma e nem creias consigas aliviar o
esposo e a filhinha com a ilusão da fuga impensada. Lembra-te de que o Senhor
transforma o veneno de nossos erros em remédio salutar, para o resgate de
nossas culpas... A enfermidade de Jorge e a provação de nossa Nilda constituem
não somente o caminho abençoado de elevação para eles mesmos, mas igualmente
para teu espírito que se lhes associa à experiência na trama da redenção!...
Aprende a sofrer com humildade para que a tua dor não seja simplesmente orgulho
ferido..." (Obra citada, cap.
12, pp. 172 e 173.)
82. Marina se ergue, transformada – Na
sequência, Luísa procurou levantar o ânimo da filha infeliz: "Que fizeste
do brio de mulher e do devotamento de mãe? Olvidaste o culto da oração que o
lar te ensinou? Enganaste-te, assim tanto, para abraçar a covardia como glória
moral? Ainda é tempo!... Levanta-te, desperta, luta e vive!... Vive para recuperar
a dignidade feminina que tisnaste com a nódoa da traição... Recorda a irmãzinha
que partiu, acabrunhada ao peso do fardo de aflição que lhe impuseste, e paga
em desvelo e sacrifício, ao pé da filhinha doente, a conta que deves à Eterna
Justiça!... Humilha-te e resgata a própria consciência, com o preço da expiação
dolorosa, mas justa... Trabalha e serve, esperando em Jesus, porque o Divino
Médico te restituirá a saúde do esposo, para que, juntos, possamos conduzir a
pequenina enferma ao porto da necessária restauração. Não penses estar sozinha,
nas longas e ermas noites em que te divides entre a vigília e a desolação!...
Comungamos os mesmos sonhos, partilhamos as mesmas lutas!... Que paraíso
haverá para os corações maternos que choram, além do túmulo, senão a presença
dos filhos abençoados, embora esses muitas vezes lhes ocasionem longos dias de
angústia? Compadece-te de mim, tua mãe, por enquanto sentenciada ao sofrimento
pelo amor com que te ama!..." Calou-se Luísa, pois que singultos
incessantes lhe abafaram a voz. Marina, então, ajoelhada e lacrimosa,
beijava-lhe as mãos, clamando: "Mãe querida, perdoa-me!
perdoa-me!..." A mãe ergueu-a e, conduzindo-a até à criança enferma,
implorou-lhe, humilde: "Filha querida, não procures a porta falsa da
deserção... Vive para tua filhinha, como permite o Senhor possa eu continuar
vivendo por ti!..." Marina rojou-se sobre a menina triste, mas, atraída
pelo próprio corpo, acordou em pranto copioso, bradando, inconsciente:
"Minha filha!... minha filha!..." A jovem ressurgia do episódio,
transformada. Estava afastado o perigo do suicídio. (Obra citada, cap. 12, pp. 173 e 174.)
83. O caso Poliana – A
assistência a Marina e a Jorge, acolhido no leprosário, continuou nas semanas
seguintes, ao lado de outras tarefas que se cobriam de êxito desejável, quando
certa noite, no parlatório, Silas foi procurado por um companheiro aflito.
"Assistente – disse ele –, nossa irmã Poliana parece vergar, em
definitivo, ao peso da imensa prova." E informou que a irmã se encontrava
enferma e seu equilíbrio orgânico declinava de hora a hora, embora lutasse
heroicamente para conservar-se ao pé do filho infeliz. A resposta de Silas foi
imediata e, a breves minutos, ele, André e Hilário – utilizando a volitação
para lograr mais tempo – chegavam a um casebre situado em zona rural pobre e
triste, onde infortunada mulher jazia enrolada em farrapos, numa esteira de
palha ao rés do solo, ao lado de mísero anão paralítico, a exibir o semblante
alvar. De pronto via-se-lhe a idiotia completa, sob a vigilância da mãe
desditosa, que o fitava entre a aflição e o desencanto. Silas informou:
"Temos aqui nossa irmã Poliana e Sabino, o filho desventurado que o Poder
Celeste lhe confiou. Espiritualmente, são ambos tutelados da Mansão, em
pedregoso caminho de reajuste". O coração de Poliana apresentava alarmante
arritmia, figurando-se-lhes agitado prisioneiro a emaranhar-se nas artérias
estreitadas em estranhas calcificações. Examinando-a, Silas esclareceu:
"Os vasos enfraquecidos do miocárdio ameaçam ruptura próxima, porquanto a
doente se encontra na tensão de angústia extrema. A parada súbita do órgão
central pode ocorrer de um instante para outro". Ela necessitava, porém,
de mais tempo no corpo, por causa do filho. Além de jungidos à mesma prova,
respiravam o mesmo clima psíquico e se alimentavam, um ao outro, com as forças
que exteriorizavam, no campo da afinidade pura. Dessa maneira, a desencarnação
da genitora repercutiria mortalmente sobre ele... (Obra citada, capítulo 13, pp. 175 a 177.)
Respostas às questões propostas
A. Que provações se abateram sobre Marina?
Por haver contribuído diretamente para o suicídio da irmã,
Marina recebeu-a como filha, mas esta, em face do trauma perispirítico por ela
mesma causado, nasceu surda-muda e mentalmente retardada. Alguns anos mais
tarde, Jorge (marido de Marina) foi internado em um leprosário, onde estava em
tratamento, e desde então, com o marido doente e a filhinha infeliz, Marina
vinha padecendo o abatimento em que o grupo de socorristas a encontrou, martelada
pela tentação do suicídio. (Ação e Reação, cap. 12, pp. 170 e 171.)
B. Como a mãe de Marina, já desencarnada, definiu a dor?
A dor, disse ela à filha, é a nossa “custódia celestial”.
Que seria de nós, se o sofrimento não nos ajudasse a sentir e raciocinar para o
bem? Após dizer essas palavras, a mãe pediu-lhe: “Regozija-te no combate que
nos acrisola e salva para a obra de Deus... Não convertas o amor em inferno
para ti mesma e nem creias consigas aliviar o esposo e a filhinha com a ilusão
da fuga impensada. Lembra-te de que o Senhor transforma o veneno de nossos
erros em remédio salutar, para o resgate de nossas culpas... A enfermidade de
Jorge e a provação de nossa Nilda constituem não somente o caminho abençoado de
elevação para eles mesmos, mas igualmente para teu espírito que se lhes associa
à experiência na trama da redenção!... Aprende a sofrer com humildade para que
a tua dor não seja simplesmente orgulho ferido..." (Obra citada,
cap. 12, pp. 172 e 173.)
C. O encontro com sua mãe produziu algum efeito em Marina?
Sim. Quando Luísa, sua mãe, se calou, Marina, então,
ajoelhada e lacrimosa, beijou-lhe as mãos, clamando: "Mãe querida,
perdoa-me! perdoa-me!..." A mãe ergueu-a e, conduzindo-a até à criança
enferma, implorou-lhe, humilde: "Filha querida, não procures a porta
falsa da deserção... Vive para tua filhinha, como permite o Senhor possa eu
continuar vivendo por ti!..." Marina rojou-se sobre a menina triste, mas,
atraída pelo próprio corpo, acordou em pranto copioso, bradando, inconsciente:
"Minha filha!... minha filha!..." A jovem ressurgia do episódio,
transformada. Estava afastado o perigo do suicídio. (Obra citada, cap. 12,
pp. 173 e 174.)