Um amigo nos pergunta qual é, nos fenômenos espíritas
ou sonambúlicos, o limite onde se detém a ação própria da alma humana e onde
começa a do Espírito?
Primeiramente, esclareça-se que a expressão “alma
humana” diz respeito a um indivíduo que se encontra encarnado. Já a palavra
“Espírito” diz respeito a um indivíduo desencarnado.
Essa divisão, conforme Allan Kardec nos ensina no
livro Obras Póstumas, não existe, ou melhor, nada tem de absoluta, porque
“alma” e “Espírito” não são, de nenhum modo, espécies distintas. A alma não é
senão um Espírito encarnado, e o Espírito, uma alma livre dos laços terrestres.
Trata-se, portanto, de um mesmo ser em estados ou situações diferentes;
portanto, suas faculdades e aptidões são exatamente as mesmas.
O sonambulismo é um estado transitório entre a
encarnação e a desencarnação, um desligamento parcial, um pé que o indivíduo
coloca, por antecipação, no mundo espiritual. A alma encarnada ou o Espírito
próprio do sonâmbulo ou do médium pode, pois, fazer, com pouca diferença, o que
fará quando estiver desencarnada, com a única diferença de que, por sua
libertação completa decorrente da desencarnação, o indivíduo desencarnado tem
percepções especiais inerentes ao seu estado de Espírito livre.
A distinção entre o que, num dado efeito, é produto
direto da alma do médium, e o que provém de uma fonte estranha, muitas vezes é
difícil de ser feita, porquanto, com frequência, essas duas ações se confundem
e se corroboram.
Assim é que, nas curas pela imposição de mãos, o
indivíduo encarnado pode agir sozinho ou contar com a assistência de um
desencarnado, do mesmo modo que a inspiração poética ou artística pode ter uma
dupla origem. Todavia, do fato de ser difícil a distinção, não se segue que
seja impossível. A dualidade, com frequência, é evidente, e, em todos os casos,
ressalta quase sempre de uma observação atenta.
Nos textos psicografados, enquanto o conteúdo procede
do indivíduo desencarnado que se comunica, a forma, o estilo, o modo como ele é
grafado pode ser inteiramente do médium, exceto nos casos em que até o estilo
do comunicante é preservado, fato que certamente fez famosa e respeitada a obra
Parnaso de Além-Túmulo, de autoria de
poetas diversos por intermédio do médium Francisco Cândido Xavier.
Nenhum comentário:
Postar um comentário