JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
— Meu nome é Dickens, Charles Dickens.
— Prazer, Machado... Mas o que tendes a nos
dizer, grande escritor britânico? What can I get for you?
— I met a new chapter
for my story.
— Como assim, Charles?
— Vós estais lembrado de que, antes de minha
desencarnação, eu havia iniciado o romance O
mistério de Edwin Drood, que não concluí, pois a indesejada de todas as gentes me surpreendeu primeiro e me levou
a morar nos campos santos?
— É verdade, até hoje não sei o que ocorreu
depois do capítulo...
— Pois agora já podeis saber. Conheci, daqui
onde nós estamos agora, um jovem que, desde os 13 anos, não mais estudara e não
gostava de literatura; porém, possuía perfeita sintonia espiritual comigo. Seu
nome era Thomas P. James. Trabalhava numa oficina mecânica, mas quando lhe
apareci e perguntei se poderia ser meu "escrivão", na continuação
dessa obra, ele ficou entusiasmado e aceitou na hora o desafio.
Desse modo, passou alguns meses escrevendo cerca
de 1200 páginas que, digitadas, dão umas quatrocentas. Com isso, dou por
concluído meu romance, o qual, antes de minha desencarnação estava com um terço
das 624 páginas atuais...
— Mas qual a causa do entusiasmo de James, se
ele nem ao menos gostava de literatura?
— Imaginai alguém que, até a juventude, nunca
escrevera mais de meia dúzia de páginas, com inúmeros erros de concordância,
ortografia e pontuação e, "de repente, não mais que de repente", como
diria o vosso poetinha Vinícius de
Moraes, se vê diante de vós, que lhe pedis para escrever quinze, vinte páginas,
sem nenhum erro gramatical, diariamente, após o expediente dele em sua oficina,
onde trabalha dez horas por dia?
— Essa pessoa sairia correndo, pois jamais
ouvira meu nome antes...
— No século XIX, não, certamente, mas hoje, que
sois tão conhecido como eu, no mundo...
— Nem tanto, Dickens, nem tanto... Entretanto,
deixai comigo os originais, para uma análise estilística entre o que escrevestes
antes e o que, supostamente, concluístes, mediunicamente. Como crítico que sou,
pouco condescendente com amadores, certamente não esperareis confirmação ao
mundo de que fostes vós quem concluístes a obra.
— Não façais cerimônia, Machado amigo, lede a
obra, do começo ao fim. Após isso, emiti a vossa abalizada opinião. We met
again in your blog.
— I hope so! Good bye!
— Good
bye!
Esta foi a conversa que tive, leitor amigo, com
Charles Dickens, há um mês. Agora, o espanto! Nada no texto post-mortem desmerece esse grande
escritor, nas 400 páginas psicografadas. Na dúvida sobre minhas próprias
impressões, consultei Sir Arthur Conan Doyle, o simplesmente autor de Sherlock Holmes, sobre o que achara da
obra. Eis o que ele me disse:
— Sendo este o que seria o primeiro romance
policial de Dickens, consagrado romancista inglês, talvez o maior deles,
segundo alguns críticos, após atenta leitura de todo o livro, fiz minuciosa
investigação do estilo do autor, continuação e conclusão da obra, em sua
segunda parte, que julguei coerente com a primeira.
— E o jovem médium, continuou psicografando
obras de grandes escritores?
— Nunca mais.
— Agradeci a Conan Doyle, e agora, ante a
confirmação de minhas impressões por esse que é um dos maiores escritores
mundiais no gênero, desafio o leitor a ler, sem pausa, o romance policial de
Dickens, continuado por ele daqui e psicografado daí por James.
Tentai dizer, antes de ver a resposta no final
do livro, onde termina o escrito de Charles por ele mesmo e onde continua
Dickens escrevendo pelas mãos de James. Se conseguirdes isso sem
"cola", amigo leitor e inteligente leitora, indico-vos para a
Academia de Letras...
Acesse, quando puder, o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com
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