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domingo, 11 de janeiro de 2015

Lila respira agora outros ares



Faz três dias que Lila de Oliveira, a primogênita da casa de nossos pais, partiu para o chamado mundo espiritual, que o Espiritismo afirma ser nossa verdadeira pátria, da qual saímos diversas vezes, mas por breves momentos, para darmos sequência ao trabalho que nos levará um dia à meta para a qual Deus nos criou, que é a perfeição.
Na existência que se concluiu no dia 8, nossa irmã chamava-se Marília de Dirceu Oliveira Faria, mas era mais conhecida como Lila. Casada, mãe de oito filhos – Sueli, Cláudio, Sergio, Silvia, Flávio, Silvana, Marco Túlio e Emílio –, avó de uma penca de netos, espírita fervorosa e atuante, era também torcedora fanática do Flamengo, conquanto pertencesse a uma família em que o pai e seus irmãos torciam pelo Botafogo. (Vejam logo abaixo uma das últimas fotos de Lila, feita em outubro de 2013, no dia do anúncio do casamento de João Gabriel e Leandra. Na foto estão, a partir da esquerda: Olívia e  Emílio Faria, Silvia Faria, Waldemiro Faria, Lila, Leandra Covre, João Gabriel Faria, Tomas Faria Renault e Anita Portilho.)


Assistimos em Brasília (DF) a seu lado a alguns jogos do Flamengo, e é provável que seu fervor pelas cores rubro-negras foi que nos levou a uma simpatia e séria inclinação, que não conseguimos disfarçar, pelo time que imortalizou Zico, integrando assim o trio de irmãos que torcem – ou torciam – pelo clube mais querido do Brasil. O outro componente do trio era a Edna.
Lila mudou-se para Brasília (DF) assim que nasceu o Emílio, que era ainda um bebê num grupo de irmãos em que a primogênita – a jovem Sueli – estava na casa dos 15 anos. Na Capital, ela e Waldemiro começariam uma vida nova, vida difícil, em uma cidade que nascera fazia pouco tempo e nem de longe lembraria a metrópole que é hoje.
Como era de esperar, engajou-se logo na atividade espírita, exercendo atividades importantes sobretudo na Comunhão Espírita de Brasília, sem jamais esquecer seu compromisso com os mais carentes e, em especial, com a Fundação Espírita Abel Gomes (FEAG), um lar de crianças órfãs que ela viu nascer e ajudou a crescer.
Nos momentos mais difíceis da existência da Fundação Abel Gomes, era de suas campanhas e do seu esforço pessoal que vinham os recursos que permitiam não apenas manter a instituição, mas modernizá-la e torná-la apta para a atividade a que a FEAG se propunha.
Nas Semanas Espíritas realizadas em Astolfo Dutra (MG), sempre nas dependências da FEAG, ela assumia pessoalmente a execução dessas atividades que não aparecem nos programas oficiais, que não recebem os aplausos do público e, no entanto, são fundamentais para que o evento se concretize.
Temos na lembrança de nossas relações com Lila dois fatos que jamais poderíamos esquecer.
O primeiro evoca uma época distante, em que éramos criança e Lila, já casada, passava as férias de fim de ano no Sítio da Água Limpa, que o Waldemiro herdara do seu pai. Assim que terminava o período letivo, Lila nos levava até o sítio, onde passávamos com ela as férias escolares de dezembro e janeiro.
Registre-se que no mês em que nossa mãe desencarnou havia em casa diversas crianças: o Ali, pai da Cristina, estava com 3 anos, e a Anita, mãe da Mariângela, tinha 10. Ocorre que entre um e outra havia mais três crianças: Eunice, Icléa e este que lhes escreve. Lila, 22 anos de idade na ocasião, embora casada e mãe de Sueli, assumiu praticamente o papel de mãe de todos nós, fato que por si só explica sua importância na nossa vida.
O segundo fato ocorreu quando morávamos em Curitiba. Corria a década de 1970. Surgira um convite para que fôssemos transferido para Brasília, a serviço da Secretaria da Receita Federal. O autor do convite conseguira um apartamento funcional onde seríamos alojados. A Lila, de posse da chave do apartamento, cuidou pessoalmente de prepará-lo, de higienizá-lo, de colocá-lo apto para a nossa mudança. Mas esta não ocorreu, porque um funcionário de certa graduação da própria Receita Federal, valendo-se de um artifício maroto, apossou-se da chave do imóvel e – alegando que apenas queria mostrá-lo a um outro funcionário – simplesmente tomou-o para si, inviabilizando desse modo a nossa ida.
Lila respira agora outros ares.
Brasília, onde a corrupção tem tornado o ar irrespirável, já faz para ela parte do passado.
Como não nos foi possível morar em Brasília e, dessa forma, ficar fisicamente mais próximo dela, esperamos que num futuro breve consigamos morar na mesma cidade onde ela, Edna, Marly, Amaury, Ali e Ayres, esses irmãos tão queridos, naturalmente nos recepcionarão e nos ajudarão a organizar novos planos para o futuro.
Que Deus a proteja, querida irmã. E que você jamais deixe de ser a líder e a protetora amorosa que sempre foi para todos nós que a amamos e vibramos por seu sucesso.




2 comentários:

  1. Tio Astolfinho como sempre nos encantando com sua sabedoria e nos esclarecendo com seus ensinamentos da doutrina espírita. Lindo texto, um beijo em seu coração, te amamos. Leila

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    1. Leila, como diria o poeta, são os seus olhos, lindos olhos, que veem assim as pessoas que a gente ama. Você sabe que Célia e eu sempre a amamos, e você, em especial, é dessas sobrinhas que a gente jamais esquecerá.

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