Faz três dias
que Lila de Oliveira, a primogênita da casa de nossos pais, partiu para o
chamado mundo espiritual, que o Espiritismo afirma ser nossa verdadeira pátria, da qual saímos diversas vezes, mas por breves momentos, para darmos
sequência ao trabalho que nos levará um dia à meta para a qual Deus nos criou,
que é a perfeição.
Na existência
que se concluiu no dia 8, nossa irmã chamava-se Marília de Dirceu Oliveira
Faria, mas era mais conhecida como Lila. Casada, mãe de oito filhos – Sueli, Cláudio, Sergio, Silvia, Flávio,
Silvana, Marco Túlio e Emílio –, avó de uma
penca de netos, espírita fervorosa e atuante, era também torcedora fanática do
Flamengo, conquanto pertencesse a uma família em que o pai e seus irmãos
torciam pelo Botafogo. (Vejam logo abaixo uma
das últimas fotos de Lila, feita em outubro de 2013, no dia do anúncio do
casamento de João Gabriel e Leandra. Na foto estão, a partir da esquerda:
Olívia e Emílio Faria, Silvia Faria,
Waldemiro Faria, Lila, Leandra Covre, João Gabriel Faria, Tomas Faria Renault e
Anita Portilho.)
Assistimos em
Brasília (DF) a seu lado a alguns jogos do Flamengo, e é provável que seu
fervor pelas cores rubro-negras foi que nos levou a uma simpatia e séria
inclinação, que não conseguimos disfarçar, pelo time que imortalizou Zico, integrando
assim o trio de irmãos que torcem – ou torciam – pelo clube mais querido do Brasil. O outro componente do trio era a Edna.
Lila mudou-se
para Brasília (DF) assim que nasceu o Emílio, que era ainda um bebê num grupo
de irmãos em que a primogênita – a jovem Sueli – estava na casa dos 15 anos. Na
Capital, ela e Waldemiro começariam uma vida nova, vida difícil, em uma cidade
que nascera fazia pouco tempo e nem de longe lembraria a metrópole que é hoje.
Como era de
esperar, engajou-se logo na atividade espírita, exercendo atividades
importantes sobretudo na Comunhão Espírita de Brasília, sem jamais esquecer seu
compromisso com os mais carentes e, em especial, com a Fundação Espírita Abel
Gomes (FEAG), um lar de crianças órfãs que ela viu nascer e ajudou a crescer.
Nos momentos
mais difíceis da existência da Fundação Abel Gomes, era de suas campanhas e do
seu esforço pessoal que vinham os recursos que permitiam não apenas manter a
instituição, mas modernizá-la e torná-la apta para a atividade a que a FEAG se
propunha.
Nas Semanas
Espíritas realizadas em
Astolfo Dutra (MG), sempre nas dependências da FEAG, ela
assumia pessoalmente a execução dessas atividades que não aparecem nos
programas oficiais, que não recebem os aplausos do público e, no entanto, são
fundamentais para que o evento se concretize.
Temos na
lembrança de nossas relações com Lila dois fatos que jamais poderíamos
esquecer.
O primeiro
evoca uma época distante, em que éramos criança e Lila, já casada, passava as
férias de fim de ano no Sítio da Água Limpa, que o Waldemiro herdara do seu
pai. Assim que terminava o período letivo, Lila nos levava até o sítio, onde
passávamos com ela as férias escolares de dezembro e janeiro.
Registre-se
que no mês em que nossa mãe desencarnou havia em casa diversas crianças: o Ali,
pai da Cristina, estava com 3 anos, e a Anita, mãe da Mariângela, tinha 10.
Ocorre que entre um e outra havia mais três crianças: Eunice, Icléa e este que
lhes escreve. Lila, 22 anos de idade na ocasião, embora casada e mãe de Sueli,
assumiu praticamente o papel de mãe de todos nós, fato que por si só explica sua
importância na nossa vida.
O segundo
fato ocorreu quando morávamos em Curitiba. Corria a década de 1970. Surgira um
convite para que fôssemos transferido para Brasília, a serviço da Secretaria da
Receita Federal. O autor do convite conseguira um apartamento funcional onde
seríamos alojados. A Lila, de posse da chave do apartamento, cuidou pessoalmente
de prepará-lo, de higienizá-lo, de colocá-lo apto para a nossa mudança. Mas
esta não ocorreu, porque um funcionário de certa graduação da própria Receita
Federal, valendo-se de um artifício maroto, apossou-se da chave do imóvel e –
alegando que apenas queria mostrá-lo a um outro funcionário – simplesmente
tomou-o para si, inviabilizando desse modo a nossa ida.
Lila respira
agora outros ares.
Brasília,
onde a corrupção tem tornado o ar irrespirável, já faz para ela parte do
passado.
Como não nos
foi possível morar em Brasília e, dessa forma, ficar fisicamente mais próximo
dela, esperamos que num futuro breve consigamos morar na mesma cidade onde ela,
Edna, Marly, Amaury, Ali e Ayres, esses irmãos tão queridos, naturalmente nos
recepcionarão e nos ajudarão a organizar novos planos para o futuro.
Que Deus a
proteja, querida irmã. E que você jamais deixe de ser a líder e a protetora amorosa que
sempre foi para todos nós que a amamos e vibramos por seu sucesso.
Tio Astolfinho como sempre nos encantando com sua sabedoria e nos esclarecendo com seus ensinamentos da doutrina espírita. Lindo texto, um beijo em seu coração, te amamos. Leila
ResponderExcluirLeila, como diria o poeta, são os seus olhos, lindos olhos, que veem assim as pessoas que a gente ama. Você sabe que Célia e eu sempre a amamos, e você, em especial, é dessas sobrinhas que a gente jamais esquecerá.
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