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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Pérolas literárias (86)


Adeus

Auta de Souza


O sino plange em terna suavidade,
No ambiente balsâmico da igreja;
Entre as naves, no altar, em tudo adeja
O perfume dos goivos da saudade.

Geme a viuvez, lamenta-se a orfandade;
E a alma que regressou do exílio beija
A luz que resplandece, que viceja,
Na catedral azul da imensidade.

“Adeus, Terra das minhas desventuras...
Adeus, amados meus...” — diz nas alturas
A alma liberta, o azul do céu singrando...

— Adeus... — choram as rosas desfolhadas,
— Adeus... — clamam as vozes desoladas
De quem ficou no exílio soluçando...


 
Publicamos este soneto em homenagem à nossa irmã Marlene Rossi Severino Nobre, que desencarnou no dia 5 deste mês no litoral paulista. A autora do soneto, que foi psicografado por Chico Xavier e integra o Parnaso de Além-Túmulo, é Auta de Souza (1876-1901), natural de Macaíba (RN).




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