Estudamos semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar, de
Londrina (PR), o livro “No Invisível”, um dos clássicos do Espiritismo, de
autoria de Léon Denis. São duas as turmas de estudo, uma na terça à noite, a
outra na quinta-feira à tarde.
Reproduzimos, em seguida, o texto do módulo concluído nesta
semana, cuja publicação tem por finalidade proporcionar, a quem se interessar,
a oportunidade de acompanhar o mencionado estudo.
Questões para
debate
A. Que
condições são necessárias para praticar a telepatia?
São duas as
condições necessárias para isso: de um lado, no operador, a concentração e a
exteriorização do pensamento. Para agir mentalmente, a distância, é preciso
recolher-se e dirigir com persistência o pensamento ao alvo predeterminado.
Provoca-se, assim, um desprendimento parcial do ser psíquico e origina-se uma
corrente de vibrações que nos põe em relação com o nosso correspondente. Neste
se requer, por sua parte, um grau suficiente de sensibilidade. Mas essas
condições não se encontram tão frequentemente como se poderia supor. (No
Invisível - O Espiritismo experimental: Os fatos - XII - Exteriorização do ser
humano. Telepatia. Desdobramento. Os fantasmas dos vivos.)
B. Não
existindo condições para o exercício da telepatia, é possível criá-las?
Sim. É
possível criá-las por uma ação demorada da vontade e, em seguida, melhorá-las
mediante o exercício cotidiano das faculdades adquiridas. O Dr. Balme observa
que, tendo experimentado com uma senhora de sua amizade, nenhum resultado
obteve ao começo. Todos os dias, à mesma hora e durante muito tempo,
prosseguiram ambos a tentativa. Os pensamentos trocados foram a princípio
contraditórios. Um dia, entretanto, foi percebida uma palavra com perfeita
exatidão; depois foram seguidamente transmitidas frases de quatro a cinco
palavras. Finalmente, ao cabo de dois anos, conseguiam comunicar-se, a
distância, a qualquer hora do dia indiferentemente, começando apenas por bater
palmas. Nessas experiências, como se vê, a perseverança é o elemento
essencial de todo o êxito. (Obra citada - O Espiritismo experimental: Os
fatos - XII - Exteriorização do ser humano. Telepatia. Desdobramento. Os
fantasmas dos vivos.)
C. Podemos
corresponder-nos telepaticamente com nossos amigos desencarnados?
Sim. Fixado o
pensamento e estabelecida a corrente vibratória, torna-se possível a
comunicação, podendo corresponder-nos telepaticamente não só com os nossos
amigos terrestres, mas também com os do Espaço, porque a lei das
correspondências é a mesma nos dois casos. Não é mais difícil conversarmos
mentalmente com os seres amados cujo invólucro a morte destruiu, do que com
aqueles que, permanecendo na Terra, foram afastados para longe de nós pelas
exigências da vida. (Obra citada - O Espiritismo experimental: Os
fatos - XII - Exteriorização do ser humano. Telepatia. Desdobramento. Os
fantasmas dos vivos.)
Texto para leitura
479. O “Daily
Express”, de setembro de 1907, divulgou várias sessões de transmissão de
pensamento dadas ao rei Eduardo VII e a outras personagens da Corte por dois
sensitivos, o Sr. e a Sra. Zancig. Os resultados foram tornados conhecidos pelo
próprio rei e foi principalmente depois disso que a atenção pública se
encaminhou, na Inglaterra, para essa ordem de fatos.
480. O rei
submeteu os dois sensitivos às mais difíceis provas, sempre com êxito completo.
Ficou evidenciado que a comunhão de pensamentos existia, não uma vez ou outra,
mas de modo constante e normal, entre o marido e a mulher. Se, por exemplo, o
primeiro lia uma carta, a segunda, a grande distância e com os olhos vendados,
percebia imediatamente o seu conteúdo. Tudo o que se comunica ao marido é
conhecido no mesmo instante pela mulher. Os dois sensitivos vibram em uníssono. Além
disso, a Sra. Zancig deu prova ao rei da sua faculdade de visão psíquica,
falando-lhe de coisas que ele tinha a certeza de ser o único a saber.
481. As
experiências feitas pelos psicólogos e magnetizadores são inúmeras e
acompanhadas de particularidades tão precisas que seria impossível explicá-las
como alucinações.
482. Eis um
desses casos: “O Dr. Balme, de Nancy, tinha a seus cuidados a Condessa de L.,
afetada de dispepsia.(1) Ela o ia procurar em seu consultório, nunca
tendo ele, pois, entrado em casa de sua cliente, situada fora da cidade. Três
dias depois de uma de suas visitas, a 19 de maio de 1899, entrando em casa e
atravessando a antessala, ouviu ele distintamente estas palavras: ‘Como me
sinto mal! E ninguém para me socorrer’. Depois ouviu o ruído de um corpo que
caía em uma espreguiçadeira. A voz era da Sra. de L.. Procurou informar-se, mas
em casa ninguém tinha visto nem ouvido essa senhora. Foi para seu gabinete de
trabalho, concentrou-se e, colocando-se voluntariamente em ligeiro estado de
hipnose, transportou-se à casa da condessa e viu-a. Acompanhou todos os seus
movimentos e gestos, e os anotou minuciosamente. Quando a Sra. de L. foi
novamente consultá-lo, ele lhe comunicou suas impressões, que foram verificadas
exatas em todos os pontos e conformes à realidade dos fatos. ‘Depois de vos
terdes recolhido a vosso aposento – perguntou ele – que era o que parecíeis
procurar em torno de vós?’ ‘Parecia que alguém me espreitava’, respondeu a
senhora.”
484. Camille
Flammarion, em sua obra “O Desconhecido e os Problemas Psíquicos”, cap. VI,
cita o caso de um menino que, na idade de cinco anos, resolvia problemas
complicadíssimos e repetia palavras e frases que sua mãe lia mentalmente em um
livro. A criança não calculava, o que fazia era unicamente ler no pensamento de
sua mãe a solução dos problemas propostos. Desde que esta se retirava, ele era
incapaz de obter a mínima solução.
485. Na
opinião do Sr. G. Delanne, os estados vibratórios individuais devem ser
classificados em três tipos que ele denomina visuais, auditivos e motores, e
pelos quais se explicaria a variedade das percepções nos sensitivos e nos
médiuns. Nos sensitivos pertencentes a esses diversos tipos, as impressões
produzidas por uma mesma causa revestirão formas diferentes. A ação psíquica de
um vivo, a distância, ou a de um Espírito provocará em uns a percepção visual
de uma figura de fantasma; em outros, a audição de sons, de ruídos, de
palavras; em um terceiro suscitará movimentos.
486. As
impressões podem igualmente variar nos sensitivos pertencentes ao mesmo tipo
sensorial. O pensamento inicial será por eles percebido sob formas distintas,
posto que o sentido da manifestação seja idêntico no fundo. É o que temos
frequentes vezes verificado em nossas próprias experiências. Diversos médiuns
auditivos percebiam o pensamento do Espírito e o traduziam em termos
diferentes.
487. Esse
fato nos demonstra que um grande número de fenômenos telepáticos devem ser
incluídos na ordem subjetiva, no sentido de que se produzem unicamente no
cérebro do percipiente. Posto que internos, não são contudo menos reais. A onda
vibratória, emanada de um pensamento estranho, penetra o cérebro do sensitivo e
lhe produz a ilusão de um fato exterior que, segundo o seu estado dinâmico,
parecerá visual, auditivo ou tátil.
488. Sabemos
que as impressões dos sentidos se centralizam todas no cérebro. Este é o
verdadeiro receptáculo, que arquiva as sensações e as transmite à consciência.
Ora, conforme o seu estado vibratório, somos levados a referir as nossas
sensações a um dos três estados sensoriais supraindicados. Daí a variedade das
impressões sugestivas percebidas pelos sensitivos.
489. Eis aqui
um entre vários casos inéditos, em que a ação telepática se manifesta por meio
de ruídos e visões: “A Sra. Troussel, cujo sobrenome em solteira era Daudet,
parenta do ilustre escritor e residente em Alger, à rua Daguerre, comunica-se
telepaticamente, a horas convencionadas, com algumas de suas amigas, cada uma
das quais serve a seu turno de transmissor e receptor. Elas estabelecem
reciprocamente o processo verbal dos pensamentos emitidos e das impressões
recebidas e os comparam em seguida. Perguntas mentais formuladas a distância
obtêm respostas precisas: um problema complicado foi resolvido. Na média, sete
experiências sobre dez são coroadas de êxito. Às vezes, o pensamento projetado
com intensidade produz uma ação física sobre os móveis, fazendo-os vibrar
fortemente.”
492.
Comunicações escritas têm sido transmitidas, a grandes distâncias, por pessoas
vivas exteriorizadas. Aksakof refere os seguintes fatos: “O Sr. Tomás Everitt,
de Londres, obteve, pelo punho de sua mulher, uma comunicação de um de seus
amigos, médium, em viagem para a América. O eminente juiz Edmonds, de Nova
Iorque, refere que dois grupos espíritas, reunidos à mesma hora, em Boston e em Nova Iorque , se
correspondiam por seus respectivos médiuns. Assim também dois grupos de
experimentadores, reunidos em Madrid e em Barcelona, se comunicavam
simultaneamente pelo mesmo processo. Ao fim de cada sessão, redigia cada um por
sua parte uma ata, que era posta imediatamente no Correio. As duas mensagens
combinavam sempre fielmente.”
494. No dia 5
de julho, o nome de Wurmbrandt figura na lista dos mortos. Entretanto, a 9 do
mesmo mês, a Senhora de Vay recebe uma comunicação de seu primo, assegurando
ter “felizmente sobrevivido à batalha de Honig Gratz” e que dentro de três dias
lho confirmaria por carta. A Sra. de Vay recebeu efetivamente de seu primo uma
carta enumerando, com particularidade, as enormes perdas sofridas pelo seu
batalhão, o que explica a errônea suposição de sua morte.”
495. Todos
esses fatos estabelecem de modo positivo, desde esta vida, a ação mental e
recíproca de alma a alma e a possível intervenção dos vivos exteriorizados nos
fenômenos psíquicos. Para praticar a telepatia são necessárias duas condições:
de um lado, no operador, a concentração e a exteriorização do pensamento. Para
agir mentalmente, a distância, é preciso recolher-se e dirigir com persistência
o pensamento ao alvo predeterminado. Provoca-se, assim, um desprendimento
parcial do ser psíquico e origina-se uma corrente de vibrações que nos põe em
relação com o nosso correspondente. Neste se requer, por sua parte, um grau
suficiente de sensibilidade.
496. Essas
condições não se encontram tão frequentemente como se poderia supor. É preciso
criá-las por uma ação demorada da vontade e, em seguida, melhorá-las mediante o
exercício cotidiano das faculdades adquiridas. O Dr. Balme observa que, tendo
experimentado com uma senhora de sua amizade, nenhum resultado obteve ao
começo. Todos os dias, à mesma hora e durante muito tempo, prosseguiram ambos a
tentativa. Os pensamentos trocados foram a princípio contraditórios. Um dia,
entretanto, foi percebida uma palavra com perfeita exatidão; depois foram
seguidamente transmitidas frases de quatro a cinco palavras. Finalmente, ao
cabo de dois anos, conseguiam comunicar-se, a distância, a qualquer hora do dia
indiferentemente, começando apenas por bater palmas.
497. Nessas
experiências, como se vê, a perseverança é o elemento essencial de todo o
êxito. É preciso, antes de tudo, aprender a fixar os pensamentos. Estes são por
natureza instáveis, flutuantes; variam muito amiúde de um a outro objeto.
Saibamos mantê-los sob a ação da vontade e impor-lhes um determinado objetivo.
É dos mais salutares esse exercício, no sentido de habituar-nos a praticar a
disciplina mental.
498. Uma vez
fixado o pensamento e estabelecida a corrente vibratória, torna-se possível a
comunicação. Chegamos a corresponder-nos telepaticamente, não só com os nossos
amigos terrestres, mas também com os do Espaço, porque a lei das
correspondências é a mesma nos dois casos. Não é mais difícil conversarmos
mentalmente com os seres amados cujo invólucro a morte destruiu, que com aqueles
que, permanecendo na Terra, foram afastados para longe de nós pelas exigências
da vida. O poder da evocação que vai atingir o ser espiritual, através da
imensidade, numa região desconhecida do evocador, é a mais evidente
demonstração da energia do pensamento.
499. Às
vezes, durante o sono ou na vigília, a alma se exterioriza, se objetiva em sua
forma fluídica e aparece, a distância. Daí o fenômeno dos fantasmas dos vivos.
Um dos mais notáveis casos é o de Emília Sagée, professora em Volmar, cujo
desdobramento pôde ser inúmeras vezes observado pelas quarenta e duas pessoas
residentes no internato.
501. Uma
jovem criada alemã, de Boston (Massachusetts), acometida de febre acompanhada
de delírio, se transportava, em sonho, à casa de sua família, na Europa. Aí,
durante quinze noites consecutivas, todos os seus parentes a ouviram bater à porta
da casa paterna e viram entrar o seu fantasma. Todos a acreditaram morta; ela,
porém, se restabeleceu.
502. O
“Times”, em sua edição hebdomadária(2) de 1º de janeiro de 1908,
consagra um longo artigo a um fato de desdobramento, que teria ocorrido na paróquia
de East Rudham. O reverendo Dr. Astley, que aí exercia suas funções, em seguida
a um acidente de estrada de ferro, na linha de Biskra, foi conduzido para o
hospital dos ingleses, em
Alger. Enquanto nele se achava em tratamento, seu fantasma
foi repetidas vezes percebido e distintamente reconhecido por três pessoas,
particularmente pelo reverendo Brock, vigário encarregado de substituir o Dr.
Astley, na paróquia de East Rudham, durante o seu impedimento.
503. Os mais
numerosos testemunhos são fornecidos pela Sociedade de Investigações Psíquicas,
de Londres. Essa Sociedade, composta de homens eminentes, erigiu um verdadeiro
monumento científico com a publicação do livro “The Phantasms of the
Living” e a dos “Proceedings”, compilação de narrativas, que formam
vinte e dois volumes e abrangem um período de vinte anos de estudos. Essas
obras relatam milhares de casos de aparições, observados com todo o rigor que
os sábios aplicam ao estudo dos fenômenos e assinalam as circunstâncias e as
provas que dão a cada fato o seu cunho de autenticidade e o apoio de
testemunhos severamente esmerilhados.
504. Esses
fatos estabelecem de modo incontestável as relações que existem entre a
aparição do duplo e a pessoa viva que ele representa. Não seria lícito atribuir
a todos esses fenômenos um caráter subjetivo. Em certos casos, como vimos, só o
cérebro do percipiente é impressionado pelas vibrações de um pensamento
longínquo, as vibrações que se transmitem ao foco visual e aí fazem surgir a
imagem do manifestante. Aqui, porém, na maior parte dos casos, os fenômenos
observados não se prestam de modo algum a essa interpretação. Sua objetividade
fica demonstrada no fato de serem vistos os fantasmas por muitas pessoas ao
mesmo tempo, ou ainda sucessivamente, quando, por exemplo, o fantasma se
transporta aos diversos pavimentos de uma casa.
(1) Dispepsia: dificuldade de digerir.
(2) Hebdomadária: semanal.
(2) Hebdomadária: semanal.
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