Súplica
de Natal
Cármen Cinira
Senhor, tu que deixaste a rutilante
esfera
Em que reina a beleza e em que
fulgura a glória,
Acolhendo-te, humilde, à palha
merencória
Do mundo estranho e hostil em que a
sombra ainda impera!
Tu que por santo amor deixaste a
primavera
Da luz que te consagra o poder e a
vitória,
Enlaçando na Terra o inverno, a lama
e a escória
Dos que gemem na dor implacável e
austera...
Sustenta-me na volta à escura
estrebaria
Da carne que me espera em noite rude
e fria,
Para ensinar-me agora a senda do amor
puro!
E que eu possa em teu nome abraçar,
renovada,
A redentora cruz de minha nova
estrada,
Alcançando contigo a ascensão do
futuro.
Cármen
Cinira, nome literário de Cinira do Carmo Bordini Cardoso, nasceu no Rio de
Janeiro em 1902, e faleceu em 30 de agosto de 1933. O poema acima integra o
livro Antologia Mediúnica do Natal,
obra psicografada pelo médium Chico Xavier.
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