JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Boa noite, leitora amiga.
Hoje eu comecei dirigindo-me à leitora, mas
o leitor amigo, que está aqui do meu lado, entenderá que o bate-papo é com ele,
assim como a leitora inteligente que me lê perceberá que é a ela que me refiro.
Dito isso, vamos ao que nos interessa.
Ainda ressoam em nossos ouvidos os suaves
dobres natalinos.
Deixada de lado a controvérsia de
historiadores sobre se Jesus Cristo nasceu de três a cinco anos antes do ano primeiro
e também se foi ou não num dia 25 de dezembro, o que importa é que ele nasceu,
viveu entre nós e morreu como qualquer um de nós tem de morrer, embora o como faça a diferença. Uns morrem
placidamente deitados em sua cama, em idade avançada, como Chico Xavier, que
desencarnou aos 92 anos de idade; outros não chegam nem mesmo a dar um suspiro
e já retornam à pátria espiritual tão logo saiam do ventre materno. Outros,
ainda, como o profeta nazareno, são brutal e covardemente assassinados em plena
juventude, com pouco mais ou menos três décadas de vida, pois, como sabemos,
Jesus foi crucificado aos 33 anos de idade. A diferença é que, cumprindo sua
promessa, três dias depois, o Cristo estava novamente entre seus discípulos e,
dias após, apareceu e falou, do alto do monte, aos 500 da Galileia, antes de
subir definitivamente ao Reino de Deus.
Não sem antes prometer que ficaria conosco
até o fim dos tempos.
Embora não reste nada escrito por Ele, pois
a única vez que escreveu algo o fez na areia, após lhe perguntarem se deveriam
ou não apedrejar a adúltera, os três anos de seu trabalho diuturno nas terras
palestinas foram suficientes para separar as eras em antes dele (a.C.) e depois
dele (d.C.).
Agora, amiga leitora, não só você como eu
ficamos curiosos: o que teria escrito o Mestre na terra, quando lhe disseram
ter surpreendido a mulher em adultério e lhe indagaram se deveriam ou não a
apedrejar, como previa a lei de Moisés?
Inicialmente, escrevia na terra com a cabeça
inclinada e nada respondia. Porém os escribas e fariseus insistiram; e o
Mestre, erguendo-se, propôs-lhes que atirasse a primeira pedra aquele que
estivesse sem pecado. Nenhum deles se atreveu a tanto.
E, voltando a inclinar-se, Jesus ainda
anotou algo mais na terra, antes que, um por um, os acusadores da mulher se
retirassem cabisbaixos, desde o mais velho até o mais novo. (João, 8:3-9.)
Resolvi, então, perguntar a João, único
evangelista a relatar esse caso, o que teria escrito o Cristo. Eis o que ele me
respondeu:
— Da primeira vez que se abaixou, para que
seus interlocutores tivessem tempo de refletir, escreveu o seguinte: “Não faça
a outrem o que não deseja que lhe seja feito”.
— E
após ter dito para atirar a pedra quem estivesse sem pecado, estimado
evangelista, o que o Cristo escreveu? Perguntei ao apóstolo, que me respondeu
com uma síntese do que o Evangelho espera de cada um de nós:
— Quando quiser julgar seu irmão, volte seu
olhar para dentro de si mesmo, e consulte sua consciência se você, na situação
dele, não teria feito igual ou pior.
E nada mais perguntei. E nada mais me foi
dito.
Afastou-se João volitando em direção a todos
os demais evangelistas, apóstolos e Moisés, que o aguardavam no alto do monte
Sinai e dali todos eles estenderam suas bênçãos sobre nós...
Que em 2016, querida leitora, possamos
trabalhar em nosso íntimo o sentimento de piedade e tolerância para com o nosso
próximo, assim como as desejamos para nós mesmos.
Ps: “Machado” sugere-lhe que confira as
palavras acima de João no vol.4, cap. 8 da obra de J. B. Roustaing intitulada Os quatro evangelhos, publicada pela
Federação Espírita Brasileira.
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