JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Eu visitei um país, em Vênus, chamado
Libras. Nesse planeta, todos os animais raciocinam e falam o mesmo idioma, com
variações de caráter, logicamente. Os principais animais de Libras são os
primatas (sapiens e trogloditas), o
gato (mamífero felídeo, que combate os ratos), o rato (ladrão), o morcego
(mamífero quiróptero alado, provido de radar), a orca (cetáceo: mamífero
caçador de tubarões) e o tubarão (ganancioso).
Os sapiens
integram as forças de segurança e os trogloditas integram o proletariado...
Acontece que, em Libras, os ratos
proliferaram de tal forma que, de tanto insistir, acabaram por convencer o
restante da população de que, por direito, a gestão do país deveria ser deles e
dos seus amigos tubarões. Como ali imperava a democracia, os demais animais
cederam à insistência ratuína, principalmente, após quatro tentativas de
assumir o governo, sendo que, na quarta, alcançaram seu intento.
Mas o que os ratos queriam mesmo era
implantar o comunismo em Libras, ainda que essa ideologia estivesse praticamente
extinta nos demais países de Vênus. Então, puseram mãos à obra, ou melhor,
patas à obra. Disseram que o gestor-mor, Alul, detestava ler e dizia, aos
quatro costados, que alcançara o cargo de mandatário da nação sem ter lido, por
inteiro, um único livro...
Desse modo, não seria a educação a
necessidade primordial da população, e, sim, a bolsa-família. Os proletariados
adoraram a ideia, pois não mais precisariam estudar e muito menos trabalhar. O
problema era que, com a maioria da população sem produzir, o Estado ameaçou
ruir, roído que já estava por imensa ratazana.
Nada, porém, que não fosse resolvido pelos
ratos do poder. Criaram a Petrorrato e indicaram para administrá-la os mais
sagazes ratos do país, chefiados por outros animais provenientes da classe
burguesa ambiciosa, os tubarões. Resultado, noventa por cento da renda da
empresa foi parar na Suíça (mera coincidência de nome) e em outros paraísos
fiscais de Vênus.
Quando acusavam os ratos de roubar bilhões,
eles se defendiam dizendo que seus antecessores roubaram milhões...
Também disseram que a saúde era um direito
de todos. Desse modo, criaram o SUSTO (sistema único de saúde dos trogloditas
ordinários), que, por contratar médicos cubanos, bolivianos, venezuelanos e de
outros países, cujos nomes se assemelham (pura coincidência) com os da Terra,
esqueceram de formar seus próprios médicos e levaram o sistema à falência. Isso
sem nos referirmos à sobrecarga de impostos sobre os medicamentos, cirurgias de
retirada de útero em trogloditas
machos, etc. etc. etc.
Para que os trogloditas não ficassem
sem-teto, atenderam o movimento dos sem-terra e construíram para os primeiros
diversos prédios em terreno alagadiço. Quando veio o primeiro temporal, as
habitações dos trogloditas ficaram submersas, e os sem-terra continuaram
invadindo as propriedades dos grandes produtores que, para expulsá-los, tinham
que recorrer à polícia, depois ao governo, que os mandava procurar o judiciário
e este os mandava aguardar alguns anos...
O que os ratos ignoravam é que os sapiens mandaram instalar gatos em suas “propriedades públicas”,
tais como a Petrorrato, o BNDrato, etc. Além disso, solicitaram aos morcegos
para, à noite, conectarem seus radares ao serviço de inteligência da
Aeronáutica; contrataram orcas marinhas
para caçar os tubarões e deixaram aos gatos
vigilantes a caça aos ratos. Um deles, chamado Régios Orom, tornou-se herói
nacional...
Quando o “exército” dos ratos foi convocado
pelo rato-mor para combater os sapiens,
gatos e aliados, verdadeiros
defensores dos trogloditas e dos demais animais não submissos ao corrupto
governo ratuíno, os defensores da pátria, com a ajuda do exército (sapiens), da aeronáutica (morcegos), do
judiciário (gatos) e da marinha
(orcas) já estavam sob o controle de toda a situação.
Daí, mandaram os ratos e todos os
desocupados para trabalhar no campo, sob a vigilância dos gatos, investiram na educação para todos, na segurança e na saúde
(inclusive para os ratos) e, sem dar um só tiro, criaram um novo país cujo lema
passou a ser: “saúde, educação, moradia, alimento, vestiário, lazer e segurança
para todos os animais educados e trabalhadores deste país”.
E todos os animais de Libras viveram felizes
para sempre, sob as cores verde, amarelo, azul e branco que reluzem no planeta
Vênus, o mais brilhante do sistema solar. O país retomou suas tradições cristãs
e aboliu, definitivamente, a desonestidade crônica, sua maior praga.
Arrumadas as sílabas de LIBRAS, descobriu-se
que elas possuíam as mesmas letras que também possui o maior país da América do
Sul.
Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com
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