Por que,
entre a infância e o final da adolescência, mudamos tanto?
Surpreso
com a mudança de temperamento que se verifica com alguns jovens no período
final da chamada adolescência, alguém nos pergunta se o Espiritismo tem alguma
explicação para isso.
Sim.
Trata-se de um assunto tratado com clareza na principal obra de Allan Kardec,
como podemos ver no texto que adiante reproduzimos:
– Que é o que motiva
a mudança que se opera no caráter do indivíduo em certa idade, especialmente ao
sair da adolescência? É que o Espírito se modifica? “É que o Espírito retoma a
natureza que lhe é própria e se mostra qual era.” (O Livro dos Espíritos, questão 385.)
Na
sequência da resposta, os instrutores espirituais disseram mais o seguinte:
“As crianças são os
seres que Deus manda a novas existências. Para que não lhe possam imputar
excessiva severidade, dá-lhes ele todos os aspectos da inocência. Ainda quando
se trata de uma criança de maus pendores, cobrem-se-lhe as más ações com a capa
da inconsciência. Essa inocência não constitui superioridade real com relação
ao que eram antes, não. É a imagem do que deveriam ser e, se não o são, o
consequente castigo exclusivamente sobre elas recai.
“Não foi, todavia,
por elas somente que Deus lhes deu esse aspecto de inocência; foi também e
sobretudo por seus pais, de cujo amor necessita a fraqueza que as caracteriza.
Ora, esse amor se enfraqueceria grandemente à vista de um caráter áspero e
intratável, ao passo que, julgando seus filhos bons e dóceis, os pais lhes
dedicam toda a afeição e os cercam dos mais minuciosos cuidados. Desde que,
porém, os filhos não mais precisam da proteção e assistência que lhes foram
dispensadas durante quinze ou vinte anos, surge-lhes o caráter real e
individual em toda a nudez. Conservam-se bons, se eram fundamentalmente bons;
mas sempre irisados de matizes que a primeira infância manteve ocultos.” (Obra e questão citadas.)
Concluindo
as explicações, os Espíritos acrescentaram:
“A infância ainda
tem outra utilidade. Os Espíritos só entram na vida corporal para se
aperfeiçoarem, para se melhorarem. A delicadeza da idade infantil os torna
brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devam fazê-los
progredir. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os
maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão
de dar contas. Assim, portanto, a infância é não só útil, necessária,
indispensável, mas também consequência natural das leis que Deus estabeleceu e
que regem o Universo.” (Obra e questão
citadas.)
Reportando-se
ao tema no seu livro O Consolador,
obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, Emmanuel
reafirmou o ensinamento acima e a ele acrescentou informações importantes que
vale a pena reproduzir para o leitor.
Escreveu
Emmanuel:
“O período infantil
é o mais sério e o mais propício à assimilação dos princípios educativos. Até
os sete anos, o Espírito ainda se encontra em fase de adaptação para a nova
existência que lhe compete no mundo. Nessa idade, ainda não existe uma
integração perfeita entre ele e a matéria orgânica. Suas recordações do plano
espiritual são, por isso, mais vivas, tornando-se mais suscetível de renovar o
caráter e a estabelecer novo caminho, na consolidação dos princípios de
responsabilidade, se encontrar nos pais legítimos representantes do colégio
familiar.
Eis por que o lar é
tão importante para a edificação do homem, e por que tão profunda é a missão da
mulher perante as leis divinas.
Passada a época
infantil, credora de toda vigilância e carinho por parte das energias
paternais, os processos de educação moral, que formam o caráter, tornam-se mais
difíceis com a integração do Espírito em seu mundo orgânico material, e,
atingida a maioridade, se a educação não se houver feito no lar, então, só o
processo violento das provas rudes, no mundo, pode renovar o pensamento e a
concepção das criaturas, porquanto a alma reencarnada terá retomado todo o seu
patrimônio nocivo do pretérito e reincidirá nas mesmas quedas, se lhe faltou a
Luz interior dos sagrados princípios educativos.” (O Consolador, questão 109.)
Resumindo:
o jovem, ao final da adolescência, é a mesma pessoa da anterior existência, com
outro nome e outra roupagem, mas o mesmo Espírito. Se experimentou alguma
melhora, ela se refletirá no seu comportamento. Se tal não ocorreu, estaremos
diante do mesmo indivíduo, com as virtudes e também os defeitos que ostentou no
passado.
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