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sábado, 8 de abril de 2017

Contos e crônicas


Deus é nosso pai... E de Jesus também...

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

— Meu caro Machado, gostei tanto da entrevista com Kardec que resolvi apelar-te para que tenhamos novo encontro com o Codificador do Espiritismo. Agora que te tornaste seu amigo, certamente ele não te negará novo encontro.
— Que desejas saber mais com ele, meu caro Joteli, que não esteja escrito nas Sagradas Escrituras, nas obras da Codificação, em Obras Póstumas e na Revista Espírita? Kardec, no momento, segue Victor Hugo, reencarnado no Brasil, para dar continuidade àquela que, em sua modéstia, considera a Doutrina dos Espíritos. É verdade, mas o mérito de sistematização, análise racional, materialização escrita de forma simples, clara e coerente, além da divulgação teórica e prática, muito lhe devem. Continua consultando essas obras. Nelas terás resposta a qualquer dúvida de teu espírito sequioso de saber.
— Tudo isso é verdade, Bruxo, mas já que o Codificador não pode comparecer, que tal me responderes a alguns questionamentos?
— Joteli, Joteli... não te faças de desentendido. Há mais de quarenta anos tens sido iniciado na Doutrina Espírita...
— E que são quarenta e poucos anos, ante a Ciência do Infinito? Nada...
— Deixa de falsa modéstia, Jo, e vamos logo às tuas dúvidas. Também estou aprendendo, do lado de cá, mas igualmente junto de ti, aprendo um pouco dessa Doutrina maravilhosa.
— Então, transmita ao nosso curioso leitor, amigo Bruxo, algo do que tens sabido no Mundo dos Espíritos, sobre a evolução humana, tu que tanto a negaste em tuas crônicas.
— É verdade, Joteli. Penitencio-me disso. Aqui, descobri, nos arquivos da Escola da Sabedoria, que o Mundo foi feito por Ele, o Cristo de Deus (João, 1:3 “Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.”).
— Então, Jesus é o próprio Deus encarnado?
— Tu sabes que não, Joteli. Suas próprias palavras, registradas pelos evangelistas, mostram-nos claramente que Ele é o Espírito encarregado por Deus para condução dos homens terrenos. Lê o que João registrou: “E agora, Pai, glorifica-me com a glória que eu tinha, junto de Ti, antes que a Terra existisse” (João, 17:5).
— Gostarias de explicar, também, ao amigo leitor, o significado do penúltimo versículo do profeta Malaquias, cujo significado é “anjo de Deus”?
— Que diz ali, Joteli?
— “Eis que vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor.” (Malaquias, 4:5)
— Muito simples, João Batista, o Elias reencarnado, exortaria todos os judeus a seguirem Jesus, que já estava na Terra que Ele criou. E não te esqueças: Deus é nosso Pai, tanto quanto o é de Jesus. Mas, Joteli, vou contar-te uma coisa: enquanto estive na carne, rebelei-me contra certos rituais e dogmas da Igreja Católica. Por isso não aceitei a extrema unção de padre em meu leito de desencarnação. Outro  ritual, o da procissão, foi muito criticado por mim. Deste lado da vida, aprendi com Allan Kardec muita coisa que eu desprezara, deliberadamente, quando estive na matéria. Hoje compreendo melhor o Espiritismo, ainda tão ignorado no meio católico conservador e pelos evangélicos em geral.
— Vamos por parte, Bruxo, que tens contra o dogma da divindade de Jesus? não foi dito acima que Ele é o  criador da Terra?
— Da Terra, sim, do Universo, não. Ainda assim, sua criação segue o modelo de Lavoisier, transformar, condensar a matéria disseminada no espaço em forma de energia. Criador mesmo é Deus, nosso Pai e de Jesus que, assim como todos nós, foi criado “simples e sem saber”, mas que evoluiu “em linha reta”, isto é, foi dócil ao Pai desde o princípio. Jesus, o Cristo, por já ser puro antes de qualquer ser terreno, é tratado, nas Escrituras Sagradas, como o “Filho Unigênito” do Pai Eterno, nosso Deus e seu Deus, nosso Pai e seu Pai (João, 20:17). Precisas de algo mais claro do que está aqui?
— E os demais dogmas que não aceitaste e só agora o dizes a mim, teu amigo e admirador incondicional?
— Por ora, não falemos neles, mas certamente saberás o porquê de minha repulsa à imposição de tais absurdos, apenas compreensíveis em eras remotas do passado obscuro da Terra. Adeus!
— Até mais ver, amigo Bruxo do Cosme Velho.







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Um comentário:

  1. Obrigado, amigo, por postar nossos devaneios literários com fulcro na gloriosa Doutrina Espírita. Grande abraço do seu servidor sempre grato.

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