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domingo, 9 de abril de 2017

Reflexões à luz do Espiritismo


Umbral e Inferno: termos diferentes para designar situações diferentes

Há no meio espírita quem entenda que seria válido abolir na literatura espírita a palavra Umbral e, em seu lugar, usar o termo Inferno.
Somente por total desconhecimento doutrinário é que alguém poderia fazer tal proposta.
O Umbral nada mais é que uma região espiritual de transição, a que André Luiz se refere no capítulo 12 do livro Nosso Lar, obra mediúnica psicografada por Francisco Cândido Xavier.
Debatem-se na zona umbralina Espíritos desesperados, infelizes, malfeitores e vagabundos de várias categorias. Segundo André Luiz, cada Espírito ali permanece o tempo que se faça necessário ao esgotamento dos resíduos mentais negativos, mas seus habitantes separam-se dos encarnados tão somente por leis vibratórias.
O Umbral faz parte do campo magnético da Terra, o qual, segundo alguns autores, estaria dividido em sete regiões ou esferas:
1ª. Umbral “grosso”.
2ª. Umbral médio.
3ª. Umbral superior, que é onde fica a colônia “Nosso Lar”.
4ª. Região da arte, da cultura e da ciência.
5ª. Região do amor fraterno universal.
6ª. Esfera em que se definem as diretrizes do planeta.
7ª. Abóbada estelar.
Quanto ao termo Inferno, designa ele, segundo a teologia católica, o lugar ou a situação pessoal em que se encontram os que morreram em estado de pecado, expressão simbólica de reprovação divina e privação definitiva da comunhão com Deus. Do Inferno, pois, diz a Igreja, ninguém escapa.
Existem entre o Inferno descrito pelos teólogos católicos e o Inferno pagão, descrito e dramatizado pelos poetas, numerosas analogias. Ambos têm o fogo material por base de tormentos, como símbolo dos sofrimentos mais atrozes. Mas os cristãos exageraram em muitos pontos o Inferno dos pagãos. Se estes tinham o tonel das Danaides, a roda de Íxion, o rochedo de Sísifo, eram estes suplícios individuais. Os cristãos, de forma diferente, têm para todos, sem distinção, as caldeiras ferventes cujos tampos os anjos levantam para ver as contorções dos supliciados, e Deus, sem piedade, ouve-lhes os gemidos por toda a eternidade. Allan Kardec se refere ao assunto no cap. IV, itens 3 a 5, da 1ª Parte do livro O Céu e o Inferno.
Se do Inferno proposto pelo Catolicismo ninguém jamais poderá sair, a passagem pela região a que André Luiz deu o nome de Umbral, seja rápida ou seja demorada, será sempre transitória.
Por que um Espírito, ao deixar o corpo material por força da desencarnação, se sujeita a enfrentar tais peripécias?
A resposta a essa pergunta é de fácil compreensão, como o leitor pode conferir consultando o que, a respeito do assunto, escreveu Cairbar Schutel no livro A Vida no Outro Mundo, publicado originalmente em 1932, antes, pois, do surgimento das obras de Emmanuel e André Luiz.
Segundo Cairbar, há no Outro Mundo diversos planos de existência, e não poderia ser de outro modo, porque os Espíritos, revestidos de seu corpo espiritual, não podem viver num meio que não esteja de acordo com sua vestimenta espiritual, que vibra sempre ao ritmo da elevação de cada um, em sabedoria e moralidade. Uma região isenta de oxigênio seria hostil a Espíritos ainda necessitados de oxigênio. Os círculos que envolvem a Terra se diferenciam pela fluidez da matéria que os compõe. (Confira: A Vida no Outro Mundo, 5ª. edição, pp. 82, 83, 85 e 107.)
Não existe, como se vê, semelhança nenhuma – salvo o remorso, a dor, o sofrimento – entre Inferno e Umbral. O primeiro, consoante ensina a teologia católica, é o destino final e definitivo da alma pecadora. O segundo nada mais é que uma região de transição, de readaptação, de preparo para voos mais altos rumo à perfeição, meta que Deus assinalou para todos os seus filhos, sem exclusão de nenhum.




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