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sábado, 30 de setembro de 2017

Contos e crônicas






A missão da FEB segundo Machado

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

— Amigo Machado, andam dizendo por aí que a Federação Espírita Brasileira (FEB) não representa o Espiritismo no Brasil. Que você acha disso?
— Cada um tem o direito de expressar sua opinião como queira, meu caro Joteli. Mas isso não significa ser o dono da verdade, cuja posse, por atribuição divina, cabe unicamente a Jesus Cristo. Aliás, quem apoia tal opinião, por vezes contraditória, quer um Espiritismo puramente filosófico e científico, contrariando o caráter religioso da Doutrina Espírita. Acrescento, ainda, que, sendo o Espiritismo uma crença baseada na razão e contrária à restrição da liberdade de consciência, não há qualquer instituição, no Brasil e no Mundo, que tenha autoridade para impor posicionamento radical sobre qualquer dos seus postulados. Não existe dogma no Espiritismo.
— Então, o programa febiano...
— É o do Cristo e de seus enviados, sejam eles encarnados ou desencarnados, desde que não contrariem Jesus e a Doutrina Espírita na forma revelada pelos espíritos a Allan Kardec.
— E a frase do espírito Emmanuel a Chico de que, se aquele estivesse em desacordo com Jesus e com Kardec, o grande médium mineiro deveria ficar com estes?
— Você conhece uma figura de linguagem chamada metonímia? Mais precisamente, a figura em que o nome do autor substitui a obra?
— Ah, sim, agora entendi. Emmanuel se referia à doutrina de Jesus e a dos espíritos seus enviados, ao citar Kardec...
— Isso mesmo, Joteli, embora espírito de alta elevação, como homem, Kardec não era infalível, qual o foi Jesus, e, por isso mesmo, com toda a humildade, afirmou, alto e bom som: A DOUTRINA É DOS ESPÍRITOS, COUBE A MIM APENAS SUA SISTEMATIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO METODOLÓGICA, além da hermenêutica pessoal.
— Desse modo, Bruxo amigo, só devemos crer nas respostas e comentários dos espíritos contidos nas obras básicas do Espiritismo, certo?
— Alto lá! Já dizia Paulo de Tarso, há dois mil anos: “Não extingais o Espírito; não desprezeis as profecias. Discerni tudo e ficai com o que é bom. Guardai-vos de toda espécie de mal.” (Bíblia de Jerusalém, I Tessalonicenses, 5:19-22); e seu discípulo Erasto, em O livro dos médiuns (LM), recomenda: “É preferível rejeitar dez verdades do que aceitar uma única mentira, uma só teoria errônea” (LM, cap. XX, it. 230).
— Ah, então, deduzo que a FEB foi criada “não para dogmatizar, mas apenas para se fazer o fulcro de propagação da mensagem de Allan Kardec, toda ela calcada nos postulados do Cristianismo”,[1] como afirmou, certa vez, Luciano dos Anjos, meu amigo Bruxo?
— Exatamente, estive lá, algumas vezes, no século XIX, e pude testemunhar esse propósito elevado da Casa-Mater do Espiritismo no Brasil, segundo revelação dos enviados de Jesus: Ismael, Emmanuel, Humberto de Campos etc.  
— Machado, meu bom amigo, por que a FEB não responde a seus difamadores?
— Deixo a palavra final com o nobre Luciano dos Anjos:

[...] ela não se envolve em questões políticas, em assuntos pessoais, em acontecimentos que possam degenerar em escândalo ou desmoralização. Às vezes mal compreendida pelos menos serenos e menos prudentes; não é o que lhe basta, porém, para se desviar da sua tradicional linha de conduta e de comportamento autenticamente cristãos. Por isso, pode haver os que, desavisados, acabem sendo motivo de vergonha e decepção; mas esses labéus não a atingem nunca, na posição altaneira de comedimento em que sistematicamente se coloca. (ANJOS, 1975. Op. cit, loc. cit).







[1] In: Crônicas de um e de outro — de Kennedy ao homem artificial. Rio de Janeiro: FEB, 1975, cap. 29).







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3 comentários:

  1. Obrigado, amigo! Vejo que você, ao contrário de algumas pessoas que ainda não aprenderam que o espírita, antes de mais nada, deve ser cristão.

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  2. Completando, "exercita a tolerância e respeita a diversidade de opiniões".

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