A missão da FEB segundo
Machado
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
— Amigo Machado, andam dizendo por aí
que a Federação Espírita Brasileira (FEB) não representa o Espiritismo no
Brasil. Que você acha disso?
— Cada um tem o direito de expressar
sua opinião como queira, meu caro Joteli. Mas isso não significa ser o dono da
verdade, cuja posse, por atribuição divina, cabe unicamente a Jesus Cristo.
Aliás, quem apoia tal opinião, por vezes contraditória, quer um Espiritismo
puramente filosófico e científico, contrariando o caráter religioso da Doutrina
Espírita. Acrescento, ainda, que, sendo o Espiritismo uma crença baseada na
razão e contrária à restrição da liberdade de consciência, não há qualquer
instituição, no Brasil e no Mundo, que tenha autoridade para impor
posicionamento radical sobre qualquer dos seus postulados. Não existe dogma no
Espiritismo.
— Então, o programa febiano...
— É o do Cristo e de seus enviados,
sejam eles encarnados ou desencarnados, desde que não contrariem Jesus e a
Doutrina Espírita na forma revelada pelos espíritos a Allan Kardec.
— E a frase do espírito Emmanuel a
Chico de que, se aquele estivesse em desacordo com Jesus e com Kardec, o grande
médium mineiro deveria ficar com estes?
— Você conhece uma figura de linguagem
chamada metonímia? Mais precisamente, a figura em que o nome do autor substitui
a obra?
— Ah, sim, agora entendi. Emmanuel se
referia à doutrina de Jesus e a dos espíritos seus enviados, ao citar Kardec...
— Isso mesmo, Joteli, embora espírito
de alta elevação, como homem, Kardec não era infalível, qual o foi Jesus, e,
por isso mesmo, com toda a humildade, afirmou, alto e bom som: A DOUTRINA É DOS ESPÍRITOS, COUBE A MIM APENAS SUA
SISTEMATIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO METODOLÓGICA, além da hermenêutica pessoal.
— Desse modo, Bruxo amigo, só devemos
crer nas respostas e comentários dos espíritos contidos nas obras básicas do
Espiritismo, certo?
— Alto lá! Já dizia Paulo de Tarso, há
dois mil anos: “Não extingais o Espírito; não desprezeis as profecias. Discerni
tudo e ficai com o que é bom. Guardai-vos de toda espécie de mal.” (Bíblia de Jerusalém, I Tessalonicenses, 5:19-22); e
seu discípulo Erasto, em O livro dos
médiuns (LM), recomenda: “É preferível rejeitar dez verdades do que aceitar
uma única mentira, uma só teoria errônea” (LM, cap. XX, it. 230).
— Ah, então, deduzo que a FEB foi
criada “não para dogmatizar, mas apenas para se fazer o fulcro de propagação da
mensagem de Allan Kardec, toda ela calcada nos postulados do Cristianismo”,[1]
como afirmou, certa vez, Luciano dos Anjos, meu amigo Bruxo?
— Exatamente, estive lá, algumas vezes,
no século XIX, e pude testemunhar esse propósito elevado da Casa-Mater do
Espiritismo no Brasil, segundo revelação dos enviados de Jesus: Ismael,
Emmanuel, Humberto de Campos etc.
— Machado, meu bom amigo, por que a FEB
não responde a seus difamadores?
— Deixo a palavra final com o nobre
Luciano dos Anjos:
[...] ela não se envolve em questões políticas, em assuntos
pessoais, em acontecimentos que possam degenerar em escândalo ou
desmoralização. Às vezes mal compreendida pelos menos serenos e menos
prudentes; não é o que lhe basta, porém, para se desviar da sua tradicional
linha de conduta e de comportamento autenticamente cristãos. Por isso, pode
haver os que, desavisados, acabem sendo motivo de vergonha e decepção; mas
esses labéus não a atingem nunca, na posição altaneira de comedimento em que
sistematicamente se coloca. (ANJOS, 1975. Op.
cit, loc. cit).
[1] In: Crônicas
de um e de outro — de Kennedy ao homem artificial. Rio de Janeiro: FEB,
1975, cap. 29).
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Obrigado, amigo! Vejo que você, ao contrário de algumas pessoas que ainda não aprenderam que o espírita, antes de mais nada, deve ser cristão.
ResponderExcluirComplementando: "exercita a tolerância fraterna".
ExcluirCompletando, "exercita a tolerância e respeita a diversidade de opiniões".
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