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quinta-feira, 1 de março de 2018




Programação reencarnatória

Este é o módulo 69 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. Podendo escolher uma prova mais suave, por que muitos Espíritos optam por provas penosas e difíceis?
2. O modo de apreciar a vida terrena se modifica com a nossa desencarnação?
3. Que leva um Espírito a escolher uma existência terrena mais árdua e difícil?
4. Há exemplos de opções semelhantes feitas pelos encarnados?
5. Alguma providência específica adotam os Espíritos antes de fazerem a escolha das provas?

Texto para leitura

O Espírito pode escolher uma prova muito rude
1. Sob a influência das ideias carnais, o homem, na Terra, só vê das provas o lado penoso. Eis a razão por que lhe parece natural sejam escolhidas as provas que, do seu ponto de vista, podem coexistir com os gozos materiais.
2. Na vida espiritual, porém, compara esses gozos fugazes e grosseiros com a inalterável felicidade que lhe é dado entrever, e desde logo nenhuma impressão mais lhe causam os passageiros sofrimentos terrenos.
3. Assim, pois, o Espírito pode escolher uma prova muito rude e, conseguintemente, uma angustiada existência, na esperança de alcançar depressa um estado melhor, como o doente escolhe muitas vezes o remédio mais desagradável para se curar de pronto.
4. Aquele que intenta ligar seu nome à descoberta de um país desconhecido não procura trilhar estrada florida. Conhece os perigos a que se arrisca, mas também sabe que o espera a glória, se lograr bom êxito.
5. A doutrina da liberdade que temos de escolher as nossas existências e as provas que devamos sofrer deixa de parecer singular, desde que se entenda que os Espíritos, uma vez desprendidos da matéria, apreciam as coisas de modo diverso da nossa maneira de apreciá-las. Divisam a meta, que bem diferente é para eles dos gozos fugidios do mundo.

A existência terrena é uma espécie de cópia da vida espiritual
6. Após cada existência, veem o passo que deram e compreendem o que ainda lhes falta em pureza para atingirem a meta. Daí o se submeterem voluntariamente a todas as vicissitudes da vida corpórea, solicitando as que possam fazer que a alcancem mais rapidamente.
7. Não há, pois, motivo de espanto no fato de o Espírito não preferir uma existência mais suave. Não lhe é possível, no estado de imperfeição em que se encontra, gozar de uma vida isenta de amarguras. Ele sabe disso e, precisamente para chegar a fruí-la, é que trata de se melhorar.
8. Não vemos, aliás, todos os dias exemplos de escolhas tais? Que faz o homem que passa uma parte de sua vida a trabalhar sem trégua nem descanso, para reunir haveres que lhe assegurem o bem-estar na velhice? O militar que se oferece para uma perigosa missão, o navegante que afronta não menores perigos, por amor da ciência ou no seu próprio interesse, que é que fazem, senão sujeitar-se a provas voluntárias de que lhes advirão honras e proveito, se nelas não sucumbirem?
9. A que sacrifícios não se submete ou se expõe o homem movido por interesses diversos? E os concursos? Não são eles também provas voluntárias a que as pessoas se sujeitam com vistas a avançarem na carreira abraçada? Ninguém galga qualquer posição nas ciências, nas artes, na indústria, senão passando pela série de posições inferiores, que constituem igualmente outras tantas provas.
10. A existência terrena é, pois, uma espécie de cópia da vida espiritual. Nela se nos deparam em ponto pequeno todas as peripécias da outra. Ora, se na existência terrena muitas vezes escolhemos duras provas, visando a uma posição mais elevada, por que não haveria o Espírito – que enxerga muito mais longe – de escolher uma existência árdua e laboriosa, desde que isso o conduza à felicidade eterna?

O encarnado é qual viajante no sopé da montanha
11. Os que dizem preferir terem nascido príncipes ou milionários assemelham-se aos míopes, que apenas veem aquilo em que tocam. São como o viajante que atravessa profundo vale ensombrado por espesso nevoeiro. Ele não logra apanhar com a vista a extensão da estrada por onde vai, nem os seus pontos extremos. Chegando, porém, ao cume da montanha, abrange com o olhar quanto percorreu do caminho e quanto ainda lhe resta percorrer. Divisa-lhe o termo, vê os obstáculos que deve transpor e combina então os meios mais seguros de atingi-lo. 
12. O Espírito encarnado é qual viajante no sopé da montanha. Desenleado dos liames corpóreos, sua visão a tudo domina, como a daquele que subiu ao topo do monte. Para o viajor, no termo da sua jornada está o repouso após a fadiga; para o Espírito, está a felicidade suprema, após as tribulações e as provas.
13. Dizem os Espíritos que, na erraticidade, eles se aplicam a pesquisar, estudar, observar, para fazerem sua escolha. Não se oferece, na vida corpórea, um exemplo desse fato? Não levamos, frequentemente, anos a procurar a carreira pela qual afinal nos decidimos, certos de ser a mais apropriada a nos facilitar o caminho da vida? 
14. Se numa o nosso intento se malogra, recorremos a outra. Cada uma das que abraçamos representa uma fase, um período da vida. Não nos ocupamos cada dia em cogitar do que faremos no dia seguinte?
15. Ora, que são para o Espírito as diversas existências corporais, senão fases, períodos, dias da sua vida de Espírito? E fases – entendamos bem – transitórias, passageiras, porquanto a vida espiritual é que é a vida normal, porque, afinal de contas, somos Espíritos e não um amontoado de ossos e músculos.

Respostas às questões propostas

1. Podendo escolher uma prova mais suave, por que muitos Espíritos optam por provas penosas e difíceis?
Sob a influência das ideias carnais, o homem só vê das provas o lado penoso. Eis a razão por que lhe parece natural sejam escolhidas as provas que, do seu ponto de vista, podem coexistir com os gozos materiais. Na vida espiritual, porém, ele compara esses gozos fugazes e grosseiros com a inalterável felicidade que lhe é dado entrever, e desde logo nenhuma impressão mais lhe causam os passageiros sofrimentos terrenos. Pode, pois, escolher prova muito rude e, conseguintemente, uma angustiada existência, na esperança de alcançar depressa um estado melhor, como o doente escolhe muitas vezes o remédio mais desagradável para se curar de pronto.
2. O modo de apreciar a vida terrena se modifica com a nossa desencarnação?
Sim. Os Espíritos, uma vez desprendidos da matéria, apreciam as coisas de modo diverso da nossa maneira de apreciá-las, visto que divisam a meta a alcançar, que bem diferente é para eles dos gozos transitórios do mundo.
3. Que leva um Espírito a escolher uma existência terrena mais árdua e difícil?
Como não lhe é possível, no estado de imperfeição em que se encontra, fruir uma vida isenta de amarguras, ele trata de se melhorar, com o propósito de poder um dia desfrutar uma condição mais suave. Eis por que aceita, então, as provas que lhe permitam alcançar tal objetivo.
4. Há exemplos de opções semelhantes feitas pelos encarnados?
Sim. O homem que passa uma parte de sua vida a trabalhar sem trégua nem descanso, para reunir haveres que lhe assegurem o bem-estar na velhice; o militar que se oferece para uma perigosa missão; o navegante que afronta não menores perigos, por amor da ciência ou no seu próprio interesse – eis exemplos de pessoas que se submetem a sacrifícios para poderem progredir na estrada da vida. 
5. Alguma providência específica adotam os Espíritos antes de fazerem a escolha das provas?
Sim. Dizem os Espíritos que, na erraticidade, eles se aplicam a pesquisar, estudar, observar, para fazerem a escolha das provas que devam suportar na existência corpórea. Eis o que modernamente é chamado de programação reencarnatória.

Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, itens 258, 259 e 266.   
Os Mensageiros, de André Luiz, obra psicografada por Chico Xavier, pp. 41 a 71.


Nota:
Eis os links que remetem aos 3 últimos textos:





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