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terça-feira, 7 de agosto de 2018




A chegada dos pássaros

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Às cinco da tarde, era o horário em que os pássaros chegavam. Parecia mesmo que seguiam o relógio britânico. E vinham tantas cores, tamanhos, tipos. Os pássaros gostavam das sementes que eu colocava para eles; com o tempo, conheci o gosto deles.
Eu, sentada, em minha cadeira de leitura na varanda, amava observá-los. Havia os mais extrovertidos e confiantes que vinham bem perto como se fossem um pouco meus e eu, deles. E os pássaros comiam quase todas as sementes; as que sobravam talvez não coubessem em suas barriguinhas e ficavam esquecidas ali até que serviriam para outras barriguinhas vazias mais tarde.
E como em toda sociedade, havia carinho, impaciência, gula, cuidado, rebeldia, calma, bondade, cada um com o seu comportamento. Os mais tranquilos comiam menos; os impacientes, mais. E ficavam pelo menos uns dez minutos e começavam a partir. Acredito que tinham seus ninhos mais permanentes; todos desejam um lugar para ser chamado de lar. E, normalmente, ficavam por último os dois mesmos pássaros e depois voavam. Tantas vezes quis compreender isso, ainda continuo a observá-los.
O momento com “meus pássaros” é tão leve, aguardado, reconfortante. Na verdade, essa simplicidade é o que nutre o coração desejoso do que é real. Não conheci ainda pessoas que se curaram só com a materialidade, mas já perdi a conta de ver pessoas curadas com o que só é visto pelo coração.

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